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A Ameaça da Frota dos Pequenos Homens Azuis Chineses no Mar do Sul da China

Talvez você já tenha ouvido falar dos “pequenos homens verdes Russos.” Eles foram os “civis” que supostamente pegaram armas contra o governo da Ucrânia em 2014 para “liberar” a Crimeia e o leste do país.

Porém, na verdade esses pequenos homens verdes da Rússia não eram civis armados, eram uma mistura de soldados sem identificação e mercenários treinados para atuar em conflitos sem dar atribuição ao governo da Rússia. Um exemplo de “guerra híbrida” que será explicado mais abaixo.

Só que agora, o mesmo está acontecendo no Mar do Sul da China. Pescadores aparentemente civis estão interferindo com os navios da marinha dos Estados Unidos e dos países vizinhos com reivindicações territoriais rivais.

Mar do Sul da China Disputa
Fonte: Pixabay

A China está usando um grande número de milícias marítimas irregulares, apelidadas de “homenzinhos azuis”, para afirmar e expandir seu controle sobre uma área cada vez maior de ilhas e recifes disputados e reivindicados no estrategicamente importante Mar do Sul da China.

As milícias, compostas por centenas de pescadores e barcos a motor em sua maioria baseados na ilha de Hainan, ao sul do continente, estiveram envolvidas em confrontos com pescadores, a guarda costeira, e até a marinha de outros países da região.

Ao usar embarcações e pessoal ostensivamente civis, a China está evitando confrontos diretos entre forças militares e ganhando um elemento de negação (dizendo que não está envolvida no atrito).

Como funciona a “guerra híbrida” da China no Mar do Sul da China?

A guerra híbrida é uma estratégia militar que emprega guerra política e mistura guerra convencional, guerra irregular e guerra cibernética com outros métodos de influência, como notícias falsas, militares disfarçados de civis, diplomacia e interferências em eleições estrangeiras.

Ao combinar operações cinéticas (operações militares ativas) com esforços subversivos, o agressor pretende evitar atribuição ou retribuição pois o rival atacado via guerra híbrida tem dificuldade em provar que realmente foi atacado pelo inimigo e assim tem dificuldades em responder militarmente.

No caso da guerra híbrida da China com sua milícia de pescadores, alguns de seus navios de pesca e guardas costeiros agem de maneira agressiva e não profissional nas proximidades das forças militares ou navios de pesca de outros países com o objetivo de estabelecer uma narrativa de confusão e negação sobre a disputa.

Essas atividades são projetadas para ficar abaixo do limiar do nível de conflito, impossibilitando assim que os adversários acusem a China de agressão armada e reajam militarmente. Porém, essas atividades agressivas híbridas gradualmente demonstram e afirmam as reivindicações chinesas sobre territórios que outros países disputam.

Especialistas de guerra naval dizem que tal comportamento explora “zonas cinzentas” onde as regras militares de combate da marinha dos EUA e de outros países evitam contramedidas duras.

As táticas Chinesas foram comparadas às da Rússia durante sua intervenção em 2014 na Crimeia e na Ucrânia, quando as forças armadas sem clara identificação, conhecidas como “homenzinhos verdes,” foram extraoficialmente implantados na região pelo governo Russo.

A China está tentando usar esses pescadores controlados pelo governo Chinês “por baixo do pano” para obter o bônus – território e desestabilização adversária – sem o ônus de apoiar suas reivindicações no Mar do Sul da China.

Por que “Guerra Híbrida” Chinesa no Mar do Sul da China é importante?

A ameaça dos “pequenos homens azuis Chineses” é um fenômeno pouco conhecido ou compreendido nos Estados Unidos e pelo mundo em geral. Embora os homenzinhos verdes da Rússia na Crimeia sejam amplamente conhecidos, pouca atenção tem sido dada à mesma tática no Mar do Sul da China.

A China continua a empregar táticas “assertivas” em desafio à opinião regional e internacional para estabelecer o controle e construir instalações militares, incluindo portos e pistas aéreas militares que foram expandidos em uma “vasta área” de terra recuperada do mar ou de postos avançados já existentes no Mar da China Meridional.

A liderança da China demonstrou disposição em tolerar níveis mais altos de tensão com outros países na busca de suas reivindicações de soberania marítima. A estratégia da China é garantir seus objetivos sem comprometer a paz regional. Paz essa que permitiu seu desenvolvimento militar e econômico, que por sua vez manteve o Partido Comunista Chinês (PCC) no poder.

Brunei, China, Malásia, Filipinas, Taiwan e Vietnã têm reivindicações sobrepostas às Chinesas no Mar do Sul da China.

Essa região é extremamente importante em termos estratégicos e geopolíticos pois possui grandes reservas de petróleo, gás, peixes e rotas de navegação estrategicamente importantes.

Os EUA não tomam partido nas disputas marítimas entre países da região e a China, mas a marinha norte-americana patrulha regularmente a área para manter a “liberdade de navegação” em águas internacionais.

De acordo com o Pentágono, as milícias marítimas são oriundas da frota pesqueira da China, que oficialmente conta com 21 milhões de pescadores e 439.000 barcos a motor. Os mais conhecidos são baseados na província de Hainan, onde as comunidades locais têm interesses históricos e comerciais de longa data no Mar da China Meridional.

Em 2012 por exemplo, houve o incidente do Atol de Scarborough, quando oito navios de pesca desafiaram um navio de guerra das Filipinas. Os pescadores foram elogiados como uma “unidade de milícia avançada” pela mídia estatal após o incidente. Segundo relatos, Xi Jinping – secretário geral do Partido Comunista e líder Chinês – os elogiou por suas ações e os incentivou a construir embarcações maiores, coletar informações em águas distantes e apoiar o desenvolvimento de “ilhas e recifes.”

Veteranos da marinha chinesa foram recrutados para treinar e impulsionar as milícias, que estavam sendo expandidas em outras áreas costeiras. Os pescadores locais ajudaram em mais de 250 “operações de aplicação da lei” nos últimos três anos de acordo com a mídia estatal Chinesa.

De acordo com um relatório do Pentágono, as milícias marítimas foram projetadas para realizar atividades de obstrução. As milícias a bordo dos navios frequentemente são claramente identificáveis. A maioria deles – senão todos – têm uniformes. Usando uniformes camuflados, eles se qualificariam como soldados. Tirando a camuflagem, eles se tornam pescadores “cumpridores da lei.”

O mesmo relatório do Pentágono afirma que, de modo geral, Pequim continua trilhando um caminho em direção a uma maior projeção de poder com mísseis e armamentos mais avançados e capacidades cibernéticas e espaciais aprimoradas. O relatório também acusou a China de comportamento igualmente assertivo no Mar do Leste da China para se preparar para um conflito potencial no Estreito de Taiwan.

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