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Como a Força Expedicionária Conjunta do Reino Unido Pode Ajudar na Defesa e Segurança Europeia

A Força Expedicionária Conjunta (Joint Expeditionary Force, JEF) é uma aliança militar formada pelo Reino Unido e mais nove países do Norte da Europa, focado em respostas de ação político-militar rápidas a crises humanitárias e guerras.

Desde 2021, o JEF está operando exercícios militares de treinamento marítimo, terrestre e para ataques híbridos, dando apoio moral e com armamento à Ucrânia no conflito contra a Rússia respondendo a um pedido de ajuda direto do presidente ucraniano Zelensky.

Fazendo parte da busca por mais autonomia na segurança Europeia, o JEF e a sua rapidez em respostas militares poderão mudar a relação da Europa com conflitos, facilitando e fornecendo apoio à OTAN.

Cúpula da Força Expedicionária Conjunta – Crédito: Site Oficial do Presidente da República da Lituânia

O que é a Força Expedicionária Conjunta do Reino Unido (Joint Expeditionary Force) ou JEF

Criada em 2012, a Força Expedicionária Conjunta assinou acordo com 7 países inicialmente, mas já conta com 10 países do Norte da Europa liderados pelo Reino Unido, na ativa desde 2018.

Contando com a participação da Dinamarca, Estônia, Finlândia, Islândia, Letônia, Lituânia, Países Baixos, Noruega, Suécia e Reino Unido, a JEF tem como objetivo de juntar o Norte europeu, o Atlântico Norte e os países Bálticos em um força expedicionária militar conjunta internacional.

Fizeram sua primeira participação no exercício BALTOPS 2019, liderado pelos Estados Unidos e pela OTAN. Desde então, em 2021, conduziram mais dois exercícios marítimos no Mar Báltico e na Suécia.

A sua diferença para organizações de defesa multinacionais, como a OTAN, é que não depende da aprovação entre todos os membros para tomarem uma ação militar, sem necessidade de que todos participem de todas as expedições. Ou seja, o Reino Unido pode engajar em um conflito militar contando com a participação de apenas um ou mais membros do JEF. 

Além disso, cada nação pode prover capacidades militares e expertises de acordo com as necessidades das crises, sem obrigatoriedades específicas com relação ao fornecimento militar além da necessidade de investirem mais de 2% do PIB de suas nações na Joint Expeditionary.

Esta característica mais flexível do JEF em comparação aos artigos de defesa mútua da OTAN permite com que ajam mais rapidamente em situação de crises, sem passar pelas burocracias de aprovação entre mais de 30 nações diferentes. Como foi colocado pelo comandante da 3ª Brigada de Comando e chefe das forças terrestres do JEF, Matt Jackson, para a USNI News: “o JEF pode agir enquanto a OTAN ainda está pensando.”

Por que o Reino Unido viu a necessidade de promover maior cooperação político militar com outros países Europeus

Com o objetivo de se concretizar enquanto um centro militar, principalmente pós-Brexit, o Reino Unido formulou um quadro de nações (consideradas nações “pequenas”) que já eram aliadas ou possuíam relações, incluindo nações que não são aliadas da OTAN.

Mapa dos países participantes da Força Expedicionária Conjunta, mostrando quais fazem parte dela, da OTAN e da União Europeia simultaneamente; somente da Força e da OTAN; e da Força e da União Europeia. – Crédito: CSIS

O JEF busca recuperar um poder e representatividade militar que a OTAN não tem no Norte da Europa e o Reino Unido viu essa possibilidade como a oportunidade para se concretizar enquanto um pólo militar e formar novas alianças e relações.

Mas não é um acordo somente benéfico para o fortalecimento do Reino Unido, mas para as outras nações envolvidas também. 

Por alguns se encontrarem fora do acordo com a OTAN, a Força Expedicionária é uma forma de testarem suas forças militares para estarem em prontidão caso haja alguma crise além de estabelecer uma base de cooperação militar com outros países.

É uma ação que tem como objetivo desenvolver capacidades militares entre “aliados com ideias semelhantes” na Europa. 

Como a Força Expedicionária Conjunta do Reino Unido pode apoiar a OTAN ou a União Europeia em operações militares na Europa

Fora as questões de fortalecimento dos países do Norte europeu, o JEF é uma forma de fortalecimento da própria União Europeia militarmente.

Há uma busca por autonomia estratégica da União Europeia em diversos âmbitos e a Força Expedicionária Conjunta e outros grupos “minilaterais”, como o AUKUS, Anglo-French Cooperation, a Nordic Defence Cooperation (NORDEFCO), vem enquanto uma das ações que buscam equilibrar as forças militares dentro da Europa:

[…] o propósito é “ajudar a demonstrar a vontade dos Aliados Europeus de fazer mais pela nossa segurança comum e também melhorar o equilíbrio do fornecimento de capacidades entre os Estados Unidos e os Aliados Europeus.”

CSIS

O JEF possui alta capacidade de agir rapidamente, principalmente em guerras híbridas. Esse tem sido um dos principais focos de treinamento, com uma ação para fornecer comando e controle para combater atividades desestabilizadoras na sede, que contou com 500 pessoas vindas das 10 nações para o treinamento.

Juntando uma tradição diplomática com ação militar para lidar com guerras híbridas, o Joint Expeditionary Force pode implementar uma força militar multilateral abaixo do limiar da guerra, ou seja sem atacar diretamente. Isso dá mais recursos para a União Europeia estar preparada em situações de crise sem precisar de aprovação unanime de todos os seus 27 membros.

Por mais que busque ocupar um lugar de representatividade militar que não pode ser executada pela OTAN, há grande margem para uma cooperação com os EUA, em nível político-militar, militar-estratégico e operacional, questões de formação de estrutura militar. Um trabalho conjunto entre a OTAN e o JEF permitiria ações em diferentes partes em crise simultaneamente.

Os EUA podem fortalecer o JEF com exercícios ministeriais, destacamentos de treinamento e conferências de design de força que se concentrem em respostas rápidas a agressões no Norte da Europa, permitindo um crescimento no potencial de ação da Força Expedicionária.

Portanto existem contradições dentro do papel que essa nova força expedicionária internacional terá, aumentando a autonomia europeia mas sendo uma porta de entrada para um novo crescimento dos Estados Unidos na região.

Esse fortalecimento na cooperação do Reino Unido com esses nove aliados trouxe um novo ator para os conflitos militares de defesa europeia, sendo já um dos recursos pronto para ser empregado se necessário no conflito atual da Ucrânia contra a Rússia principalmente pela natureza de cooperação e resposta rápida que o JEF possui.

Qual a tendência futura das alianças militares e políticas na Europa depois da invasão da Ucrânia pela Rússia

O que o conflito atual entre Rússia e Ucrânia demonstrou para a União Europeia e o mundo é a importância de estabelecer aliados políticos militares para buscar uma garantia da sua defesa e soberania nacional.

A Ucrânia foi um exemplo claro de país que estava fora dessa dinâmica de apoio e proteção político-militar, sem proteção internacional, o que permitiu uma invasão rápida pela Rússia. Países como a Moldávia na Europa e a Geórgia no Cáucaso, que também não possuem grandes alianças que garantam sua segurança, estarão entrando no movimento de buscar maiores apoios com outras nações.

A JEF é uma das estratégias militares conjuntas que estão ocorrendo e que vão ocorrer cada vez mais no fortalecimento das alianças de cooperação e integração das forças armadas para desincentivar possíveis ataques por nações expansionistas.

Quanto mais alianças multinacionais, maior a segurança e paz internacional em geral pois desincentiva a invasão de países terceiros por nações agressivas e expansionistas, pois essas saberão que haverá retribuição por parte de nações aliadas do país invadido caso isso ocorra.

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