- Parte do poder da força militar de um país pode ser medida pela sua capacidade de enviar e sustentar tropas no exterior.
- Na geopolítica, os Estados podem fazer uso do hard power para projetar sua força e influência.
- Na política internacional, as nações fortes com a capacidade de persuasão e coerção tendem a ser os mais favorecidos em negociações.
A esfera de influência de um país na comunidade internacional é medida por vários fatores, como a sua projeção cultural, econômica, militar e política.
Embora existam alianças e tratados formais entre os países com maior e menor poder de persuasão, estes tratados não são necessários para que a projeção de poder de um Estado seja exercida.
Desse modo, uma das formas mais utilizadas de projeção de poder no meio geopolítico é a bélica, ou seja, a projeção de poder militar.
Ao contrário do soft power que envolve moldar a preferência de outros Estados por meio do apelo não coercitivo, a projeção de força se alinha ao conceito de hard power nas Relações Internacionais, para promover sua influência geopolítica frente a outros países.
O que é e qual a importância da Projeção de Força?
A projeção de força (ou poder) é definida pela ciência militar como a capacidade que um país pode ter de inserir e manter suas forças militares fora de suas fronteiras, tendo meios para produzir uma guerra expedicionária.
De fato, todos os países capazes de enviar forças militares para o exterior têm algum nível de projeção de poder, todavia, este termo é empregado mais frequentemente quando se refere às forças militares com alcance mundial.
Essa importante capacidade pode servir como um efeito imediato por meio da influência nas tomadas de decisão de outros países. Além disso, pode ser usado também como um impedimento de determinados comportamentos indesejados de outros Estados, portanto, uma forma de uso do hard power.
Quais são os países com maior projeção militar internacional?
De maneira geral, apenas alguns países possuem a capacidade de superar as dificuldades logísticas que o movimento e implantação de forças militares no exterior requerem.
Essa forma de poder requer, além de uma forte economia e tecnologia, uma capacidade de “marinha de àgua azul” bem consolidada. Os atributos desse privilégio são a capacidade de uma frota operar em alto mar, distante de sua base.
Dessa forma, o Estado pode prover a proteção de força contra ameaças marítimas e aéreas, além de um alcance logístico sustentável que permita uma presença militar em alto mar e, segundo militares, uma verdadeira marinha de água azul é a que detêm a capacidade de se reabastecer no mar.
Em análise, a presença da força marítima no exterior de forma global acaba por reforçar a projeção de poder dos Estados detentores de tais tecnologias.
Porém, não é só através do poder naval que um país pode projetar suas forças militares além de suas fronteiras. O tamanho e poder do transporte aéreo tático de um país, que mede a capacidade de projetar tropas e apoio logístico a teatros de operação via aéreo, também é usado para medir a capacidade de projeção de um país.
De forma prática, segundo o ranking mundial de 2022 da Global Firepower, os 15 países com maior projeção de poder são:
- Estados Unidos
- Rússia
- China
- Índia
- Japão
- Coréia do Sul
- França
- Reino Unido
- Paquistão
- Brasil
- Itália
- Egito
- Turquia
- Irã
- Indonésia
Já a classificação militar dos 15 Estados membros com maior força militar da OTAN, obtiveram a seguinte classificação:
- Estados Unidos
- França
- Reino Unido
- Itália
- Turquia
- Alemanha
- Espanha
- Canadá
- Polônia
- Grécia
- Noruega
- Holanda
- Romênia
- República Tcheca
- Portugal
Consequentemente, os países citados são os com maior capacidade de exercer o hard power e os mais influentes geopoliticamente, devido às suas forças militares.
Não todos possuem a marinha de água azul, no entanto são os Estados os que têm a possibilidade de alcançar este privilégio mais rapidamente em comparação com os países fora dessas listas, seja por mar, ar, ou terrestre.
O que é o Hard Power comumente usado pela OTAN e Rússia?
Na geopolítica, o hard power é aplicado quando um país faz uso de suas forças militares e meios econômicos para persuadir outra nação, e seus órgãos políticos, a agir de acordo com os interesses do primeiro.
Essa forma de projeção de poder muitas vezes pode ser agressiva, sendo usada como forma de coerção, e se torna mais eficaz quando imposta por um Estado a outro de menor poder militar ou econômico.
Como exemplo, estas são algumas demonstrações de como o hard power atua na prática:
- Mostrando a bandeira: através da inserção de forças militares em determinada região, para demonstrar o interesse político, ou o desejo de iniciar uma ação militar mais forte em momento propício.
- Compulsão/confronto: através do uso de ameaça da força militar contra outro país, para induzi-lo ou dissuadi-lo de seguir uma determinada agenda política. Desta forma, a projeção de poder atua como uma ferramenta diplomática agressiva, tentando influenciar o processo de tomada de decisão de atores estrangeiros.
- Punição: o da força contra outro Estado para puni-lo em resposta à sua decisão por uma determinada agenda política.
- Intervenção armada: o movimento de forças militares para o território de outro Estado com o objetivo de influenciar os assuntos internos do país alvo, ou até mesmo uma conquista definitiva.
- Conquista: o uso de ativos militares de forma ofensiva, para ocupar à força um território controlado ou reivindicado por outra nação.
Nesse cenário, fica visível o contraste entre o hard power e o soft power, visto que o último provém da diplomacia, da cultura e da história, buscando solucionar conflitos por meio de tratados e acordos, preservando a paz.
No contexto da projeção de poder, observa-se que a OTAN faz um amplo uso desta ferramenta na geopolítica. A Organização do Tratado do Atlântico Norte é conhecida em todo o mundo como a aliança mais forte e poderosa do mundo e apesar de não possuir as próprias Forças Armadas, tem uma estrutura de comando militar permanente e integrada.
A estrutura da aliança militar é composta por militares e civis, de todos os Estados membros e essas equipes trabalham coletivamente para alcançar os mesmos objetivos geopolíticos, gerando uma imensa vantagem sobre seus países alvos.
Cada estado membro concorda em contribuir com diferentes pesos estratégicos e também suas influências. Além disso, os aliados fazem contribuições diretas e indiretas para os custos de administrar a OTAN e implementar suas políticas e atividades, gerando um benefício mútuo para os membros.
No caso da Rússia, o exemplo mais evidente e atual de hard power é a invasão do território Ucraniano por suas tropas, para proteger o que o Estado russo considera como um de seus principais interesses nacionais.
No entanto, de igual maneira a invasão do Afeganistão, Iraque, Líbia e Síria pelos Estados Unidos, foram exercícios semelhantes no uso do hard power, motivadas por objetivos de mudança de regime e outros interesses nacionais aliados aos EUA e à OTAN.
Porquê a projeção de força é importante para medir o poder geopolítico de um país e sua influência mundial?
Na teoria da política internacional, um país forte é aquele que possui a capacidade de impor a sua vontade sobre outros países por meio da persuasão ou da força militar. Ou seja, por meio do soft power ou hard power a depender da situação política.
Dessa forma, as alianças entre as nações podem ser induzidas ou voluntárias e demonstram uma importante faceta dos diversos tipos de poder de um Estado, ou a limitação deste.
Os países que não detêm esse tipo de poder, frequentemente ficam à mercê das decisões e consequências de Estados mais poderosos, que acabam por influenciar as condições geopolíticas à nível regional e global. Ou até mesmo, se tornam os alvos da projeção de poder de tais potências.
Parafraseando a metáfora do ex-Senador americano, Michael Enzi, no contexto das negociações internacionais e do poder de persuasão – seja ele por meios diplomáticos ou por projeção de força militar – pode-se afirmar que: “se você não está à mesa, está no menu“.
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