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7 Fatos sobre o Alargamento da União Europeia para os Balcãs Ocidentais

O Alargamento da União Europeia é o processo de expansão do número de países que compõem a União Europeia (UE), através da adesão de novos Estados-membros ao bloco.

O processo de alargamento ou expansão começou com os 6 países originais, fundadores da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (antecessora da UE) em 1952.

Desde então, a UE cresceu para 28 membros sendo a expansão mais recente a da Croácia em 2013, para diminuir para 27 membros com a saída do Reino Unido em janeiro de 2020.

Atualmente, há negociações de adesão em andamento com vários países da região dos Balcãs Ocidentais. Entre candidatos oficiais e potenciais candidatos para se tornarem membros da União Europeia estão a Sérvia, Montenegro, Macedônia do Norte, Albânia, Kosovo, Bósnia e Herzegovina, e ainda a Turquia.

Os países são testados em sua capacidade de se alinhar a um grande corpo de regras e padrões da União Europeia, dividido em 35 capítulos. É um processo complexo que demora anos ou até décadas, mas eventualmente, os candidatos oficiais acabam se tornando estados-membros da UE.

Porém, esse processo de alargamento da União Europeia em direção aos Balcãs Ocidentais está em passos lentos no momento. Há vários fatores por trás desta falta de entusiasmo do bloco em acrescentar novos membros, bem como alguns fatores a favor da expansão.

Entre os fatores que influenciam a possibilidade de alargamento da União Europeia nos Balcãs estão:

  1. O efeito Viktor Orban na Hungria e uma Polônia rebelde

Como mostram os casos da Polônia e da Hungria, só porque um país atende aos critérios de acensão à União Europeia, nem sempre é um bom ajuste. Quando os dois países aderiram à UE em 2004, ambos tinham governos amplamente pró-UE. Isso agora mudou, e a ascensão do partido Fidesz de Viktor Orban em Budapeste e do partido Lei e Justiça em Varsóvia causou uma série de dores de cabeça para os líderes da UE, com os seus questionamentos da primazia da própria legislação da UE. 

  1. O veto de Macron, o presidente Francês

Como é de se esperar com um grupo de 27 democracias, também existem considerações domésticas – especialmente em torno da imigração e do apoio financeiro para as nações mais pobres. Em nenhum lugar isso é mais aparente do que na França, onde o veto de Macron às negociações da UE com a Albânia e a Macedônia do Norte pode ter tido mais do que preocupações burocráticas sobre os processos de alargamento da UE por trás disso.

  1. Problemas de vizinhança dentro dos Balcãs

Depois, há os próprios países. Montenegro é o único dos seis candidatos dos Balcãs na metade superior das classificações de corrupção da Transparência Internacional, enquanto o crime organizado continua abundante em alguns, especialmente na Albânia.

Para outros, as cicatrizes da guerra ainda estão em carne viva, transformando uma recente disputa entre Sérvia e Kosovo sobre placas de automóveis em um impasse na fronteira.

  1. O aumento de influência da Rússia e China na região

A região dos Balcãs é extremamente importante geoestrategicamente. Ela está geograficamente dentro da União Europeia, é uma região conexão de transporte e energia entre a Europa e Ásia via Turquia, e por isso também atrai atenção e investimentos de outras potências mundiais.

A Rússia tem grande influência na Sérvia desde os anos 90 quando a apoiou durante a Guerra dos Balcãs. A China incluiu vários dos países dos Balcãs na sua nova “Rota da Seda” ou Belt and Road Initiative (Iniciativa do Cinturão e Rota) investindo em pontes, estradas e portos na região, e, mais recentemente, com a “diplomacia de vacinas.”

Se a União Europeia não avançar nas negociações de ascensão desses países, eles podem acabar se alinhando à Rússia ou China, o que seria uma grande derrota estratégica para a UE.

  1. O projeto Open Balkan

Algumas das nações dos Balcãs não estão esperando a UE fazer sua cabeça. O Open Balkan, uma iniciativa anunciada em julho de 2021, visa integrar ainda mais as economias da Albânia, Macedônia do Norte e Sérvia em uma espécie de mini-União Europeia. Eventualmente, os outros países da região como Montenegro e Bósnia também poderiam aderir a esse mini-bloco político-económico.

Se essa união nos Balcãs vier a acontecer, seria difícil para a União Europeia aceitar somente um ou outro país específico da região sem aceitar todos ao mesmo tempo.

  1. Associação à OTAN como primeiro passo antes da União Europeia

Nem todos os países da União Europeia fazem parte da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a maior aliança militar da história da humanidade. Países como a Suécia, Finlândia, Irlanda, Áustria, e Malta fazem parte da UE mas não da OTAN.

Porém, ultimamente, tem se seguido a tradição onde um país primeiro se torna membro da OTAN, e depois é esperado que também se torne membro da UE. Mas essa tradição foi quebrada quando Montenegro e a Macedônia do Norte se uniram a OTAN, mas não tiveram avançadas a suas entradas à UE. Já a Albânia, membro da OTAN há mais tempo, também não viu sua candidatura ao bloco Europeu avançar. A tradição OTAN-UE foi quebrada.

  1. O potencial aumento de imigrantes e da “fuga de cérebros” dos Balcãs para a Europa Ocidental

O receio que a Europa Ocidental tem de um aumento do número de emigrantes de novos membros para os países mais ricos do bloco já é bem conhecida. Porém, há um outro problema que pode prejudicar mais os países mais pobres do que os mais ricos: a “fuga de cérebros.”

O chamado “brain drain” ou fuga de cérebros é a emigração de trabalhadores altamente qualificados e educados de países pobres para países mais ricos. No caso Europeu, esse fenômeno é muito alto em 3 dos 6 países dos Balcãs Ocidentais – Albânia, Bósnia e Herzegovina e Kosovo. É especialmente pronunciado na Albânia, onde 40 por cento das saídas cumulativas no período analisado (2012-2019) foram de pessoas com alto nível de educação.

Essa fuga de cérebros se acentuaria com a entrada desses países na União Europeia uma vez que seria estabelecida a livre circulação de pessoas entre os novos estados-membros e os antigos e mais ricos. Eventualmente, esses países mais pobres ficariam desprovidos de seus trabalhadores mais qualificados, dificultando ainda mais o seu desenvolvimento.

***

A União Europeia é um dos maiores projetos político-econômico-social da história da humanidade. Levará décadas e gerações para se desenvolver. Eventualmente, quase todos os países da Europa farão parte dele, inclusive Ucrânia e Moldávia que ainda não foram mencionados.

Então a questão não é SE, mas QUANDO, os países dos Balcãs Ocidentais irão se juntar o bloco, mas a que custo para sua população e a Europa em geral.

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