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6 Principais Pontos da Nova Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos e Suas Consequências Geopolíticas

  • Os Estados Unidos divulgaram, no fim de 2022, sua nova Estratégia de Segurança Nacional;
  • O documento vê a China e a Rússia como os principais competidores estratégicos dos EUA;
  • Washington pretende usar seu sistema de alianças e nacionalismo econômico como arma estratégica contra Pequim e Moscou.

Publicado em outubro de 2022, no site oficial da Casa Branca, a nova Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos trata-se de um documento com 50 páginas que facilita a compreensão sobre o que o governo atual do país pensa sobre o cenário geopolítico atual, trazendo uma perspectiva norte americana sobre o que está acontecendo no mundo.

O documento é importante, pois além de reger a estratégia de segurança nacional, ele também irá ditar as estratégias econômicas e políticas dos Estados Unidos pelos próximos anos – ou pelo menos enquanto Joe Biden e os democratas continuarem no poder. Além disso, traz muitas mudanças importantes a geopolítica do país e do mundo como um todo.

Os 6 Principais Pontos da Nova Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos e Suas Consequências Geopolíticas
Fonte: Pixabay

O que é a Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos e qual o seu objetivo

A Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos é um documento publicado periodicamente, em média de quatro em quatro anos, com o intuito de listar as preocupações do atual governo, sendo este elaborado pelo poder executivo.

O documento de 2022 é objetivo sobre o que pensam os Estados Unidos em relação ao que está acontecendo no mundo atualmente, sem frases ou mensagens subjetivas que podem ser interpretadas de formas variadas ou errôneas, citando países e os desejos do governo atual.

A introdução é feita pelo presidente Joe Biden, que menciona a competição geopolítica atual, os interesses dos Estados Unidos e os desafios para atingir tais objetivos. Em suma, é um grande resumo do que o documento vai tratar, além da visão de Biden sobre o mundo e os pontos tratados na Estratégia de Segurança Nacional. 

Para compreender o documento, é possível dividir os pontos tratados em seis principais:

  1. Abordagem geral: Em seu início, o documento cita as intenções dos Estados Unidos de se manter engajado na liderança geopolítica. Apesar disso, o país declara não ter intenções de liderar por si só, mas liderar aqueles que possuem interesse de cooperar com o país e valores semelhantes.

Aqui, uma competição estratégica é citada, ressaltando como ela vai modelar a nova ordem mundial, além de reforçar as intenções do país de criar um mundo “livre, próspero, aberto e seguro” através de alianças globais, principalmente com a União Europeia e países do Indo Pacífico, o que afetaria diretamente a Rússia e China respectivamente, apesar dessa influência não ser citada no documento.

  1. Desafios estratégicos para o que está por vir: Novamente sendo comentada, o documento reafirma que a competição estratégica irá moldar cada vez mais a ordem mundial com os países lutando por sua soberania econômica, pois a Era pós Guerra Fria acabou e a década em que estamos será decisiva para como o mundo irá avançar.

Os tais desafios estratégicos citados são dois:

  • O anseio dos Estados Unidos por liderar e a competição para tal.
  • O fato de que o mundo ainda precisa lutar junto contra terrorismo, fome, doenças, mudanças climáticas, inflação e pandemias.

Ou seja, apesar do desejo de liderança dos Estados Unidos, o país ainda precisa colaborar com outros governos.

  1. Posição dos Estados Unidos da América no cenário mundial: O papel que o país exerce em um cenário mundial mais amplo também é um destaque do documento, que enfatiza a vontade de cooperar com aqueles países que compartilham dos mesmos valores, quase como uma mensagem a nações como Nova Zelândia, Austrália, Índia, Japão, Coreia do Sul e Canadá.

Então, a partir do momento em que essas alianças forem formadas, é salientada a necessidade de entender que o resto dos países são competidores econômicos, mas compreender que essas competições não precisam se transformar em conflitos.

  1. Visão geral dos Estados Unidos: Em busca deste mundo “livre (com direitos humanos e liberdades individuais respeitadas), aberto (com todos os países construindo as regras), próspero (com um aumento dos padrões de vida ao redor do mundo) e seguro (sem agressões e intimidações)”, o documento também informa o desejo do país em focar em três objetivos para buscar isso:
  • Poder e influência
  • Alianças políticas
  • Modernização e fortalecimento do poderio militar

  1. Pilares de pensamento: Aqui são destacados os principais pontos de pensamento que regem toda a nova Estratégia de Segurança Nacional, como o aumento do comércio local, mesmo que continuem exportações. Criação e fortalecimento de alianças com parceiros ao redor do mundo, buscando pelo menos um parceiro em cada continente que compartilhe dos mesmos valores dos Estados Unidos.

Eles também ressaltam a China como um dos seus maiores competidores geopolíticos, mesmo que o Irã também seja um desafio, não chega ao nível da China e a Rússia não recebe tanta importância por sua imprudência, considerando o conflito com a Ucrânia. 

Além disso, esse tópico ressalta o foco na América Latina e no Oriente Médio, principalmente na Região do Golfo pela sua concentração de petróleo.

  1. Prioridades Globais: Por fim, o documento destaca as prioridades dos Estados Unidos, como vencer a China em questões econômicas e impedir que ela remodele o cenário político mundial, ao mesmo tempo em que colaboram em questões climáticas, de saúde e em certos pontos econômicos.

Em relação à Rússia, o documento reforça as intenções dos Estados Unidos de continuar dando suporte e apoio à Ucrânia e fazer de tudo para que uma escalada nuclear não aconteça.

Por último, mas não sendo algo de menos importância, o país também salienta seus anseios por definir o futuro da tecnologia, do comércio cibernético e da economia como um todo.

Quais as consequências geopolíticas da nova Estratégia de Segurança Nacional Americana? Por que isso é importante?

Analisando os seis principais pontos declarados na Nova Estratégia de Segurança Nacional, é perceptível que os Estados Unidos consideram a China e a Rússia como os principais países competidores, focando que ambos não aceitaram o período pós Guerra Fria e desejam novos moldes para o mundo.

Tratando-se da China, o documento foca muito sobre a competição econômica, mas trazendo uma análise para questões políticas, é possível considerar, após alguns destaques do documento, que em um possível ataque a Taiwan por parte da China para mudar o status quo, os Estados Unidos dariam apoio militar a ilha.

Dessa forma, a República chinesa pode repensar antes de considerar ataques ou investidas como os da Rússia na Ucrânia.

Já em relação à Rússia, o documento deixa claro a imprudência do país, defendendo a Ucrânia e reforçando que os Estados Unidos continuará contra as invasões realizadas no país e o apoiando militarmente.

Ademais, baseado nos principais pontos destacados, também é possível considerar o fortalecimento da OTAN, aliança militar que conta com a participação de diversos países localizados no hemisfério norte, além de criação de tratados e fortalecimento das relações com a União Europeia. 

Além disso, com esse documento os Estados Unidos também demonstram a intenções em fortalecer a parceria do Quad, fórum em que o país se reúne com o Japão, Índia e Austrália para discussões. Isso já pôde ser observado antes mesmo da nova Estratégia de Segurança ser publicada, quando Biden se reuniu com os líderes dos países membros em 2021.

É importante ressaltar que os países do Quad se localizam no Indo Pacífico e, com os Estados Unidos fortalecendo esses laços, é claro o objetivo “velado” de conter a China nesta região.

Com tanta ênfase nas ideias de segurança, liberdade, abertura e prosperidade, é possível afirmar que os Estados Unidos também não realizarão, a curto prazo, invasões em outros países como fez com o Iraque em 2003 alegando levar a democracia, pois economicamente, militarmente e politicamente falando, realizar esses atos tem um alto custo financeiro, de imagem e de influência para Washington. Por isso, o país pode eventualmente se aliar às autocracias quando necessário, como com países do Oriente Médio

O terrorismo, que era um assunto recorrente nas estratégias nacionais anteriores não ganhou tanto foco no documento de 2022.

Por fim, os Estados Unidos podem apostar em um nacionalismo econômico, incentivando suas empresas, principalmente no ramo da tecnologia com os microchips, para competir economicamente com a China, através do protecionismo econômico que será benéfico para os EUA, mas não para seu concorrente, China, que pode acabar enfraquecido economicamente.

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