Press "Enter" to skip to content

Como a Guiana Está se Tornando a Nova Fronteira do Petróleo Mundial Fora do Cartel da OPEP

  • A Guiana, localizada na costa nordeste da América do Sul, está emergindo como um importante produtor de petróleo;
  • As recentes descobertas das ricas bacias petrolíferas ao longo da costa guianense está impulsionando o crescimento econômico do país;
  • A exploração de petróleo na Guiana afeta a geopolítica energética regional e global, além de impactar países vizinhos e os mercados petrolífero global.

As recentes descobertas das bacias de petróleo na costa da Guiana despertaram um interesse significativo tanto dentro da indústria do petróleo quanto no cenário geopolítico. 

Com a descoberta de campos como Liza, Payara e Turbot, a Guiana está no caminho de se tornar um importante produtor de petróleo na região, potencialmente rivalizando com nações vizinhas. 

Além disso, a perspectiva de produção de gás natural também coloca a Guiana como um potencial fornecedor alternativo para a Europa e, ao optar por não se associar à OPEP, o país busca proteger seus interesses nacionais e as oportunidades econômicas que surgem ao se posicionar como nova potência energética regional. 

As recentes descobertas das bacias de petróleo na costa da Guiana

A Guiana é um país localizado na costa nordeste da América do Sul, entre o Brasil e a Venezuela. A região tem atraído considerável atenção e investimento por parte da indústria do petróleo devido ao seu potencial exploratório. As descobertas recentes de petróleo têm implicações significativas para a economia guianense e o setor global de energia.

As descobertas foram feitas na Bacia de Guiana, uma região rica em recursos naturais que se estende ao longo da costa do país, bem como para além de suas fronteiras marítimas, incluindo áreas que também pertencem ao Suriname e à Venezuela. As empresas petrolíferas que têm explorado a região incluem a ExxonMobil, a Hess Corporation e a CNOOC (China National Offshore Oil Corporation).

A ExxonMobil liderou as descobertas na área com o campo de petróleo Liza, localizado na Zona Marítima Exclusiva da Guiana. As primeiras descobertas em Liza foram anunciadas em 2015, e desde então a empresa tem continuado a perfurar poços adicionais, encontrando quantidades substanciais de petróleo. Estima-se que as reservas em Liza possam ultrapassar 1 bilhão de barris de petróleo.

Além de Liza, outras descobertas promissoras foram feitas em campos como Payara, Snoek, Liza Deep e Turbot. Essas descobertas têm gerado expectativas de que a Guiana possa se tornar um importante produtor de petróleo na região, possivelmente rivalizando com nações vizinhas como o Brasil e a Venezuela.

Além disso, Georgetown, capital guianense, também vê o gás natural como uma próxima fronteira promissora. Com as descobertas de petróleo, espera-se que o país também possua reservas substanciais de gás natural offshore, explorando opções para desenvolver essa indústria e aproveitar o potencial do gás natural como fonte de energia.

A exportação de petróleo já tornou a Guiana o país com o maior crescimento do PIB do Mundo

O desenvolvimento dos mencionados campos petrolíferos na costa da Guiana tem transformado a economia do país

A receita proveniente da indústria petrolífera poderia impulsionar o crescimento econômico, melhorar a infraestrutura, aumentar o emprego e fornecer recursos adicionais para investimentos em educação e saúde. 

Estima-se que a Guiana possa atingir uma produção diária de petróleo de até 1 milhão de barris por dia até 2030, tornando-se um importante produtor mundial de petróleo, tornando-se uma nova potência energética na região.

Em razão disso, o crescimento econômico do país tem sido impressionante nos últimos anos. Em 2021, Georgetown registrou um crescimento do PIB de aproximadamente 20%, o que é notável e coloca a Guiana como um dos países com maior crescimento econômico do mundo na atualidade. 

Todavia, também há desafios a serem enfrentados, como a necessidade de garantir a gestão adequada dos recursos naturais, a mitigação dos impactos ambientais e a construção de capacidade local.

Mesmo assim, os contratos de exploração não foram tão benéfico para Guiana quando podiam

Alguns especialistas destacaram que os contratos de exploração de petróleo na Guiana podem não ter sido tão benéficos para o país quanto poderiam ter sido. 

Essa visão se baseia em questões relacionadas à estrutura dos contratos e aos termos acordados entre o governo da Guiana e as empresas petrolíferas, como a ExxonMobil.

Alguns críticos argumentam que os contratos de exploração oferecidos às empresas petrolíferas não forneceram à Georgetown uma participação justa nos lucros do petróleo, então descoberto, criando preocupações sobre a estrutura fiscal, a divisão dos lucros e a falta de transparência nessas negociações.

Além disso, a Guiana é um país em desenvolvimento com uma indústria petrolífera emergente, o que provoca desafios adicionais em termos de capacidade institucional e regulatória para lidar com as empresas petrolíferas internacionais. Sob análise, isso pode ter impactado a capacidade do governo guianense de obter os melhores termos nos contratos de exploração.

No entanto, é possível que, com o desenvolvimento contínuo da indústria petrolífera e a acumulação de experiência e conhecimento, seu governo possa reavaliar seus contratos de exploração no futuro e buscar condições mais favoráveis. 

A Guiana rejeitou associação à OPEP pois prefere focar no crescimento da produção no curto prazo, do que controlá-la

A Guiana tem recebido atenção de grandes players internacionais e de organizações como o cartel internacional de produtores de petróleo OPEP. Enquanto algumas discussões foram feitas sobre uma possível adesão de Georgetown à organização, o vice-presidente do país afirmou que o país não está interessado em se unir, no momento.

Acredita-se que a Guiana optou por rejeitar a associação para focar no crescimento da produção de petróleo no curto prazo, em vez de controlá-la para beneficiar a OPEP.

Em lugar disso, o país está empenhado em aumentar sua produção de petróleo rapidamente para aproveitar as oportunidades econômicas geradas pelo setor.

Sendo assim, o país está visando uma produção diária de até 1 milhão de barris de petróleo por dia até 2030, o que representa um crescimento significativo em comparação com a produção atual de 400 mil barris

Essa abordagem de priorizar o crescimento da produção em vez de buscar uma associação à OPEP está alinhada com a estratégia de maximizar os benefícios econômicos de suas reservas de petróleo e acelerar o desenvolvimento do setor petrolífero nacional.

Uma das razões para Georgetown buscar a independência da associação é a ameaça que a Venezuela representa para o país. A disputa territorial entre Guiana e Venezuela em relação à região de Essequibo, onde grandes descobertas de petróleo foram feitas, gerou tensões geopolíticas e resultou em uma aliança entre a Guiana e os Estados Unidos.

No entanto, é possível que as decisões e estratégias da Guiana em relação à OPEP possam ser objeto de mudanças no futuro, a depender das das necessidades econômicas e geopolíticas do país.

A importância geopolítica da Guiana se tornar uma grande produtora de petróleo fora do cartel da OPEP

Ao se distanciar da OPEP, a Guiana busca evitar influências políticas e proteger seus interesses nacionais. Sua posição estratégica na América do Sul e suas vastas reservas de petróleo têm implicações geopolíticas significativas.

Com suas vastas reservas e seu potencial de produção, a Guiana está se tornando um importante fornecedor de petróleo na América do Sul. Isso pode impactar países vizinhos, como o Brasil, que historicamente tem sido um importante produtor de petróleo na região, mas que pode ser prejudicado com a competitividade de Georgetown. 

Além das tensões com a Venezuela, a não associação de Georgetown com a OPEP também está fortemente relacionada às limitações de produção e exportação impostas pelo cartel.

Ao se manter fora da organização, a Guiana pode produzir e exportar conforme sua necessidade, colocando mais petróleo no mercado, tornando-o mais competitivo e, consequentemente, enfraquecendo a OPEP e a OPEP+ – que inclui a Rússia – e colaborando para a diminuição dos preços internacionais de petróleo.

Isso pode beneficiar os consumidores internacionais – como a Índia, China, Estados Unidos, Europeus, entre outros –, pois barateia os preços de energia e contribui com a diminuição da inflação nesses países.

Ademais, a Guiana também está se preparando para explorar suas reservas de gás natural, vislumbrando a próxima fronteira energética. Essa produção é particularmente relevante para a Europa, que busca diversificar suas fontes de gás e reduzir sua dependência do gás russo, especialmente em meio às instabilidades na região com a guerra na Ucrânia. 

Com a produção de gás, a Guiana pode se tornar um fornecedor alternativo para a União Europeia, contribuindo para a segurança energética do continente e diminuindo sua vulnerabilidade a potenciais interrupções do fornecimento.

Em suma, a importância geopolítica da Guiana em se tornar uma grande produtora de petróleo fora do cartel da OPEP é notável. A decisão de buscar o crescimento da produção de petróleo e gás independentemente da OPEP reflete uma abordagem estratégica para proteger os interesses nacionais, controlar os preços e desempenhar um papel relevante na geopolítica energética regional e global. 

À medida que a Guiana continua a desenvolver suas reservas, seu impacto na economia global e nas Relações Internacionais certamente será observado pela comunidade internacional.

2 Comments

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.