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Iniciativa B5+1: A estratégia dos Estados Unidos para aumentar sua presença na Ásia Central, Desafiando a Influência Russa

  • O lançamento da Iniciativa B5+1 representa um marco importante na busca dos Estados Unidos por uma maior influência na Ásia Central;
  • A B5+1 marca uma mudança na dinâmica de poder na região, com o aumento da concorrência entre os interesses russos, chineses e americanos;
  • O verdadeiro impacto da Iniciativa B5+1 será medido pela melhoria da qualidade de vida dos habitantes da Ásia Central e pelo fortalecimento de suas economias locais.

A crescente influência dos Estados Unidos na Ásia Central está gerando uma reviravolta geopolítica, desafiando décadas de domínio russo na região. 

Então, é importante acompanhar essa nova tática dos Estados Unidos, pois estão influenciando não só a economia dos países centro-asiáticos, além de mudar as parcerias e rivalidades entre a Europa e a China.

O que é a Iniciativa B5+1 inaugurada na Ásia Central?

A Iniciativa B5+1, também conhecida como “Fórum B5+1” é um encontro com foco em economia onde representantes de diversos países da Ásia Central se reúnem para discutir como podem colaborar para impulsionar o desenvolvimento de suas comunidades. Mas o que isso realmente significa?

O “B” refere-se a “business” (“negócios” em inglês), e o “5+1” representa a participação de cinco países da Ásia Central, mais um país: os Estados Unidos. Em essência, se trata de uma reunião entre empresas e governos desses países para explorar maneiras de trabalhar juntos e fortalecer a integração de suas economias.

O primeiro Fórum B5+1 foi realizado na capital econômica do Cazaquistão, em Almaty, e contou com a presença de formuladores de políticas da Ásia Central, das Américas e de outras regiões, além de líderes empresariais de destaque que atuam na área.

No Fórum, os participantes discutiram uma variedade de tópicos, incluindo transporte, comércio online, turismo, energia limpa (como solar e eólica) e agricultura. Esses setores são cruciais para o crescimento econômico sustentável da região.

Sendo assim, o Fórum B5+1 representa uma oportunidade alternativa para os países da Ásia Central se unirem e colaborarem para promover o desenvolvimento econômico e criar um futuro próspero para seus cidadãos.

Como a Iniciativa B5+1 desafia a hegemonia econômica russa na Ásia Central?

A Ásia Central, que está no centro do continente Asiático, é uma região estratégica feita por países historicamente vinculados à Rússia. 

Antes do fim da União Soviética em 1991, todos os países centro-asiáticos faziam parte desse bloco, mas, desde então, conquistaram independência, embora ainda reflitam fortemente a influência soviética em sua história e cultura.

O interesse dos Estados Unidos na região é variado. Além de seus abundantes recursos naturais, como petróleo, gás natural e minerais, esses países ocupam uma posição geográfica importante entre a Europa e a China, duas potências comerciais globais. Como resultado, a competição por influência na região se tornou mais intensa.

O distanciamento de alguns países centro-asiáticos de Moscou, especialmente devido à guerra na Ucrânia, criou oportunidades para outros atores internacionais que têm interesses na região. 

Portanto, a participação dos Estados Unidos na Iniciativa B5+1 adiciona uma nova camada de desafio à tradicional hegemonia econômica russa na região, marcando uma mudança inédita na dinâmica geopolítica da Ásia Central.

Para alguns países da Ásia Central como o Cazaquistão e o Uzbequistão que temem serem os próximos alvos de uma nova Rússia imperialista depois da invasão da Ucrânia, fomentar parcerias econômicas com os EUA é uma forma de assegurar um futuro com menor dependência e potencialmente ameaça militar da Rússia.

Não surpresa, esses mesmos países da Ásia Central vêm aumentando suas parcerias econômicas e políticas com a China e a Europa pelo mesmo motivo acima.

Do lado dos EUA, ao colaborar estreitamente com os países da Ásia Central, os Estados Unidos buscam fortalecer sua presença na região, propondo parcerias em setores como transporte, comércio online, turismo, energia limpa e agricultura. E de quebra, também competem com a China, o maior rival estratégico dos EUA, por influência na região. Ou seja, com o B5+1, os EUA estão tentando “matar 2 coelhos com uma cajadada só”.

Os setores mencionados acima, mais o setor de óleo e gás, tradicional responsável pela riqueza na região, são fundamentais para o desenvolvimento econômico e social local, fazendo com que a cooperação seja benéfica para ambas as partes.

No entanto, a crescente presença dos Estados Unidos como um parceiro econômico alternativo pode fazer com que a Rússia tente intensificar seus esforços para manter sua influência na região uma vez que vários de seus países fazem parte da aliança de defesa liderada por Moscou CSTOCollective Security Treaty Organization” e do bloco econômico também liderado pela Rússia União Econômica da Eurasia.

Para ser ter uma ideia, isso seria o equivalente à China aumentar sua cooperação econômica e politica com países da OTAN e União Europeia. O que na verdade, ocorre frequentemente. Ou seja, mesmo essa investida Americana parecer uma afronta aos interesses Russos, esse tipo de cooperação internacional com países de diferentes esferas de influência ocorre na maneira corriqueira.

Ainda assim, a ascensão de Washington na região pode indicar uma mudança duradoura na geopolítica, potencialmente reconfigurando as dinâmicas de poder e influência na Ásia Central.

Quais são as 5 indústrias-chave na mira dos Estados Unidos na Iniciativa B5+1 e o papel do setor privado? 

Na Iniciativa B5+1, os Estados Unidos têm como alvo as cinco indústrias-chave que são consideradas fundamentais para o desenvolvimento econômico dos países centro-asiáticos. 

Em destaque, essas indústrias são:

1. Transporte e Logística: Esta indústria foca em melhorar a infraestrutura de transporte na região, como estradas, ferrovias, portos e aeroportos. Os investimentos feitos neste setor objetivam facilitar o comércio regional e internacional, reduzindo os custos de transporte e melhorando a conectividade entre os países da Ásia Central e o resto do mundo, como no projeto Belt and Road.

2. Comércio Eletrônico: Com a tecnologia integrada ao dia a dia, comprar e vender pela internet se tornou normal. Um exemplo disso é o comércio eletrônico na Ásia Central, que quer vender produtos online não só localmente, mas também para outros lugares do mundo. Isso significa criar sites de compra e venda, novas formas de pagar pela internet e toda a estrutura digital necessária para fazer o comércio online crescer.

3. Turismo: O turismo é de grande importância na Ásia Central, gerando dinheiro e empregos. Os Estados Unidos querem ajudar a região a crescer nessa área, mostrando suas belezas naturais, cultura e opções de viagem únicas. Isso pode significar investir em estradas, promover lugares interessantes e melhorar os serviços para turistas.

4. Energia Verde e Renovável: Para ajudar o meio ambiente, os Estados Unidos estão investindo em energias renováveis na Ásia Central. Isso envolve criar mais energia solar, eólica, hidrelétrica e outras formas limpas de energia, diminuindo o uso de combustíveis fósseis e promovendo um crescimento mais sustentável.

5. Agronegócio: A agricultura é crucial para a economia da Ásia Central, e os Estados Unidos querem ajudar a melhorá-la. Eles estão pensando em investir em tecnologia agrícola, sistemas de irrigação melhores e em ensinar práticas sustentáveis aos agricultores para produzir mais alimentos tendo em vista alcançar a segurança alimentar.

Antes do fórum em Almaty, o principal organizador, o CIPE envolveu centenas de especialistas regionais, empreendedores e representantes empresariais no planejamento. 

Durante o primeiro dia do fórum, muitas sugestões do setor privado foram apresentadas, destacando a necessidade de cooperação entre os governos locais para criar regras simples para o comércio entre os países e facilitar os procedimentos de alfândega. 

Muktar Djumaliev, ex-embaixador do Quirguistão nos Estados Unidos e liderou o grupo de trabalho de transporte, destacou o quanto é importante ter um padrão regional pare resolver problemas comerciais e fazer os procedimentos de alfândega online. Ele também ressaltou que o Turcomenistão (também conhecido como Coreia do Norte da Ásia Central) deveria parar de exigir visto para pessoas de outros países da Ásia Central.

No entanto, ainda não está claro até que ponto os governos regionais estão dispostos a adotar as propostas de reforma do setor privado. Os representantes governamentais no fórum tendiam a destacar princípios gerais sobre conectividade, mas ofereciam poucos detalhes sobre o início de um diálogo público-privado. 

Surpreendentemente, o ministro da economia do Turcomenistão, Serdar Jorayev, abordou os esforços do governo para facilitar parcerias público-privadas, em contraste com a reputação autoritária do país.

Porque o novo Fórum B5+1 é importante geopoliticamente?

O novo Fórum B5+1 é importante para a geopolítica pois afeta as relações político-econômicas da região, ou seja, na balança de poder internacional criando novas alianças e rivalidades.

Ao diversificar suas parcerias na Ásia Central, os Estados Unidos estão buscando reduzir a sua dependência de outras potências. Com a Rússia envolvida na Ucrânia e o resfriamento da economia da China, Washington está buscando alternativas para reforçar sua influência regional. 

Em relação às possíveis consequências das relações da Ásia Central com a Rússia e a China, há vários aspectos a considerar. Primeiramente, a Rússia historicamente considera a Ásia Central como parte de sua esfera de influência e tem laços culturais, econômicos e políticos profundos com os países da região. 

Portanto, qualquer movimento dos Estados Unidos para fortalecer suas relações com a Ásia Central – bem como os esforços franceses – pode ser percebido como uma potencial ameaça à Rússia, o que poderia levar a uma resposta adversa por parte de Moscou.

Ademais, a China também tem investido consideravelmente na Ásia Central através da Iniciativa Belt and Road, visando expandir sua influência econômica e política na região. Assim, a crescente presença dos Estados Unidos na região também pode ser vista como uma concorrência direta pela influência regional da China, podendo criar discordâncias políticas e ideológicas. 

Em suma, observa-se que a Ásia Central está no centro de uma transformação geopolítica. O desafio à influência russa, a competição com a ascensão da China e a busca dos Estados Unidos por uma maior presença na região estão moldando um novo cenário político e econômico. 

No entanto, além das estratégias de poder, é fundamental lembrar que o verdadeiro impacto desta iniciativa será sentido nas vidas dos cidadãos da Ásia Central, onde a maior abertura política e desenvolvimento econômico podem trazer oportunidades sem precedentes. 

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