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Djibouti no Chifre da África quer ser a Cingapura do Continente

Com uma localização estratégica e estabilidade em uma vizinhança problemática, o pequeno e desértico Djibouti tem a ambição de se tornar um importante centro de comércio marítimo na região.

A grande eficiência de seus portos tem por objetivo de emular Cingapura como um centro líder em comercio marítimo.

De acordo com um novo índice global de desempenho de portos de contêineres compilado pelo Banco Mundial e IHS Markit, o porto de Djibouti (a capital do país tem o mesmo nome) é o mais eficiente da África medido em minutos por movimentação de contêiner.

Um pequeno país de montanhas áridas e deserto, Djibouti fica no estreito de Bab-el-Mandeb, na extremidade nordeste da África, o chamado “Chifre da África.” É lá que 30 % do transporte marítimo mundial passa por um estreito a caminho do Canal de Suez e do Mar Vermelho através do Golfo de Aden.

Encravado entre a Etiópia, a Eritreia, o estado autodeclarado independente da Somalilândia e o mar, Djibouti tornou-se um eixo do comércio global, graças a seus portos. A previsão é de que sua economia cresça 7% este ano, uma das taxas mais rápidas da África.

Nos últimos 15 anos, o país tentou capitalizar sua força e localização para se tornar um centro de comércio internacional e logística.

O Djibuti, visto por analistas como uma anomalia estável no instável Chifre da África, também criou recentemente um fundo de riqueza soberano para investimento doméstico, com o objetivo de financiar cerca de US$ 1,5 bilhão em atividades comerciais na próxima década.

Nos últimos 10 anos, o Djibouti atraiu cerca de US$ 4 bilhões em investimentos – da China, países do Golfo e dos Estados Unidos, entre outros – em portos, terminais de petróleo e gás, zonas de livre comércio e uma linha férrea de 750 km que pode transportar 2.600 toneladas de trigo e fertilizantes e 110 contêineres por viagem até Etiópia.

Sendo assim, o Djibouti é uma salvação para a Etiópia que não tem litoral mas tem uma população de 114 milhões e em rápido crescimento. Como principal local de transbordo de containers, o Djibouti atende a maioria dos portos da costa leste da África até Durban, na África do Sul.

O porto histórico no coração da cidade de Djibouti está se transformando em um distrito comercial internacional com hotéis, uma marina e projetos imobiliários, enquanto a Zona Franca Internacional de Djibouti já está operacional.

A Zona Franca de Desenvolvimento Industrial de Damerjog no Djibouti está sendo construída para atender a projetos petroquímicos e indústria pesada. Há também um terminal para gado – incluindo camelos – uma linha de navegação, um pátio de reparos para navios e um porto de granéis líquidos.

Lembrando que Cingapura já foi um quartel militar britânico, o Panamá um protetorado americano e Djibouti uma guarnição francesa, as ambições do país de se desenvolver tanto quanto esses dois centros comerciais mundiais não parecem tão difícil de se realizar.

Por que o Djibouti na “Chifre Africano” tem uma localização extremamente estratégica em termos geopolíticos?

Existem cinco estreitos marítimos essencialmente críticos no mundo que se forem obstruídos por algum país, causariam um caos comercial e energético no mundo pela quantidade de produtos e petróleo/gás que passam por eles diariamente.

Sendo assim, o controle e garantia de navegação por eles é quase uma questão de defesa nacional para os principais países do mundo, como os Estados Unidos, a China, Japão, e a União Europeia.

Os 5 estreitos marítimos mais estratégicos do mundo são o próprio Bab-el-Mandeb ao largo do Djibouti e com o Iêmen do outro lado, o Canal de Suez controlado pelo Egito, o canal do Panamá, Gibraltar entre a Europa e a África, e o estreito de Malaca entre Cingapura/Malásia e a Indonésia.

Por isso, tal localização estratégica torna o Djibouti o país do mundo com o maior número de bases militares permanentes de diferentes países, ganhando US$ 125 milhões por ano em aluguéis pelas bases dos Estados Unidos, China, França, Japão e Itália combinados.

França:

Uma ex-colônia francesa que se tornou independente em 1977 e com uma população de quase 1 milhão, o Djibouti abriga há muitos anos várias bases militares Francesas, e inclusive uma da renomada Legião Estrangeira Francesa.

Estados Unidos:

Com os atentados de 9 de setembro e a declaração de Guerra ao Terror mundial, os Estados Unidos construíram uma imensa base no Djibouti para os Fuzileiros Navais Americanos e uma base aérea de onde saem drones armados e de reconhecimento para missões estratégicas no Chifre da África e Oriente Médio uma vez que o Djibouti só está a 20 milhas (30 quilômetros) do Iêmen.

Inclusive, a imensa maioria das missões armadas de drones Americanos para assassinar os lideres do grupo terrorista Al-Shabaab na Somália, saíram do Djibouti, mostrando o quão estratégica são essas bases militares para os Estados Unidos.

China:

Mais recentemente em 2017, a China abriu a sua primeira base militar no exterior. A base militar Chinesa no Djibouti serve para o país apoiar as suas missões navais de antipirataria na costa da Somália. Essa base também serve de apoio às missões de paz da Nações Unidas das quais a China participa, como no Sudão do Sul.

Outros países:

Assim como a China, vários outros países possuem base militares ou pequenas bases navais de apoio à missão multinacional de antipirataria na costa da Somália.

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