- Um novo bombardeiro estratégico foi anunciado pelo exército americano como uma evolução do B-2;
- Diversas evoluções, além de uma tecnologia de ponta, chegam junto ao novo avião;
- O anúncio tão antecipado do B-21 reforça o aspecto dos Estados Unidos desejar se manter como líder geopolítico à frente da China.
Os Estados Unidos estão sempre testando, criando e evoluindo seus sistemas de armas ou forças armadas em geral, mas no cenário e contexto geopolítico atual, obter uma nova forma poderosa de usar armas nuclear pode conter mensagens subjetivas para as outras nações.
O B-21 Raider, sucessor do B-2, possui evoluções importantes e parece ser a nova aposta na estratégia nuclear do poderio militar americano.
Com mudanças significativas no modelo conhecido por sua grande furtividade aos radares, o B-21 pode ajudar na modernização da “tríade nuclear” dos Estados Unidos, um dos países que usa essa estratégia da forma mais consistente no mundo.
O que é um bombardeiro estratégico e seu papel Tríade nuclear
Desde que as guerras existem e equipamentos bélicos começaram a ser construídos, estratégias militares evoluíram para acompanhar tal desenvolvimento.
O bombardeio é uma dessas estratégias e compõe um dos pilares da estratégia de Tríade Nuclear. Com armamentos de grande capacidade, é possível impor dissuasão, demonstrar seu poder Estatal ou destruir completamente seu inimigo, dando um fim trágico à guerra, como na Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos lançaram bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, inferiores ao poder de destruição do que uma bomba nuclear teria agora.
Tendo armas tão poderosas, os países necessitam de estratégias nucleares consistentes e uma delas, a mais famosa e coerente, trata-se da “Tríade Nuclear.” Por mais que vários países como China, Índia, França e Rússia possuam armamentos e organizações baseadas nessa estratégia, a tríade dos Estados Unidos é uma das mais consolidadas e duradouras.
Com essa estratégia, os países conseguem lançar armas nucleares contra o inimigo via o ar, terra ou mar, usando 3 dos principais domínios militares. Dessa forma, aumenta-se a resiliência da capacidade de ataque nuclear de um país, pois caso um dos métodos de ataque fiquem inoperantes ou sejam eliminados, haverá outras alternativas.
A Tríade Nuclear se estrutura da seguinte forma:
- Bombardeiros Estratégicos: Aviões que carregam mísseis ou bombas para ataques nucleares ou convencionais. Eles são rápidos e compõem a primeira parte da tríade. Existem várias categorias e estratégias para bombardeios, porém a mais comum é seu uso como avisos ou ameaça para finalizar a guerra acabando com as capacidades do seu inimigo de continuar;
- Mísseis de Lançamento Terrestres (Mísseis Intercontinentais Balísticos): Como segundo componente da tríade estão os mísseis, que caem diretamente no alvo e são transportados por veículos especializados ou ficam alojados permanentemente em silos nucleares. Eles atingem o alvo de forma mais rápida e controlada. Além disso, é possível saber exatamente quem é o país efetuando o ataque e quem é o alvo. Porém, eles não podem ser usando como ameaça, pois se uma vez lançados, esses mísseis não podem ser desativados;
- Submarinos de Lançamento de Mísseis Balísticos: São mísseis como os anteriores, mas lançados por submarinos especializados para esse tipo de tarefa. Grande parte dos submarinos nucleares são destinados a esse fim, sendo muito importante para as grandes potências desde o período da Guerra Fria. Somente cinco países operam esse tipo de submarino: China, França, Inglaterra, Estados Unidos e Rússia.
As principais características do novo bombardeiro furtivo estratégico Nuclear Americano B-21 e suas diferenças em relação ao antigo B-2
A furtividade é uma característica fundamental, que diferencia o B-2 de outros bombardeiras ao redor do mundo. Ele tem tecnologias capazes de dificultar o acesso e a detecção dos radares a sua localização, facilitando o ataque aos alvos.
Além de sua furtividade chave, o B-2 também consegue voar por seis mil milhas sem necessitar de abastecimento e atingir os alvos de forma precisa. Entretanto, por ter sido criado na época da Guerra Fria e entregue logo após a queda da União Soviética, a tecnologia dessas aeronaves já se encontra ultrapassada, resultando em alguns acidentes que trazem baixas orçamentárias significativas para as forças aéreas americanas, considerando que seu valor de fabricação é de U$2.2 bilhões por unidade.
É daí que surge a necessidade dos Estados Unidos em investir em uma nova e atualizada versão do B-2, o novo avião americano B-21. O design de ambos são parecidos, os dois lembram uma asa, a furtividade e discrição também se mantém, mas as mudanças estratégicas e de tecnologia são destaques.
O B-21 representa a modernização da opção aérea da tríade nuclear dos Estados Unidos, capaz de transportar os mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs). Além disso, a frota aérea americana, relativamente desatualizada, consegue uma renovação após o governo concluir seu desejo de encomendar 100 unidades desse novo modelo.
Alguns dos destaques do B-21 em relação ao B-2 são:
- Economia: Com o B-2 custando U$2.2 bilhões de dólares para fabricação e mais de cem mil dólares para o funcionamento, além dos sistemas tecnológicos ultrapassados, a economia é um dos destaques do novo modelo.
Por outro lado o B-21 custará um pouco menos de US$ 700 milhões por unidade. Outra economia virá dos dados coletados pelo B-21, que serão armazenados em uma nuvem, também diminuindo assim os custos na infraestrutura;
- Modernidade: A modernidade reforça ao cenário geopolítico a força global do país, além de trazer diversos benefícios, como;
- Manutenção Facilitada: O trabalho dos engenheiros se torna mais simples com novas peças, design renovados e sistemas modernos, pois quanto mais antigos os componentes da aeronave, mais complexo é esse trabalho;
- Facilidade na Atualização do Sistema: Criado a partir das fortes e inteligentes tecnologias atuais, será mais fácil atualizar um sistema que não ficará ultrapassado rapidamente;
- Eventualmente podendo ser usado sem tripulação: Trazendo mais facilidade as missões de alto risco e evitando falhas que possam acontecer em decorrência a erros humanos, como nos drones militares.
Além disso, dados, armas e sensores estarão interligados no novo B-21, que parece ser a nova aposta para uma frota funcional. Ele também conseguirá transportar tanto armas nucleares quanto armas convencionais.
O avião também conta com um alcance global. Ele também é projetado com visão para possíveis atualizações futuras, facilitando esse processo e evitando que o B-21 se torne ultrapassado tão rapidamente, considerando que as tecnologias evoluem cada vez mais depressa.
“O B-21 é o futuro da dissuasão.”
– Northrop Grumman
A importância do lançamento do novo bombardeiro estratégico B-21 como mensagem à Rússia e à China em um momento de tensão com a Ucrânia
Com os Estados Unidos testando seu novo e potente B-21, uma arma estratégica que tem condições de fornecer grande superioridade nuclear e convencional, essa é quase uma resposta ou aviso simbólico aos outros países para mostrar que os EUA ainda são a maior potência bélica do mundo atual e que não pretende abandonar seu posto de líder geopolítico tão cedo.
Mesmo que o avião ainda não esteja em operação, tendo seus detalhes iniciais divulgados no começo de dezembro de 2022, o país já se impõe novamente de forma antecipada.
Por outro lado, a Rússia e a China ainda desejam tirar a hegemonia e a concentração de poder das mãos dos americanos, evoluindo constantemente seu armamento nuclear. Entretanto, com esse novo anúncio os Estados Unidos tentam mostrar de modo subliminar como sua tecnologia está muito à frente do que as armas dos outros dois países.
No fim, além da economia e das outras vantagens apontadas em relação à nova arma é a mensagem e o simbolismo geopolítico, um fator decisivo quando os países tomam suas decisões estratégicas.
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