- Desde sua adesão à União Europeia, a Polônia teve um exponencial crescimento econômico.
- A partir do início da guerra na Ucrânia, Varsóvia tem sido uma liderança em apoiar a Ucrânia e em pedir uma resposta mais forte da comunidade internacional.
- A Polônia tem aumentado seus gastos com defesa e modernização de seu equipamento militar, favorecendo sua posição de liderança no Leste europeu e sua importância na União Europeia.
A Polônia tem se esforçado para se posicionar como um centro de poder regional, fortalecendo laços com outros países da Europa Central e do Leste Europeu e buscando liderar iniciativas em áreas como energia, infraestrutura e cooperação militar.
Uma das principais contribuições da guerra na Ucrânia para o processo de fortalecimento da Polônia foi o aumento da percepção de ameaça à segurança nacional, o que levou o país a aumentar seus gastos militares e investimentos em defesa.
Além disso, a Polônia desempenhou um papel importante na mediação de conflitos e apoio à Ucrânia durante a crise, o que aumentou sua visibilidade e relevância internacional.
Outros fatores que têm contribuído para a ascensão da Polônia incluem sua forte economia e posição estratégica na Europa Central, bem como seu papel de liderança em questões relacionadas à União Europeia e à OTAN/NATO, aspectos que podem mudar a balança de poder regional.
A crescente economia e desenvolvimento Polonês desde sua entrada na União Europeia
Em junho de 2003, mais de 13,5 milhões de cidadãos poloneses concordaram com a adesão da Polônia à União Europeia. Menos de um ano depois, em 1º de maio de 2014, a Varsóvia se tornou um membro oficial do bloco.
A adesão da Polônia à UE resultou em um significativo aumento no crescimento econômico do país. Em 2018, o PIB per capita da Polônia havia aumentado em 81% desde 2003, e apesar das dificuldades – como o pós-pandemia e a guerra na Ucrânia – a Comissão Europeia confirmou o crescimento econômico polonês em 2022, com uma previsão de 4,9%.
Atualmente, a economia polonesa é uma das que mais crescem dentro da UE, com um PIB anual de 689.349 milhões de dólares, e a riqueza dos cidadãos poloneses está gradualmente se equiparando à dos países mais ricos da Europa. Portanto, acredita-se que até 2030, a Polônia poderá se tornar uma das 20 maiores economias do mundo.
No entanto, nos últimos anos, a Polônia tem sido alvo de críticas por parte de muitos observadores internacionais, devido a um suposto processo de enfraquecimento da democracia e aumento do autoritarismo no país. O governo liderado pelo partido Lei e Justiça (PiS), que está no poder desde 2015, tem implementado uma série de mudanças na estrutura do Estado, no sistema judiciário, na mídia e em outras áreas que muitos críticos argumentam que minam os princípios democráticos.
Entre as decisões mais controversas implementadas pelo governo polonês nos últimos anos está a reforma do sistema judiciário, que incluiu a criação de um órgão de supervisão judiciária, a redução da idade de aposentadoria dos juízes e a substituição de juízes do Supremo Tribunal e do Tribunal Constitucional.
Além disso, o governo PiS também tem sido criticado por sua abordagem em relação à mídia. O governo criou uma nova agência de notícias que muitos veem como uma tentativa de controlar a narrativa midiática, e tem havido preocupações com a falta de pluralidade e diversidade na mídia polonesa.
Essas medidas, juntamente com outras políticas controversas do governo, levaram muitos observadores internacionais a argumentar que a Polônia está se movendo em direção a um sistema autocrático. No entanto, é importante notar que há opiniões divergentes sobre essa questão é que há também muitos poloneses que apoiam as políticas do governo.
Como a guerra na Ucrânia está contribuindo para a Polônia se tornar uma potência militar dentro da Europa
Através do conhecimento histórico das invasões realizadas por outros Estados no território polonês, é possível compreender as razões pelas quais Varsóvia possui um grande desejo de se desenvolver como uma grande potência militar regional.
A invasão russa no território polonês remonta aos séculos XVIII e XIX, quando o Império Russo tentou anexar partes da Polônia. Durante a Primeira Guerra Mundial, a Rússia ocupou grande parte do território polonês, antes de ser expulsa pela Alemanha.
Entre as duas guerras mundiais, a Polônia e a União Soviética entraram em conflito sobre o controle da Ucrânia e da Bielorrússia, com a União Soviética invadindo a parte leste da Polônia em 1939, seguida pela Alemanha invadindo a parte ocidental, de acordo com seu acordo secreto.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a Polônia foi ocupada pela Alemanha nazista e pela União Soviética, que voltou a invadir o país em 1944. Após a guerra, a Polônia se tornou um estado satélite da União Soviética, governado pelo Partido Comunista Polonês até 1989.
Desde que a Rússia anexou a Crimeia em 2014 e a guerra no leste da Ucrânia se intensificou, a Polônia tem sido um dos países mais ativos em apoiar a Ucrânia e em pedir uma resposta da comunidade internacional. A Polônia tem fornecido assistência militar, incluindo treinamento e armas, para as forças ucranianas e tem sido um forte defensor das sanções da UE contra a Rússia.
Inclusive, mesmo antes da maior invasão Russa da Ucrânia em 2022, a Polônia já abrigava mais de 1 milhão de imigrantes Ucranianos em seu território.
Essa posição da Polônia tem sido reconhecida por outros países da OTAN e, em particular, pelos Estados Unidos, que vêm aumentando sua presença militar na Polônia desde 2014. A Polônia tem sido um parceiro importante para a OTAN na Europa Central e tem liderado vários exercícios militares da OTAN na região, com o objetivo de melhorar a interoperabilidade das forças militares.
Além disso, a Polônia tem aumentado seus gastos com defesa e modernizando seu equipamento militar, incluindo a aquisição de novos aviões de combate e navios de guerra. A Polônia também tem buscado maior cooperação com outros países da Europa Central, como a República Tcheca, a Hungria e a Eslováquia, na criação de uma força de defesa conjunta.
Acordos recentes de compra de grandes sistemas de armamento pela Polônia:
Alguns dos acordos recentes de compra de grandes sistemas de armamento pela Polônia incluem:
- Caças F-35: Em janeiro de 2020, foi assinado um acordo com os Estados Unidos para comprar 32 caças F-35, um dos mais avançados aviões de combate do mundo. O acordo foi avaliado em cerca de US$ 4,6 bilhões e faz parte do esforço da Polônia para modernizar sua força aérea.
- Sistema de mísseis Patriot: Em março de 2018, o país assinou um acordo com os Estados Unidos para comprar o sistema de mísseis Patriot, projetado para interceptar mísseis balísticos e outros alvos aéreos. O acordo foi avaliado em cerca de US$ 4,75 bilhões e faz parte do esforço da Polônia para modernizar sua defesa contra ameaças externas.
- Tanques Abrams: Em dezembro de 2019, o país acordou com os Estados Unidos a compra de 250 tanques Abrams por cerca de US$ 6 bilhões. Os tanques serão entregues ao longo de vários anos e ajudarão a reforçar a capacidade de defesa da Polônia.
- Helicópteros Black Hawk: Em 2019, um acordo foi firmado com os Estados Unidos para comprar quatro helicópteros Black Hawk, um dos mais avançados helicópteros de transporte militar do mundo. Os helicópteros serão usados para missões de resgate e transporte de tropas.
- FA-50: Em 2022, Varsóvia comprou 48 aeronaves de ataque leve FA-50 da Coreia do Sul, com os primeiros 12 jatos a serem entregues no próximo ano e mais 36 aeronaves nos anos de 2025 a 2028, permitindo-os de renunciar totalmente ao uso das aeronaves MiG-29 e Su-22 de origem soviética.
- Combate de Infantaria Borsuk: O governo polonês firmou um acordo para adquirir 1.400 veículos de combate de infantaria produzidos internamente, em um projeto que é considerado o maior da indústria de armamentos do país nos últimos 50 anos. O ministro explicou que o objetivo é dissuadir possíveis agressores, e que, para isso, é necessário contar com um exército maior e melhor equipado.
- Centenas de blindados e carros de combate da Coreia do Sul: A Polônia e a Coreia do Sul assinaram acordos para a compra de 1.000 veículos de combate de infantaria K9PL, 120 sistemas de artilharia autopropulsados K9, 600 veículos blindados de transporte de tropas Hyundai Rotem K806, além do treinamento e tecnologia para produção local do tanque K2 Black Panther. Os acordos visam modernizar e expandir as capacidades militares da Polônia e reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros, além de aumentar a produção local de equipamentos militares. O valor total dos acordos é estimado em mais de US$ 3 bilhões.
Esses acordos fazem parte do esforço da Polônia para modernizar e reforçar suas capacidades militares, em meio a preocupações com a crescente ameaça da Rússia e instabilidades em outras partes do mundo.
Por que a Polônia se tornando uma potência econômica e militar é importante para a Europa e o resto do mundo
O crescimento econômico e militar polonês pode reforçar o posicionamento anti-Rússia de forma mais agressiva, devido ao seu histórico aqui mencionado com Moscou. Esse posicionamento pode causar diversas consequências, tanto positivas quanto negativas.
As principais consequências positivas são: o reforço das relações polonesas com seus aliados ocidentais; o aumento da segurança nacional, que já está em andamento; e uma maior visibilidade internacional, como país líder na defesa dos interesses ocidentais e na crítica à Rússia.
Já os fatores negativos podem envolver: uma possível tensão diplomática entre Varsóvia e Moscou; os riscos de conflito, especialmente se acontecer algum incidente envolvendo militares ou cidadãos dos dois países; e a possível maior dependência de parceiros ocidentais, o que pode limitar sua autonomia e independência política, apesar de seu recente acordo assinado com a Coréia do Sul.
Outro fator é o equilíbrio de poder na UE que pode ser afetado. O bloco europeu sempre foi mais centrado nos países da europa ocidental – como a Alemanha, França e Itália –, como sendo o centro de suas decisões. Agora, com o grande crescimento econômico e militar polonês, esta balança pode pender para a Europa oriental, trazendo um novo equilíbrio regional.
A Polônia também é conhecida por ter um posicionamento mais pró-Estados Unidos que os países da Europa ocidental. Muito desse posicionamento se dá pela consciência de que graças aos EUA, Varsóvia deixou de ser um satélite soviético.
No entanto, é possível que haja um aumento nas tendências autocráticas dentro da UE, devido ao Partido Lei e Justiça da Polônia, que tem sido criticado internacionalmente por suas interferências no judiciário e na mídia, majoritariamente. Ademais, uma balança de poder mais voltada para o leste europeu pode ser influenciada também por outros países com tendências autoritárias, como a Hungria.
Por fim, o rápido crescimento econômico e militar polonês é inegável. No entanto, é importante notar que o país ainda enfrenta desafios em áreas como democracia, direitos humanos e liberdade de imprensa, que precisam ser abordados para que o país possa consolidar sua posição de liderança na Europa.
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