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Como o Vietnã Está Copiando a China e Também Criando Ilhas Artificiais em Território Contestado Aumentando o Potencial para um Novo Conflito

  • Desde novembro de 2023, o Vietnã aumentou a área de suas ilhas artificiais, adicionando uma área equivalente a 692 campos de futebol, totalizando cerca de 2.360 acres.
  • A recente expansão vietnamita no Mar do Sul da China elevou as tensões com a China e outros países vizinhos, potencialmente provocando respostas militares e diplomáticas mais agressivas.
  • O Mar do Sul da China, crucial para o comércio global e rico em recursos naturais, está se tornando cada vez mais militarizado, aumentando o risco de conflitos internacionais.

Nos últimos anos, o Mar do Sul da China tem se tornado um dos pontos mais críticos de tensão geopolítica no mundo. O Vietnã, em um movimento que espelha as ações da China, está acelerando seus esforços de construção de ilhas artificiais. 

Esta estratégia tem o potencial de alterar o equilíbrio de poder na região, aumentando as tensões entre os países vizinhos e potencialmente desencadeando novos conflitos. Com uma disputa territorial já complicada, a recente expansão do Vietnã pode acabar acelerando confrontos militares e disputas diplomáticas.

Fonte: ResearchGate

Como a China foi pioneira na expansão artificial no Mar do Sul da China?

A China começou sua campanha de construção de ilhas artificiais em 2013, transformando recifes e bancos de areia submersos em bases militares completas. 

Entre 2013 e 2015, a China criou aproximadamente 4.650 acres – o equivalente a aproximadamente 3.523 de campos de futebol – de novas terras nas Ilhas Spratly e Paracel, áreas fortemente disputadas com outros países da região.

A construção inclui pistas de pouso, portos e instalações de radar, capazes de suportar operações militares de grande escala. Essas ilhas agora servem como postos avançados estratégicos para a China, solidificando suas reivindicações sobre vastas áreas marítimas.

 

Pequim argumenta que suas ações são legítimas e baseadas em direitos históricos. No entanto, essas expansões têm sido amplamente criticadas pela comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, que veem essas ações como uma tentativa de militarizar uma das rotas marítimas mais importantes do mundo. 

O Mar do Sul da China é crucial para o comércio global, com cerca de um terço do comércio marítimo mundial passando por essas águas.

A estratégia da China não se limita apenas à construção de ilhas. Pequim também têm usado táticas de pressão econômica e militar para afirmar suas reivindicações. 

Patrulhas frequentes da guarda costeira chinesa e a presença de milícias marítimas têm aumentado a pressão sobre os países vizinhos, dificultando sua capacidade de contestar as ações chinesas. 

Além disso, a China tem investido em infraestrutura civil nas ilhas, como centros de pesquisa e estações de monitoramento, para reforçar sua presença e justificar suas atividades.

Como o Vietnã copiando a estratégia Chinesa no Mar do Sul da China?

Em resposta às ações chinesas, o Vietnã tem intensificado suas próprias operações de dragagem e aterro para a formação de ilhas. 

Nos últimos três anos, a área de ilhas artificiais vietnamitas aumentou mais de sete vezes, alcançando aproximadamente metade do tamanho das ilhas criadas pela China. 

Desde novembro de 2023, o Vietnã adicionou uma área equivalente a aproximadamente 524 campos de futebol em 10 locais nas Ilhas Spratly, trazendo o total de terra recuperada para cerca de 2.360 acres.

Fonte: Wikipedia

Essas expansões não são apenas uma questão de aumentar território, mas também de fortalecer a infraestrutura militar. O Vietnã tem construído pistas de pouso, portos e outras instalações militares nas ilhas recém-criadas. 

Por exemplo, a maior base vietnamita, o Recife Barque Canada, quase dobrou de tamanho nos últimos seis meses, crescendo de 180 para 312 campos de futebol. Esse recife agora pode suportar uma pista de pouso de 3.000 metros, comparável às encontradas nas maiores ilhas artificiais da China.

A estratégia do Vietnã é claramente influenciada pelas ações chinesas. Ao seguir o exemplo de Pequim, Hanoi está enviando uma mensagem clara de que está disposto a defender suas reivindicações territoriais de maneira agressiva. 

 

No entanto, ao fazer isso, o Vietnã também está aumentando o risco de confrontos militares diretos com a China e outros países reivindicantes, como as Filipinas e a Malásia.

Além das considerações militares, a expansão das ilhas vietnamitas também visa fortalecer a presença econômica do país na região. 

O Mar do Sul da China é rico em recursos naturais, incluindo petróleo e gás, além de ser uma área de pesca vital. Então, ao consolidar seu controle sobre mais ilhas e recifes, o Vietnã pode garantir melhor acesso a esses recursos, o que é importante para sua economia.

Qual é o histórico de conflito entre o Vietnã e a China?

O Mar do Sul da China tem sido um ponto de discórdia entre o Vietnã e a China por décadas. Ambos os países têm reivindicações históricas sobre várias ilhas e recifes da região. 

Nos anos 1970 e 1980, ocorreram vários confrontos navais entre os dois países, resultando em perdas humanas e materiais. Um dos incidentes mais lembrados ocorreu em 1988, quando uma batalha naval entre China e Vietnã resultou na morte de mais de 70 soldados vietnamitas.

Mais recentemente, com a construção de ilhas artificiais pela China e as respostas do Vietnã, as tensões ressurgiram. 

Em 2014, a instalação de uma plataforma de petróleo chinesa em águas disputadas levou a confrontos violentos entre embarcações chinesas e vietnamitas. Esse incidente desencadeou protestos anti-China no Vietnã, destacando a grande desconfiança entre os dois países.

Além das disputas marítimas, há também um contexto histórico de rivalidade e conflito terrestre entre China e Vietnã. A guerra sino-vietnamita de 1979, embora breve, deixou cicatrizes profundas e contribuiu para a desconfiança mútua. 

 

No entanto, apesar dos esforços recentes para melhorar as relações bilaterais, como visitas diplomáticas e acordos comerciais, as disputas territoriais no Mar do Sul da China continuam a ser uma fonte de tensão.

A política externa do Vietnã tem se focado em equilibrar sua relação com a China enquanto busca apoio de outros atores internacionais. Hanoi tem cultivado laços mais estreitos com os Estados Unidos, a Índia e a União Europeia, buscando contrabalançar a influência chinesa. 

Esta abordagem, conhecida como “equilíbrio externo”, visa garantir que o Vietnã não fique isolado em suas disputas com a China e que tenha aliados poderosos para apoiar suas reivindicações territoriais.

Há potencial para um conflito no Mar do Sul da China entre Pequim e seus vizinhos Vietnã e Filipinas?

A rápida expansão vietnamita no Mar do Sul da China tem o potencial de exacerbar as tensões não só com a China, mas também com outros países da região, como as Filipinas. 

Incidentes recentes, como colisões entre navios chineses e filipinos e o uso de canhões de água pela China, destacam a fragilidade da paz na área. A movimentação vietnamita pode ser vista como uma provocação, levando a uma resposta mais agressiva de Pequim.

A disputa territorial no Mar do Sul da China não é apenas uma questão de soberania, mas também de controle sobre rotas comerciais vitais e ricos recursos naturais. Portanto, qualquer escalada militar na região pode ter consequências devastadoras para a estabilidade regional e global. 

Os Estados Unidos também têm participado nesse cenário, apoiando os países do Sudeste Asiático em suas disputas contra a China. A presença naval americana na região é vista como um contrapeso à influência chinesa. 

Entretanto, essa presença também aumenta o risco de incidentes militares, como o ocorrido em 2018, quando um destróier chinês quase colidiu com um navio de guerra americano no Mar do Sul da China.

Além disso, a ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático) tem tentado mediar as disputas e promover um Código de Conduta no Mar do Sul da China. 

No entanto, a falta de unidade entre os membros da ASEAN e a resistência da China em aceitar termos vinculativos – ou seja, quando as partes envolvidas são obrigadas por lei a cumprir o que foi estabelecido neste acordo – têm dificultado o progresso. 

 

A recente expansão vietnamita pode pressionar a ASEAN a tomar uma posição mais firme, mas também pode dividir ainda mais o bloco.

Para as Filipinas, a situação é igualmente tensa. Em 2016, a Corte Permanente de Arbitragem de Haia decidiu a favor das Filipinas em uma disputa contra a China, invalidando as amplas reivindicações de Pequim no Mar do Sul da China. 

No entanto, a China rejeitou a decisão e continuou suas atividades na região. O governo filipino, sob o presidente Rodrigo Duterte, adotou uma postura conciliatória em relação à China, buscando investimentos e assistência econômica. 

Mas, incidentes recentes, como o uso de canhões de água contra barcos filipinos, têm aumentado a pressão sobre Manila para adotar uma postura mais firme.

A resposta internacional à situação no Mar do Sul da China também é um fator importante. A União Europeia, o Japão e a Austrália expressaram preocupações sobre a militarização da região e defenderam a liberdade de navegação. 

Esses países têm realizado operações de liberdade de navegação, navegando perto das ilhas disputadas para desafiar as reivindicações chinesas. 

A coordenação dessas ações com os Estados Unidos e outros aliados pode aumentar a pressão sobre a China, mas também pode intensificar as tensões.

O Vietnã, ao seguir a estratégia chinesa de construção de ilhas, está enviando uma mensagem clara sobre sua determinação em defender suas reivindicações territoriais. 

Porém, essa corrida armamentista no mar pode facilmente sair do controle, transformando uma disputa territorial em um conflito aberto com implicações internacionais. 

A necessidade de mecanismos diplomáticos eficazes e a promoção de um diálogo construtivo são urgentes para evitar uma escalada militar que poderia desestabilizar a região e ter repercussões globais.

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