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Por Que a China Está Construindo Mais de 100 Novos Silos de Mísseis Nucleares?

Fotos de satélite obtidas por pesquisadores do Centro James Martin para Estudos de Não Proliferação (CNS), na Califórnia, mostram a construção já está em andamento de silos de mísseis nucleares em vários locais no deserto, abrangendo centenas de quilômetros quadrados na província chinesa de Gansu.

A China, que comemorou o 100º aniversário de seu partido comunista governante na quinta-feira, dia 1 de julho, em meio a muita pompa e grandiosidade militar, está construindo mais de 100 novos silos de mísseis “nucleares” em uma área deserta ao redor da parte ocidental do país.

O Washington Post publicou primeiro o relatório com imagens de satélite de cerca de 119 canteiros de obras que refletem o arsenal existente de instalações de lançamento de mísseis balísticos da China de última geração.

Em resposta aos relatórios da CNS, os Estados Unidos disseram que o grande aumento do arsenal nuclear de Pequim era preocupante e pediram medidas práticas para reduzir os riscos de corridas armamentistas e tensões potencialmente desestabilizadoras.

Pequim, por outro lado, tem insistido que seu arsenal militar ou nuclear é insignificante em comparação com o dos Estados Unidos ou da Rússia e pediu diálogos bilaterais sobre segurança estratégica que respeitem a “igualdade.”

Por que esse aumento de silos de mísseis nucleares da China é importante?

Desde o início da presidência Biden, o governo dos Estados Unidos está tentando engajar outras potências nucleares, incluindo a Rússia, em um acordo de controle e até redução de acenais nucleares e misseis de médio alcance, priorizando assim a estabilidade estratégica entre as maiores potencias nucleares.

Em fevereiro de 2021, os Estados Unidos e a Rússia assinaram um novo tratado START “Strategic Arms Reduction Treaty” (Acordo Estratégico de Redução de Armas).

Dentro deste novo raciocínio para tentar controlar armas nucleares, a China tem um papel muito importante uma vez que o Pentágono estimou no ano passado que o estoque de ogivas nucleares da China giravam em torno de 200, mas que poderiam dobrar de tamanho com o recente esforço do país para desenvolver combustível para uma nova geração de reatores nucleares.

Porém, vale ressaltar que o estoque de armas nucleares dos Estados Unidos consistia em cerca de 3.800 ogivas, das quais 1.357 já foram posicionadas em silos, submarinos e prontas para serem carregadas por bombardeiros estratégicos.

De qualquer forma, mesmo a China tendo um número significadamente menor de ogivas que os EUA, um aumento unilateral de armas nucleares por parte da China, pode desestabilizar o equilíbrio armamentista atual, levando a uma nova “corrida nuclear.”

Mísseis balísticos intercontinentais ainda são importantes na “Tríade Nuclear?”

A Tríade Nuclear é o nome que se dá aos três componentes de dissuasão nuclear geralmente usando pelas grandes potências nucleares.

Ela se refere à capacidade de lançamento de um arsenal nuclear estratégico de três distintas formas:

– ICBMs “intercontinental ballistic missile” (mísseis balísticos intercontinentais terrestres) que são os que estão sendo expandidos pela China

– ICBMs “submarine-launched ballistic missile” (mísseis balísticos lançados por submarinos)

– bombardeiros estratégicos que carregam armas nucleares

O objetivo de ter uma capacidade nuclear com três divisões é reduzir de forma significativa a possibilidade de um inimigo destruir todas as forças nucleares de uma nação em um ataque inicial de surpresa.

A Tríade Nuclear, o inimigo não conseguiria destruir todo o arsenal nuclear de uma oponente de uma vez só e estaria vulnerável a um contra-ataque nuclear, seja por mísseis balísticos terrestres, via submarinos, ou via bombardeiros estratégicos.

Essa certeza de contra-ataque nuclear contra o agressor inicial leva à doutrina chamada de MAD “mutual assured destruction” (destruição mútua assegurada), aumentando assim a dissuasão nuclear de uma nação que possua uma Tríade Nuclear, pois não será atacada – nem atacará – uma nação nuclear, pois sabe que ambas serão destruídas.

Foi essencialmente devido à doutrina MAD que não tivemos uma terceira guerra mundial de acordo com muitos analistas em segurança internacional e geopolítica.

Quanto ao aumento de silos nucleares Chineses, ele não tem tanto preocupado analistas porque, segundo eles, os mísseis nucleares mais avançados podem ser lançados de submarinos e plataformas terrestres móveis (essencialmente caminhões) e assim ser facilmente escondidos. Já silos nucleares, são sempre os principais alvos de potenciais inimigos.

Sendo assim, talvez esse aumento de silos nucleares Chineses seja mais para propaganda interna e projeção de força externa do que realmente uma estratégica nuclear efetiva.

A construção desses silos pode ser parte de uma demonstração interna de força do PCC (Partido Comunista Chinês) no seus seu aniversário de 100 anos, e também mostrar ao mundo que a China deve ser vista em pé de igualdade com os EUA e Rússia em termos de armas nucleares e que ser incluído em futuros tratados START entre os Russos e Americanos.

3 Comments

  1. […] Seja com ou sem a OTAN, além da comunidade europeia, ninguém é capaz de dar garantias de segurança duradouras para o continente. Além disso, isso também aumentará o poder de projeção militar do bloco, podendo intervir militarmente pelo planeta quando lhes for necessário e dando assim, um passo ainda maior em direção ao uma Europa global e assim crescendo como uma terceira potencial mundial junto com os EUA e a China. […]

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