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5 Razões Pelas Quais Putin Já Perdeu a Guerra na Ucrânia

O presidente russo Vladimir Putin começou sua invasão da Ucrânia baseado em várias desculpas. Ele reclamou da expansão da OTAN e da União Europeia na Europa Oriental. Queixou-se de que a Ucrânia, que, segundo ele, estava dentro da esfera de influência da Rússia, estava se voltando para o Oeste. Ele também surgiu algumas desculpas obviamente falsas, como a Ucrânia sendo dirigida por nazistas e que eles estavam fazendo limpeza étnica dos russos na região de Donbas.

Com base em todas as desculpas acima, Putin invadiu a Ucrânia no dia 24 de fevereiro com o objetivo de desmilitarização e “desnazificação” da Ucrânia. Após apenas 10 dias de guerra, é possível dizer que a Rússia já perdeu. Aqui estão 5 razões pelas quais Putin não será capaz de “vencer” a guerra, alcançar qualquer um de seus objetivos na Ucrânia e deixará a Rússia pior do que estava antes.

Geopolítica na Ucrânia
Fonte: Pixabay

  1. A Rússia não conseguirá ocupar a Ucrânia

Com algumas exceções regionais, a Rússia não conseguirá ocupar nenhuma das grandes cidades da Ucrânia. Como já vimos, tanto a resistência ucraniana quanto a incompetência militar russa têm sido incríveis.

Os ucranianos são cidadãos orgulhosos que, em grande maioria, não querem ser governados por atores externos, incluindo a Rússia. Eles já tiveram duas revoluções desde o fim da Guerra Fria: A Revolução Laranja em 2004 e a Revolução da Dignidade em 2014. Desde então, eles têm lutado contra uma insurgência apoiada pelos russos no Leste e aprenderam a viver e prosperar em um conflito. Isso pode ajudar a explicar o grande número de voluntários prontos para pegar em armas e formar uma resistência contra a Rússia.

Do outro lado, os militares russos parecem um “tigre de papel” com falta de combustível, comida e moral. Inacreditavelmente, eles não foram capazes de estabelecer superioridade aérea na Ucrânia após 10 dias de guerra. Até agora, mais de 40 caças e 40 helicópteros Russos foram abatidos. Ainda assim, a Rússia obviamente tem muito poder militar para usar na Ucrânia se eles decidirem.

No entanto, com mais de 100.000 soldados russos já na Ucrânia, seus ganhos militares até agora não foram impressionantes.

  1. A Rússia não será capaz de desmilitarizar a Ucrânia

Na verdade, parece que o oposto está acontecendo. Com dezenas de países de todo o mundo enviando armas, incluindo caças e drones armados, além de combatentes estrangeiros para apoiar a Ucrânia, a Ucrânia se encontra mais militarizada agora do que antes da guerra.

  1. A Rússia não será capaz de enfraquecer a OTAN

Parece que novamente o oposto está acontecendo. A OTAN está mais forte e unida do que nunca, graças às ameaças russas e à invasão ucraniana. Todos os seus 30 membros se comprometeram novamente com o “artigo 5º” de defesa mútua, onde “um ataque contra um aliado é considerado como um ataque contra todos os aliados.”

Além disso, a OTAN está atualmente fazendo exatamente o que Putin mais temia: enviando ainda mais tropas e armas para o seu flanco oriental que faz fronteira com a Rússia. Os países da OTAN também estão aumentando seus orçamentos de defesa após décadas de cortes. A Alemanha, por exemplo, acaba de anunciar que está quase dobrando seu orçamento de defesa.

Finalmente, existe agora uma possibilidade real de que países neutros como a Suécia e a Finlândia decidam aderir à OTAN depois de testemunharem o que aconteceu com a Ucrânia (que não é um membro da própria OTAN). Uma pesquisa recente na Finlândia mostrou que 53% dos seus cidadãos eram a favor da adesão à OTAN, uma alta histórica que nunca foi vista antes.

Em geral, Putin foi capaz de tornar a OTAN mais forte do que nunca, não mais fraca.

  1. A Rússia não será capaz de dividir a União Europeia

Durante anos, a Rússia tem tentado dividir a União Europeia. Afinal, Putin não iria querer uma União Europeia forte e confiante como vizinha.

Putin pensou que sua invasão da Ucrânia faria a UE se dividir sobre as sanções que imporia na Rússia, com alguns membros da UE bloqueando-os. No entanto, o que aconteceu não foi o que o Sr. Putin esperava. Numa demonstração de unidade e eficiência sem precedentes, a UE aprovou rapidamente um vasto e abrangente número de sanções contra a Rússia. Ao mesmo tempo, todos os seus membros se expressaram publicamente contra a invasão russa da Ucrânia.

Para piorar as coisas para Putin, a Ucrânia e outras duas ex-republicas soviéticas, Moldávia e Geórgia, acabaram de se candidatar a membros da UE. A Rússia está literalmente empurrando os países para o que considera ser um dos seus principais inimigos, a UE e a OTAN.

  1. A Rússia está tendo sua economia destruída com sanções internacionais

As sanções impostas à Rússia pela União Europeia, Estados Unidos, Canadá, Japão e muitos outros países estão devastando a economia russa. O mercado de ações da Rússia está fechado há vários dias com o medo de uma venda maciça. A moeda russa, o rublo, já desvalorizou mais de 40% desde o início da invasão.

Além disso, dezenas de grands empresas multinacionais como Zara, Samsung, Ikea, BP, Shell, Apple e Paypal estão abandonando a Rússia ou parando suas atividades no país. As principais companhias aéreas globais pararam de enviar voos para a Rússia e suas companhias aéreas nacionais, como a Aeroflot, foram proibidas de voar na maior parte da Europa e nos EUA.

Visa, Mastercard e American Express deixaram de funcionar na Rússia e seus 5 principais bancos nacionais estão sob sanções. Finalmente, a cereja no topo são as sanções internacionais dirigidas diretamente aos oligarcas russos que fazem parte do círculo íntimo de Putin. Vários dos seus iates e casas multimilionárias já foram confiscados pelas autoridades em todo o mundo. Em outras palavras, um colapso econômico está chegando para a Rússia.

É impossível a Rússia ganhar a guerra na Ucrânia?

Há apenas dois cenários em que a Rússia “ganharia” esta guerra com a Ucrânia. A primeira é se eles usam uma estratégia de “terra arrasada”, do mesmo jeito que eles usaram na Guerra da Chechênia e obliterarem completamente as cidades ucranianas com artilharia, bombardeios aéreos e mísseis de cruzeiro. A segunda é se eles usam armas nucleares táticas para acabar com a Ucrânia como um todo.

No entanto, em ambos os cenários, Putin ainda vai perder, uma vez que seu plano inicial para manter a Ucrânia em sua órbita falhará completamente. Sem mencionar que ele teria que matar milhões de irmãos e irmãs de etnia russa para chegar lá. Isso levaria a uma enorme condenação interna e externa que pode acabar custando sua liderança ou até mesmo sua vida.

Então, qual é o cenário mais provável para o fim da guerra na Ucrânia?

Devido ao caos econômico que está sendo imposto à Rússia, um dos mais prováveis (e mais positivos) resultados são um golpe de estado ou assassinato de Putin por um grupo de oligarcas ou oficiais que estariam fartos com tanto dinheiro que estão perdendo com a vingança de Putin contra o Ocidente ou pelo embaraçoso e caro fracasso militar pelo erro de cálculo de Putin.

É difícil imaginar Putin negociando um fim para a guerra sem qualquer tipo de sucesso mensurável para ele. Ao mesmo tempo, também é difícil imaginar os ucranianos desistindo de seu país para um ditador mesquinho. Para piorar as coisas, Putin tem quase 70 anos (a expectativa de vida na Rússia é de 72), e os últimos 2 anos de isolamento por causa Covid não o fizeram bem. Por causa disso, alguns analistas de inteligência no Ocidente pararam de considerá-lo um “ator racional.”

Infelizmente, isso nos leva ao pior resultado para a guerra na Ucrânia que já foi mencionado acima. Se Putin se vê encurralado sob consideráveis perdas militares e econômicas, como um gesto final de grandeza e vingança, ele pode fazer uso de uma quantidade colossal de artilharia e bombardeio aéreo para pulverizar as cidades ucranianas. Ou, na pior das hipóteses, usar as armas nucleares táticas como uma “solução final.”

Neste momento, podemos apenas esperar que atores mais “racionais” na Rússia vejam que essa terrível consequência é considerada como uma possibilidade por um louco que está no poder e nos presenteiem com o cenário mais positivo: um mundo sem Vladimir Putin.

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