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4 Riscos Geopolíticos da Evolução da Inteligência Artificial (IA) na Sociedade Mundial

  • A Inteligência Artificial é uma tecnologia em rápido desenvolvimento e revolucionária para diversos setores da sociedade contemporânea;
  • A tecnologia carrega consigo dilemas éticos a serem discutidos entre organizações privadas e Estados;
  • O desenvolvimento da IA pode gerar competições em economia, segurança e defesa, e acarretando até mesmo em uma nova corrida armamentista.

A evolução da Inteligência Artificial (IA) tem se tornado cada vez mais complexa e abrangente. A tecnologia promete revolucionar diversos setores da sociedade, desde a indústria até os serviços públicos e a vida cotidiana das pessoas. 

No entanto, essa convergência também traz consigo uma série de desafios geopolíticos que exigem uma abordagem cuidadosa e colaborativa. Ao enfrentar esses desafios, podemos aproveitar todo o potencial dessas tecnologias para criar um futuro mais inteligente e sustentável.

Fonte: Claude AI UK 

O crescimento da Inteligência Artificial – Open AI Chat GPT, Google Bart, Meta LLaMA e outras

A inteligência artificial tem uma história intrigante de crescimento e desenvolvimento ao longo das décadas. Embora as bases teóricas e os primeiros conceitos da IA tenham surgido no século XX, foi nas últimas décadas que a tecnologia realmente começou a se expandir e se disseminar em várias áreas da vida cotidiana.

Na década de 1950, pesquisadores pioneiros, como Alan Turing e John McCarthy, estabeleceram as bases teóricas da IA, com ideias sobre máquinas que podem simular o pensamento humano. No entanto, o desenvolvimento prático da IA enfrentou desafios significativos devido à limitação de poder de processamento dos computadores da época e à falta de conjuntos de dados e algoritmos adequados.

Durante as décadas de 1960 e 1970, houve avanços notáveis na IA, incluindo o desenvolvimento de programas capazes de resolver problemas complexos, como o famoso programa de xadrez desenvolvido por Arthur Samuel. No entanto, o progresso foi limitado, e a IA passou por um período de estagnação conhecido como “inverno da IA” na década de 1980, devido à falta de avanços significativos e ao financiamento reduzido.

Foi na década de 1990 que a IA começou a mostrar sinais de ressurgimento. O poder de processamento dos computadores aumentou significativamente, permitindo o processamento de grandes quantidades de dados e a execução de algoritmos mais complexos. 

Além disso, o crescimento da internet e a disponibilidade de grandes quantidades de dados digitais forneceram uma base sólida para treinar e aprimorar algoritmos de IA.

Com o início do século XXI, a IA começou a se integrar em várias aplicações práticas. Algoritmos de aprendizado de máquina, como redes neurais artificiais e algoritmos genéticos, foram aplicados em áreas como reconhecimento de fala, visão computacional, processamento de linguagem natural e recomendações personalizadas.

Nos últimos anos, houve avanços notáveis na área da IA, impulsionados pelo crescimento exponencial dos dados, pelo aumento da capacidade computacional e pela melhoria dos algoritmos. 

A inteligência artificial agora está presente em várias indústrias, como saúde, finanças, transporte, manufatura e entretenimento. Chatbots, assistentes virtuais, carros autônomos, reconhecimento facial e assistência médica baseada em IA são apenas alguns exemplos de como a IA está transformando nossa sociedade.

Embora o campo da IA tenha progredido significativamente, ainda há muito espaço para crescimento e desenvolvimento. Desafios como ética, transparência, interpretabilidade dos resultados e equidade estão sendo discutidos e abordados para garantir que a IA seja usada de forma responsável e benéfica para a sociedade como um todo.

Os riscos geopolíticos que o crescimento e desenvolvimento de Inteligência Artificial podem trazer

Porém, esse crescimento da capacidade da IA também pode ter consequências negativas para sociedade caso não haja algum tipo de regulamentação. Além disso, departamentos de defesa de vários países estão pesquisado como IA pode ser usada no campo de batalha, potencialmente aumentando o risco de conflitos armados.

Desta forma, tanto o uso civil como o uso militar da AI pode eventualmente gerar riscos geopolíticos.

De acordo com Ian Bremmer, existem quatro riscos geopolíticos que o desenvolvimento da Inteligência Artificial pode trazer. 

Bremmer é um cientista político, autor e analista de risco político, conhecido por sua expertise em geopolítica, política internacional e economia global, Bremmer também é autor de livros influentes sobre temas como globalismo e a relação entre Estados e corporações. Sua visão abrangente e autoridade em estudos de risco político o tornam uma figura proeminente no campo.

Dito isto, segundo o cientista político, os quatro riscos são:

  1. Desinformação: Com o avanço da IA, torna-se cada vez mais difícil distinguir entre bots (robôs) de IA e seres humanos, especialmente em texto, áudio e vídeo. Isso pode levar à incapacidade de discernir a verdade da falsidade, resultando em consequências negativas para as democracias. Enquanto os países autoritários podem usar a IA para fortalecer sua estabilidade política, em países democráticos, isso pode corroer as instituições e o espaço da informação.
  2. Proliferação: O risco de proliferação de tecnologias de IA por atores mal-intencionados é uma preocupação significativa. O aumento do acesso à tecnologia de IA pode permitir a criação de vírus perigosos, drones autônomos letais, malwares (programas maliciosos)  e outras ameaças cibernéticas. Isso pode dificultar as respostas eficazes, tanto para governos quanto para instituições, ampliando os desafios de segurança.
  3. Risco de deslocamento: O avanço da IA pode resultar na substituição de empregos humanos por automação. Embora novos empregos surjam e a produtividade aumente, o deslocamento de trabalhadores pode gerar insatisfação e criar tensões sociais. A falta de políticas adequadas para requalificação e apoio aos afetados pelo deslocamento pode levar ao aumento do apoio a políticos anti-establishment e a um sentimento de ilegitimidade dos líderes políticos.
  4. Risco de substituição: Existe a preocupação de que a interação humana seja substituída pelo relacionamento com a tecnologia. A dependência excessiva de relacionamentos com IA pode levar à desumanização e ao isolamento social. Quando os interesses das empresas de IA não estão alinhados com o bem-estar humano, há o risco de disfunção e de perda de conexões humanas essenciais para o desenvolvimento social e emocional.

Esses quatro riscos ressaltam a necessidade de abordar não apenas o progresso tecnológico da IA, mas também seus impactos sociais, éticos e geopolíticos para garantir um desenvolvimento equilibrado e benéfico para a humanidade.

Inteligência artificial – a nova corrida armamentista

Como mencionado acima, a IA tem sido objeto de um crescente interesse e desenvolvimento em várias áreas, incluindo militar e defesa. A busca por tecnologias de IA aplicadas a armas e drones autônomos também tem despertado debates éticos e preocupações sobre uma potencial nova corrida armamentista.

A Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos é uma das principais impulsionadoras dessa corrida. A DARPA tem investido significativamente em projetos de IA voltados para a criação de armas autônomas, capazes de tomar decisões e realizar ações sem intervenção humana direta.

O desenvolvimento de drones autônomos é uma área de particular interesse. Essas aeronaves não tripuladas podem ser equipadas com sistemas de IA avançados, permitindo-lhes tomar decisões de forma independente durante uma missão. Isso pode incluir a seleção de alvos, avaliação de ameaças e execução de ataques.

Embora a perspectiva de armas e drones autônomos seja vista por alguns como uma vantagem estratégica e uma maneira de reduzir o risco para as forças militares, também surgem preocupações significativas. Uma das principais preocupações é a falta de controle humano direto sobre as ações dessas armas, o que pode levar a consequências imprevistas e a um aumento da letalidade dos conflitos.

Há também preocupações éticas sobre a responsabilidade pelas ações dessas armas autônomas. Quem é responsável quando um drone autônomo comete um erro ou causa danos colaterais? Como garantir a conformidade com o direito internacional humanitário e os princípios de proporcionalidade e distinção quando as decisões são tomadas por algoritmos?

Diante dessas preocupações, há um debate em andamento sobre a necessidade de estabelecer regulamentações internacionais para controlar o desenvolvimento e uso de armas e drones autônomos. 

Algumas organizações e especialistas defendem a proibição total dessas armas, enquanto outros argumentam por limitações estritas para garantir a supervisão humana adequada.

Países em destaque no investimento de IA para fins militares

Atualmente, diversos países estão investindo significativamente em inteligência artificial para fins militares, reconhecendo o potencial dessa tecnologia para fortalecer suas capacidades de defesa. Alguns países em destaque nesse investimento incluem:

  1. Estados Unidos: Os Estados Unidos têm uma longa história de liderança em tecnologia militar e são pioneiros no uso da IA em suas operações de defesa. O país tem investido em projetos como sistemas de armas autônomas, análise de dados de inteligência, sistemas de vigilância e cibersegurança baseados em IA.
  2. China: A China tem demonstrado um rápido crescimento em seu investimento em IA para fins militares. O país busca se tornar uma potência tecnológica global e tem desenvolvido drones autônomos, sistemas de defesa aérea baseados em IA, veículos de combate não tripulados e sistemas de reconhecimento facial para uso militar.
  3. Rússia: A Rússia também está investindo consideravelmente em IA para fins militares. O país tem desenvolvido sistemas de armas autônomas, drones de combate, sistemas de defesa aérea avançados e algoritmos de IA para análise de dados de inteligência e tomada de decisões.
  4. Reino Unido: O Reino Unido tem se concentrado em impulsionar a pesquisa e o desenvolvimento em IA para uso militar. O país investe em projetos como sistemas de defesa autônomos, cibersegurança, análise de big data e veículos aéreos não tripulados.
  5. Israel: Israel é conhecido por sua indústria de defesa altamente avançada e tem incorporado a IA em várias áreas militares. O país tem desenvolvido drones autônomos, sistemas de defesa aérea, cibersegurança baseada em IA e sistemas de vigilância inteligentes.
  6. Turquia: A Turquia tem sido reconhecida como um país que desenvolveu e utiliza ativamente drones autônomos em suas operações militares. Um dos drones mais proeminentes e avançados produzidos pela Turquia é o Bayraktar TB2, fabricado pela empresa turca Baykar Makina. Além disso, recentemente o país apresentou o primeiro navio não tripulado ao mundo.

Esses são apenas alguns exemplos de países que estão se destacando no investimento em IA para fins militares, mas suficientes para incitar o interesse e a importância do tema em âmbito internacional.

A importância geopolítica do desenvolvimento de Inteligência Artificial

O desenvolvimento da inteligência artificial possui uma importância geopolítica significativa no cenário internacional. A IA está se tornando uma área estratégica crucial para os países, com implicações profundas em várias dimensões geopolíticas. 

Alguns aspectos-chave que ressaltam a importância geopolítica da IA são:

  • Competição tecnológica: Os países estão buscando liderar o desenvolvimento e a aplicação da IA para obter vantagens econômicas, militares e de segurança;
  • Segurança e defesa: O desenvolvimento de IA na área de segurança e defesa pode ter implicações profundas nas estratégias militares, nas relações internacionais e até mesmo na estabilidade global.
  • Influência geopolítica: Os países que dominam a IA podem exercer influência sobre os padrões, regulamentos e normas globais relacionadas à IA. Isso pode ter implicações na governança da IA, na privacidade dos dados, na ética e na segurança cibernética.
  • Desafios e preocupações: A forma como os países lidam com esses desafios e estabelecem políticas e regulamentações relacionadas à IA pode influenciar sua posição geopolítica.
  • Cooperação e competição: Enquanto alguns países competem para liderar o desenvolvimento de IA, outros buscam cooperação internacional para enfrentar desafios comuns, compartilhar conhecimento e estabelecer padrões éticos e legais para o uso da IA.

Em suma, o desenvolvimento desta tecnologia possui uma importância geopolítica significativa, influenciando a competitividade (ou colaboração) na economia, segurança e defesa e nos desafios globais. Ao que tudo indica, o futuro da geopolítica será cada vez mais moldado pela evolução e aplicação da IA.

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