No dia 4 de Abril de 2022 ocorreu a primeira expedição espacial privada com astronautas pela Axiom em parceria com a SpaceX. Com propósito de realizar mais de 20 pesquisas na área da saúde, as empresas buscam incentivar investimentos na Baixa Órbita da Terra.
Por possuir um ambiente diferente do terrestre, com menor gravidade, o espaço possui um alto potencial de avanço nos estudos de tecnologia e de materiais.
A formação de uma economia privada na órbita terrestre é uma maneira de diversificar as produções e expandir o mercado para novas áreas. É uma mudança na dinâmica das relações econômicas para o nível espacial.
O que é LEO Economy: Comercialização da Órbita Terrestre Baixa
Com o avanço das tecnologias de satélites e de veículos espaciais no geral, o espaço se tornou um lugar para avançar as oportunidades comerciais.
Os bilionários como Jeff Bezos e Elon Musk já estavam avançando os seus negócios para a órbita espacial, com a Blue Origin de turismo espacial e a SpaceX de produção e manufatura de tecnologia espacial.
A comercialização da Órbita Terrestre Baixa (LEO, sigla em inglês) é a ação para desenvolver, popularizar e impulsionar a demanda por serviços e iniciativas de pesquisa e desenvolvimento no Espaço.
A especificação da produção no espaço aproveita a microgravidade para produzir materiais avançados. Toda a tecnologia envolvida neste processo é utilizada como uma maneira de diversificar o mercado, buscando a circulação e fabricação de bens de alto valor no espaço para clientes na Terra.
Até o momento, o domínio espacial possui predominância das agências governamentais, com suas estações espaciais e satélites de vigilância. Com a crescente participação de empresas privadas, há a construção desse novo campo para o mercado e expectativa de aumento da demanda por uma infraestrutura espacial para a manufatura de produtos, que sendo fabricados lá possuem uma exclusividade na qualidade.
A Estação Espacial Internacional (ISS, em inglês) está abrindo oportunidades para que as empresas privadas utilizem sua estrutura para as ações em LEO, e também a NASA está se envolvendo em mais de 14 instalações comerciais. Esse suporte torna possível e facilita o impulsionamento deste novo modelo de negócio e de inovações científico-tecnológicas.
Quais as atividades e serviços a serem comercializados na Órbita Terrestre Baixa
Com a possibilidade de obter materiais que não existem na Terra, é possível ultrapassarmos os limites que a ciência e a pesquisa encontram na atualidade.
O comportamento das matérias em baixa gravidade podem trazer novos conhecimentos eletrônicos e até biomédicos para um avanço da sociedade atual.
Além de turismo espacial, o desenvolvimento de um mercado mais forte na Baixa Órbita pode permitir em um futuro próximo um acesso regular ao espaço e crescimento da industrialização de serviços.
Enquanto que o espaço seja um ambiente inóspito para o corpo humano, alterando nossos líquidos corporais com a baixa gravidade, para materiais com maiores resistências é possível observar uma transmissão de informações com quase nenhuma perda e podem formar cristais.
A microgravidade permite que os materiais cresçam sem limites, permitindo que se misturem uniformemente e consigam se fundir estavelmente sem suportes externos. E, por ser um vácuo, ajuda na formação de materiais sem impurezas.
“[É a] Procura de soluções de alta tecnologia que exijam resoluções mais elevadas, processadores mais rápidos, maior banda larga, maior precisão, novos materiais, ligas únicas, processos inovadores, maior eficiência energética, mais processos em menor volume e ferramentas mais sofisticadas em geral estão empurrando materiais e processos para a fabricação ao ponto de defeitos a nível atômico e molecular,”
Lynn Harper, a líder de estudos integrativos para o escritório de parcerias do Portal Espacial no Ames Research Center da NASA, na Califórnia
Isso permitirá que o desenvolvimento em áreas científicas que não sejam viáveis na terra, seja uma realidade, além de incentivar a criação de empregos e pesquisas em uma nova forma de produção comercial.
A perspectiva da popularização da economia em LEO é para 2035.
Quais os principais players/empresas na comercialização do espaço
A primeira expedição espacial privada com astronautas em nave espacial foi executada pela Axiom Space, utilizando foguete da SpaceX e a estrutura espacial da ISS. Eles têm o objetivo de fazer 26 pesquisas em ciência e tecnologias biomédicas e já têm mais 3 viagens de expedição já agendadas.
Outro exemplo é a Made In Space Inc. (MIS), uma empresa especializada em fabricação no espaço, foi a pioneira na fabricação pela ISS com a sua fibra óptica ZBLAN. Esta fibra produzida pela MIS é de uma eficiência maior do que as produzidas na Terra.
A Industrial Crystal Facility (ICF), que também já utilizou a estrutura da ISS em fevereiro de 2021 para pesquisas, também produz cristais ópticos na microgravidade. Devido à natureza da Terra e da sedimentação, estes cristais ópticos não podem ser extraídos num ambiente com alta gravidade. Esses cristais produzidos no espaço são utilizados em processadores de computador avançados pela transmissão de dados mais eficientes.
Existe também a iniciativa da SpaceLink, com apoio de veículos espaciais da SpaceX, que busca criar uma rede de satélites em LEO para a transmissão mais igualitária de internet pelo mundo e áreas em desenvolvimento.
A futura tendência da comercialização espacial e a geopolítica espacial
Sendo o quinto domínio, o espaço sempre esteve nas mãos das instituições governamentais e a maior participação da ação privada mudará cada vez mais a dinâmica geopolítica espacial.
Empresas americanas, russas e chinesas são as principais na empreitada em LEO. Os países buscarão a maior participação, tanto pelas suas instituições governamentais espaciais quanto pela iniciativa privada, como forma de alcançar o domínio da órbita.
Além disso, a ISS tem a perspectiva de ser aposentada em um futuro próximo. A saída para que os lançamentos espaciais sejam realizados será a partir da nova estação espacial que a Axiom já está desenvolvendo. Os lançamentos internacionais dependerão da iniciativa privada para que executem suas expedições se não desenvolverem uma estrutura espacial própria.
A expansão econômica na baixa órbita ainda tem desafios e obstáculos para superar, principalmente na necessidade de abaixar os custos e sincronizar o ritmo da preparação das expedições às demandas do mercado.
Ainda é um avanço novo para a sociedade, mas assim que se concretizar enquanto um campo comercial de trocas, o espaço tomará um novo papel em nossas vidas.
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