Em Março de 2022 o presidente dos Estado Unidos, Joe Biden, declarou a volta de cerca de 500 tropas americanas para região da Somália após o crescimento de ataques de grupos extremistas do Estado Islâmico, Al-Shabab.
O ex-presidente Donald Trump, em 2021, retirou por volta de 700 tropas que ajudavam a estabilizar o país. Foi a partir disso que o grupo de Al-Shabab cresceu ainda mais, com diversos ataques inclusive ex–bases militares americanas.
Uma breve história da presença de tropas Americanas na Somália
A presença americana na Somália aumentou efetivamente a partir de 2007 com a “Guerra contra o Terror” (War on Terror) dos EUA. Porém, não é a primeira vez que tropas Americanas estiveram na Somália. No início dos anos 90, durante a presidência de Bill Clinton, tropas Americanas tentaram pacificar a região e ajudar na distribuição de ajuda humanitária pelas Nações Unidas com Forças de Paz internacionais.
Contudo, essa missão Americana terminou em tragédia quando 2 helicópteros Black Hawk Americanos foram abatidos em Mogadishu e vários militares dos EUA (Rangers e Delta) e centenas de militantes e civis morreram.
Esse incidente acabou com o apetite da população Americana para enviar tropas para regiões de guerra civil na África, voltando somente em 2007 como parte da sua grande “Guerra ao Terror” e para ajudar as tropas da União Africana a estabilizarem o país.
No fim do ano de 2021, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a retirada de 700 tropas americanas enviadas para diminuir a força terrorista da Al-Qaeda na Somália.
Desde a retirada das tropas, o grupo jihadista Al-Shabab cresceu cerca de 17%, de acordo com o estudo do Centro Africano de Estudos Estratégicos, subindo de 1771 incidentes violentos para 2072.
Porém, no mês de Março de 2022, o atual presidente Joe Biden declarou que haveria a volta de 500 tropas para as bases militares na Somália.
O anúncio aconteceu uma semana após a conferência Anti Estado-Islâmico em Marrocos, e faz parte da busca de recuperação de influência americana no Oriente Médio, após o fim da guerra no Afeganistão.
Os EUA possuem alta influência nas regiões vizinhas, principalmente na região autônoma de Somaliland, ainda não reconhecida internacionalmente, que se separou há 31 anos da Somália.
O comandante da AFRICOM (Comando África dos Estados Unidos), General Stephen Townsend, visitou a região autônoma e garantiu uma maior presença militar americana.
O grupo extremista Al-Shabab, a pirataria na Somália, e as tropas da União Africana para pacificação
Depois dos eventos trágicos da década de 90, a Somália virou uma espécie de anarquia sem um governo central. Isso levou a pirataria nas águas do Chifre da África por grupos extremistas somalis como forma de sobrevivência, fazendo o furto de mercadorias e tomando reféns para obter pagamentos pelo resgate.
Para combater essa nova onde de pirataria, vários forças navais do mundo começaram a patrulhar as águas da região da Somália com missões na ONU, OTAN (Ocean Shield), União Europeia (Atalanta) entre outras.
Desde 2007 também, a UA faz missão militar de paz regional em território somali (AMISOM), composta com cerca de 20.000 soldados que operam com mandato das Nações Unidas para fortalecer as forças nacionais da Somália para acabar com os grupos extremistas.
Essa missão contava com o apoio de forças especiais Americanas para pacificar o país e combater os militantes da Al-Shabab. Eventualmente, o ex-presidente Trump retirou as tropas Americanas de apoio a essa missão.
Com isso, o aumento de ataques terroristas do grupo Al-Shabab cresceu consideravelmente também para dificultar o cenário de eleições da Somália.
O relacionamento dos EUA com a região autônoma da Somaliland aumentou decorrente disso, já que as guardas teriam maior monitoramento das mercadorias e da segurança na região do Chifre da África.
Mas o esforço de diminuir o Estado Islâmico não vêm somente dos EUA, tendo participação da União Africana (UA) para o envio de tropas pacificadoras para a Somália e vigilância militar dos ataques.
A importância estratégica para o mundo da estabilização e segurança do Chifre da África
O Chifre da África fica na região nordeste do continente, formado pela Eritréia, Djibouti, Somália e Etiópia.
A região é muito importante por ser rota marítima com proximidade ao Mar Vermelho e a proximidade com o Canal de Suez por onde passa algumas das principais rotas de transporte de mercadorias e petróleo para abastecer os mercados do Mediterrâneo, do Oceano Índico e do Golfo Pérsico. Isso faz com que a instabilidade e insegurança do Chifre afete o comércio de petróleo internacional, já que 9% do petróleo mundial passa pelo Canal de Suez.
Para complicar a situação, os países da região são marcados por instabilidades políticas e extrema pobreza, com alta taxa das populações em situação de fome. A Etiópia era um país estratégico para os EUA na região nas suas ações militares das Guerra contra o Terror, mas que por conta de conflitos internos vem se tornando mais instável. A Eritéia também possui um governo autoritário o que tensiona a região.
A futura tendência da pacificação e construção da Somália como nação
O crescimento do Estado Islâmico na região da Somália não é um perigo reservado apenas ao país, já que há o crescimento dos grupos pela África e pode trazer maiores instabilidades para os outros países-chave do Chifre da África.
A presença de forças especiais dos Estado Unidos é importante para atingir um mínimo de segurança e pacificação da região para que a Somália consiga se desenvolver como nação e assim econômica e socialmente. Isso levará mais prosperidade à população local diminuindo a capacidade e atratividade de recrutamento por milícias armadas como a Al-Shabab.
Sem um mínimo de desenvolvimento econômico, a Somália continuará sendo uma fonte de recrutas para grupos extremistas. E sem segurança, não há desenvolvimento econômico. Sendo assim, o apoio militar dos EUA e do ocidente em geral, além do apoio para o desenvolvimento institucional do governo Somali, é fundamental para manter a segurança de região no curto, médio, e longo prazo.
[…] $600 milhões serão investidos para uma empresa americana construir cabos de telecomunicação submarina para conectar Singapura com a França, passando pelo Egito e pelo Chifre da África […]