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A Nova “Rota da Seda Polar” da China no Ártico e Suas Implicações

Desde o século 19 tem se tentado encontrar uma rota navegável pelas águas geladas do Ártico.

Porém, essa rota tem sido um caminho mortal para os marinheiros que enfrentam a paisagem marítima congelada. No entanto, alguns especialistas estimam que a rota se tornará comercialmente viável em um futuro próximo, à medida que o gelo marinho no Ártico recua nos meses de verão.

Para alguns, isso vai revolucionar o setor de transporte marítimo global pois oferece uma alternativa mais curta e barata às atuais rotas de transporte Chinesas que chegam aos principais mercados da Europa via oceano Índico e o canal de Suez.

À medida que as partes do Oceano Ártico cobertas de gelo derretem devido à mudança climática, a China sinalizou seu interesse em participar da construção da “Rota da Seda Polar,” criando perspectivas para o surgimento de novas rotas marítimas.

A China disse que é a favor de uma cooperação pragmática no Ártico e da construção de uma “Rota da Seda Polar,” de acordo com o esboço do 14º Plano Quinquenal (2021-2025) para o desenvolvimento econômico e social nacional e os objetivos de longo prazo até o ano 2035.

3 Rotas Polares Árticas

Existem três rotas potenciais através do Ártico:

  1. a passagem nordeste ao redor da Eurásia
  2. a passagem noroeste ao redor da América do Norte
  3. a rota do oceano Ártico central (TSR).

Além das duas primeiras, a China está interessada em conectar os oceanos Atlântico e Pacífico passando perto do Pólo Norte, pela chamada Rota do Mar Transpolar “Transpolar Sea Route” (TSR) que cortará pelo centro do Oceano Ártico.

Embora pudesse reduzir significativamente as distâncias para o comércio global, a TSR permanece congelada durante a maior parte do ano, tornando muito mais difícil de atravessar do que as duas rotas marítimas do Ártico atualmente disponíveis, a Rota do Mar do Norte e a Passagem do Noroeste.

Até o momento, a China é o único país a liderar expedições oficiais por todas as três passagens marítimas do Ártico, incluindo o TSR.

A “Rota da Seda Polar” da China como parte do seu Belt and Road Project – BRI – (Iniciativa do Cinturão e Rota)

A China deixou claro sua intenção de se expandir na região ártica e publicou um “white paper” (Livro Branco) sobre isso no início de 2018, pedindo sua transformação em uma Rota da Seda Polar e destacando seus planos de integração com sua iniciativa multibilionária da Belt and Road (BRI).

A China revelou o BRI em 2013 com o objetivo de conectar o Sudeste Asiático, a Ásia Central, a região do Golfo, a África e a Europa com uma rede de rotas terrestres e marítimas.

Por que a exploração da região do Ártico pela China é importante?

O derretimento do gelo marinho também está tornando mais viável o acesso às abundantes reservas de petróleo e gás do Ártico, a maioria das quais foram identificadas na Rússia. Das três rotas do Ártico, o gelo ao longo da passagem nordeste, que acompanha a costa da Rússia, está derretendo mais rapidamente.

A ideia de trabalhar com a Rússia para transformar esta rota formará a espinha dorsal dessa cooperação econômica em transporte marítimo e energia.

Sendo assim, investir no Ártico para China é tanto uma questão de estratégia energética como comercial. Em termos energéticos, ela poderá usufruir de uma oferta maior de hidrocarbonetos da Rússia para diversificar suas fontes de fora do Oriente Médio.

Em relação à estratégia comercial, as passagens pelo Norte permitem à China diversificar suas rotas marítimas e ter menor chance de tê-las bloqueadas pelos Estados Unidos e seus aliados. Isso porque esses rivais Chineses controlam grande parte do Oceano Pacífico e o vital Estreito de Malaca entre a Cingapura e a Indonésia por onde passa grande parte dos produtos Chineses para África e Europa.

Sendo assim, essa diversificação energética é fundamental para ambições globais da China para se tornar o líder econômico global à frente dos Estados Unidos e União Europeia.

Riscos ambientais das novas rotas marítimas no Ártico

Fonte de vantagem econômica e geoestratégica para alguns, as rotas marítimas são um desastre ecológico prestes a acontecer para outros.

Grupos ambientalistas temem que um volume crescente de tráfego marítimo através das águas cristalinas do Ártico danifique os ecossistemas marinhos de crescimento lento e vida longa.

Eles temem particularmente que um navio tenha um acidente nas remotas águas polares, resultando em um incidente de poluição potencialmente devastador.

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