O Que é o Grupo “Quad” de Países no Indo-Pacífico para Contrabalancear a China

O grupo Quad, mais conhecido somente como o “Quad” é uma aliança informal de países composta pelos Estados Unidos, Austrália, Índia e Japão.

Com o aumento das tensões com a China na região do Indo-Pacífico (a região de oceanos entre o Oriente Médio e o Mar do Japão passando pelo norte da Austrália), o grupo intensificou seus laços econômicos e de segurança com o objetivo de manter “os oceanos livres e abertos” para o tráfego marítimo.

O que o exatamente faz o “Quad?”

O Quad, oficialmente conhecido como “Quadrilateral Security Dialogue” (Diálogo Quadrilateral de Segurança), é um grupo informal de quatro países: Estados Unidos, Austrália, Índia e Japão.

A cooperação marítima entre eles começou depois do tsunami no Oceano Índico em 2004. Mas hoje, os países – todas democracias – trabalham em uma agenda muito mais ampla, que inclui lidar com questões de segurança, econômicas e de saúde na região.

Ao longo dos anos, a diplomacia do Quad cresceu e diminuiu. É um grupo informal, e não uma aliança formal. O Japão inicialmente enfatizou a identidade democrática das quatro nações, enquanto a Índia parecia mais confortável enfatizando a cooperação funcional. Os líderes australianos têm relutado em criar a impressão de que o grupo é uma aliança formal, talvez para não antagonizar a China, um grande investidor no país.

O crescimento e influência da China na região, levou o grupo a mudar de foco…

A partir de 2021, os líderes dos quatro países tornaram-se mais alinhados em suas preocupações comuns sobre o comportamento cada vez mais assertivo da China na região e estão mais dispostos a definir uma agenda construtiva de cooperação.

Todas as quatro marinhas desses países participaram de seu primeiro exercício conjunto em mais de uma década em novembro de 2020. E em março de 2021, houve uma reunião virtual do Quad.

Eles formaram grupos de trabalho sobre as vacinas de COVID-19, mudança climática, inovação tecnológica, e resiliência das cadeias de suprimentos globais.

Quais são os interesses dos EUA no Quad?

Trabalhar em estreita colaboração com esses países é natural para os Estados Unidos. A Austrália e Japão têm tratados de segurança conjunta com os EUA, e a Índia é um importante parceiro estratégico e comercial.

A região do Indo-Pacífico abrange dois oceanos e vários continentes, o que o torna importante para os interesses marítimos dos EUA. Em 2019, US$ 1,9 trilhão do comércio dos EUA passou pela região.

De acordo com um relatório da ONU. Este ano, espera-se que 42% das exportações mundiais e 38% das importações globais passem pela região.

A crescente vontade da China de desafiar o status quo regional preocupa Washington, e o desafio de Pequim aos valores democráticos no ano passado aprofundou as preocupações de outros parceiros do Quad também. A busca da China por seus interesses regionais – incluindo sua repressão às liberdades de Hong Kong e críticas às nações que questionam suas ações – não foi retardada pela pandemia COVID-19.

No entanto, a agenda do Quad não é só sobre a China. Os líderes das quatro nações também veem a necessidade de uma abordagem mais proativa para resolver os desafios humanitários e econômicos causados ​​pelo COVID-19.

Como a China respondeu à maior cooperação dentro do Quad?

As relações da China com cada um dos membros do Quad tornaram-se mais tensas durante a pandemia. As tensões EUA-China permanecem altas; a frustração de Pequim foi evidente quando a nova equipe de política externa de Biden teve sua primeira reunião com seu homólogo chinês no Alasca em março.

A Austrália continua a sentir os efeitos do impacto das sanções econômicas chinesas depois de sugerir uma investigação da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre as origens do COVID-19 no ano passado.

Índia e Japão entraram em confronto com a China por causa de disputas territoriais. O embaixador da China em Tóquio criticou publicamente o primeiro-ministro Suga, alegando que a nova diplomacia do Quad reflete uma “mentalidade da Guerra Fria” e que está “100 por cento desatualizada.”

Além disso, pesquisas recentes mostraram que as opiniões negativas sobre a China aumentaram entre o público de toda a região.

Ainda assim, poucos formuladores de políticas nos países do Quádruplo veem vantagem em tentar conter militarmente a influência chinesa. Em vez disso, os líderes do Quad enfatizaram a cooperação em áreas de interesse comum para aumentar a confiança na capacidade das democracias de conter a influência regional da China.

Enquanto as tensões com a China permanecerem, a agenda do Quad provavelmente se expandirá à medida que as democracias do Indo-Pacífico buscam equilibrar o poder crescente da China.

Por que a existência do Quad e sua rivalidade com a China é importante?

Desde a presidência americana de Barak Obama, os Estados Unidos já haviam começado um “pivô para o Oriente” redirecionando esforços militares e diplomáticos para a Ásia para conter o crescimento da China. A criação de uma base militar dos Fuzileiros Navais Americanos em Darwin, no norte da Austrália, é um exemplo dessa nova estratégia.

Historicamente falando, sempre que um país hegemônico como os Estados Unidos tem a sua liderança ameaçada por uma potência emergente como a China, o potencial para conflito militar, diplomático, e econômico é grande.

Acreditava-se que com o fim da Guerra Fria, a competição entre as grandes potências teria terminado. Mas o crescimento da China e sua eventual liderança mundial, fez com que voltássemos no tempo.

Naquele período, a principal aliança militar dos EUA para rivalizar a União Soviética e o Pacto de Varsóvia era a OTAN (Organização Militar do Atlântico Norte). Porém, a OTAN ainda não vê a China como o principal adversário, uma vez que ela não foi criada para isso.

Sendo assim, foi necessário aos Estados Unidos criar uma aliança com países mais relevantes geopoliticamente e que se sentem mais ameaçados pela expansão Chinesa: Austrália, Índia, e Japão.

O Quad ainda está muito longe de ser uma OTAN, mas as recentes manobras navais conjuntas do Quad no Mar do Sul da China, dão uma demonstração do que essa aliança pode a vir se tornar.