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O Que é o Estreito de Luzon? O Importante Gargalo Estratégico no Mar do Sul da China Entre Taiwan e as Filipinas

  • O Estreito de Luzon é vital para o tráfego marítimo e operações militares no Indo-Pacífico;
  • A China e os Estados Unidos têm intensificado suas atividades na região para a defesa de interesses estratégicos; 
  • A militarização crescente das Filipinas, apoiada pelos EUA, no Estreito de Luzon tem aumentado as tensões com a China.

O Estreito de Luzon se destaca como um ponto de estrangulamento estratégico no meio do oceano Indo-Pacífico, sendo um corredor crucial para o tráfego marítimo e movimentações militares.

A sua localização entre Taiwan e as Filipinas o coloca no centro de uma intensa competição de poder. À medida que a China e os Estados Unidos intensificam suas atividades na região, o Estreito se torna essencial para a defesa de interesses e a formação de alianças. 

O que é o Estreito de Luzon?

O Estreito de Luzon é uma faixa de água que conecta o Mar do Sul da China ao Mar das Filipinas, separando a ilha principal das Filipinas, Luzon, da ilha de Taiwan. 

Com cerca de 250 quilômetros de largura, o estreito serve como uma importante rota marítima e aérea entre o Sudeste Asiático e o Pacífico Ocidental. 

 

A região não é composta apenas de água; várias ilhas e ilhotas fazem parte do arquipélago de Batanes, um conjunto de ilhas que pertencem às Filipinas. 

Essas ilhas têm um papel importante na geopolítica regional, pois controlam as passagens estreitas que poderiam ser utilizadas por navios e submarinos durante operações militares. 

Portanto, o controle dessas ilhas é de extrema importância para potências que desejem manter uma presença militar na região.

Fonte: ResearchGate

Qual é a Importância Estratégica do Estreito de Luzon?

A importância estratégica do Estreito de Luzon é multifacetada, envolvendo considerações militares, econômicas e políticas.

O Estreito de Luzon é uma das principais vias de navegação do mundo, servindo como um canal crítico para o transporte de mercadorias entre a Ásia Oriental e o resto do mundo. 

Navios que transitam por este estreito transportam uma vasta gama de produtos, desde petróleo até bens de consumo. Além disso, o estreito é uma rota aérea importante para voos militares e comerciais.

 

Em termos militares, o Estreito de Luzon é considerado um “gargalo” estratégico. Durante um potencial conflito, especialmente envolvendo Taiwan, o controle deste estreito poderia permitir a uma força militar negar ou limitar o acesso de inimigos ao Mar do Sul da China ou ao Pacífico Ocidental. 

Para a China, que reivindica Taiwan como parte de seu território, o Estreito de Luzon é crucial. A perda de controle sobre este estreito significaria a perda de uma rota de fuga para sua marinha e uma limitação em sua capacidade de projetar poder na região.

A localização geográfica torna o Estreito um ponto de estrangulamento que, em tempos de conflito, pode ser controlado para limitar o movimento das forças navais adversárias. 

Para os EUA, garantir a liberdade de navegação no estreito e apoiar seus aliados regionais, como as Filipinas, é essencial para conter a crescente influência chinesa na região. Por outro lado, a China busca manter uma presença forte no estreito para suas ambições de reunificação com Taiwan e controle do Mar do Sul da China.

Como os EUA, Junto com as Filipinas, Vêm Reforçando a Segurança Dessa Região?

Nos últimos anos, as Filipinas, com o apoio dos Estados Unidos, têm tomado medidas para reforçar a segurança no Estreito de Luzon e nas áreas ao redor. 

A cadeia de ilhas Batanes, localizada no meio do estreito, se tornou um ponto indispensável para essas iniciativas. As Ilhas Batanes, em particular, a ilha de Mavulis, são vistas como uma barreira estratégica que protege a entrada norte do arquipélago filipino.

Recentemente, o governo filipino anunciou a expansão da infraestrutura naval na ilha de Mavulis, um movimento que demonstra a preocupação de Manila com as atividades militares da China na região. 

O Ministério da Defesa das Filipinas destacou a importância de Mavulis como um território estratégico que deve ser defendido a todo custo. Em resposta a essa nova realidade, as Filipinas estão enviando tropas adicionais e desenvolvendo infraestruturas militares na ilha, uma decisão que tem provocado reações de Pequim.

Em abril de 2024, durante os exercícios militares conjuntos Salaknib 2024, os EUA implantaram o sistema de mísseis de Capacidade de Médio Alcance (MRC) Typhon no norte de Luzon

Esta foi a primeira vez que esse lançador de mísseis, capaz de disparar mísseis de cruzeiro Tomahawk e mísseis SM-6, foi implantado na região do Indo-Pacífico, marcando um passo significativo na dissuasão militar dos EUA e Filipinas contra a China.

Como a Presença Militar dos EUA tem Gerado Tensões nas Relações Filipinas X China e EUA X China?

A presença militar das Filipinas nas Ilhas Batanes e a cooperação com os EUA têm irritado profundamente a China. Pequim vê as ações de Manila como uma ameaça direta aos seus interesses estratégicos na região. 

 

Como já dito, a China considera o Estreito de Luzon como uma importante rota para suas operações navais, especialmente no cenário de conflito com Taiwan

A presença militar das Filipinas nas Ilhas Batanes limita a liberdade de manobra da China na região e poderia impedir ou dificultar o movimento de suas forças navais em direção ao Pacífico Ocidental.

Além disso, é importante considerar que, embora a China pudesse optar por mover suas forças pelo norte de Taiwan, essa rota apresenta desafios estratégicos significativos. A presença de Okinawa e outras ilhas japonesas próximas a Taiwan cria uma barreira natural e militarmente robusta, capaz de “fechar a porta” para os chineses nessa direção.

Por isso, a China tem aumentado suas atividades militares no Mar do Sul da China e reforçado suas reivindicações territoriais sobre a região, em resposta às Filipinas. A retórica vinda de Pequim tem se tornado cada vez mais agressiva, com oficiais chineses alertando para as “consequências” das ações filipinas. 

No entanto, as Filipinas – com apoio dos EUA – têm resistido à pressão chinesa, reafirmando sua soberania sobre as ilhas Batanes e seu direito de reforçar a defesa dessas ilhas.

Com essa dinâmica, o Estreito de Luzon passa a ser um possível ponto de confronto entre Pequim e Washington. 

Com as Filipinas fortalecendo suas defesas e os EUA aumentando sua presença militar, o estreito pode se tornar um ponto de teste para a determinação da China de afirmar suas reivindicações territoriais e sua capacidade de resistir à pressão externa. 

Quais são as Previsões Geopolíticas sobre o Futuro do Estreito de Luzon?

O futuro geopolítico do Estreito de Luzon não será apenas uma questão de militarização e rivalidade entre grandes potências, mas também de como essas dinâmicas irão influenciar a arquitetura de segurança regional e a balança de poder no Indo-Pacífico. 

Uma análise desse cenário sugere que, além do confronto direto entre Estados Unidos e China, o Estreito de Luzon pode se tornar o palco de uma nova forma de guerra híbrida, onde a luta por influência poderá ocorrer tanto através de meios convencionais quanto assimétricos, como a guerra cibernética, desinformação e o uso de forças paramilitares como os pequenos homens azuis Chineses.

Pequim, por exemplo, pode explorar as crescentes divisões internas nas Filipinas, como as questões de soberania e governança local nas ilhas Batanes, para enfraquecer a posição de Manila sem recorrer ao confronto direto. 

 

A China poderia apoiar movimentos separatistas ou promover desinformação para criar instabilidade política, utilizando seu poder econômico para atrair líderes regionais filipinos para sua órbita, enfraquecendo assim a posição unificada de defesa que Manila e Washington tentam estabelecer.

Paralelamente, os Estados Unidos, cientes de que uma guerra convencional com a China teria custos exorbitantes, podem intensificar suas operações de “zona cinzenta” na região, como o envio de navios não militares ou operações de inteligência para coletar dados e dissuadir a presença chinesa. 

O apoio a aliados regionais pode ser expandido através de formas menos visíveis de assistência, como o treinamento em guerra cibernética e o fortalecimento das defesas locais através de tecnologias emergentes, como drones de vigilância e inteligência artificial.

Uma tática adicional seria o uso de pescadores chineses paramilitares no estreito de Luzon. Esses pescadores, frequentemente alinhados ao governo chinês, poderiam começar a forçar sua presença na região, entrando em conflito com a guarda costeira filipina.

Apesar de serem tecnicamente civis, sua conexão com o aparato militar chinês torna a situação mais complexa. Caso as Filipinas usassem sua guarda costeira para responder, a narrativa internacional poderia enquadrá-las como agressoras, criando um dilema político e diplomático, uma vez que a percepção seria de que Manila estaria atacando civis e não paramilitares.

Além disso, o Estreito de Luzon pode se transformar em um campo de teste para a eficácia de novas alianças multilaterais na Ásia-Pacífico, como o QUAD (Diálogo de Segurança Quadrilateral entre EUA, Japão, Índia e Austrália), o AUKUS, e outras parcerias regionais. 

Esses blocos podem começar a desempenhar um papel mais ativo, não apenas em dissuadir a China, mas também em moldar normas e regras que regem o uso do estreito e, por extensão, o Mar do Sul da China

A cooperação naval e a partilha de informações de inteligência entre esses países poderiam resultar em uma nova forma de equilíbrio de poder, onde a influência é mantida não apenas pela presença militar, mas pela possível superioridade tecnológica e coordenação estratégica.

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