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A Crescente Importância do Espaço como o Quarto Domínio Operacional Militar

Em dezembro de 2019 a OTAN declarou o Espaço como um dos “domínios operacionais”, considerando ele um lugar onde pode ocorrer ações militares das nações.

O avanço tecnológico para maior participação espacial tem sido um dos grandes investimentos atuais. Países como China e Rússia já vêm mostrando avanço e interesse em uma estrutura maior de ação fora da atmosfera, assim como os EUA e seu SpaceForce e muitas outras nações.

O que são “domínios de guerra” ou “dimensões de guerra”

Os domínios de guerra são os espaços onde se concretizam as batalhas bélicas, definidos principalmente pelos conceitos da OTAN e das Forças Armadas dos Estados Unidos. São eles: combate aéreo, marítimo, terrestre, espacial e cibernético (esses dois últimos são resultado do avanço das tecnologias da humanidade e são relativamente novos).

Eles são determinantes para definir diferentes estratégias militares, criando táticas específicas para cada domínio.

O espaço é uma área que ganhou uma grande importância desde a Operação Tempestade no Deserto, em 1991 pelos Estados Unidos, onde a localização GPS por satélites foi muito utilizada no ataque aéreo contra o Iraque.

Desde então, os equipamentos no domínio espacial eram utilizados somente como um apoio para os combates nas outras dimensões. Mas nos últimos anos, essa visão se alterou, com um investimento maior de integração entre o espaço e a Terra.

As regras sobre o como agir no espaço ainda são um campo de discussão e formação sem governança global definida. A OTAN reconhecendo o espaço como uma dimensão útil, possui a necessidade de reformulação das suas duas principais legislações, o artigo 5° e 6°, para abranger estes tipos de novos conflitos.

O artigo 5° e 6° da OTAN dizem respeito a defesa mútua dos países, na qual o ataque a um país membro da organização deve ser levado como um ataque a todos os participantes da OTAN. Sendo assim, um ataque espacial também seria levado em consideração.

Por que o Espaço está se tornando uma das mais importantes “dimensões operacionais de guerra”

O envio de equipamentos ao espaço é algo que, no século XX e XXI, se tornou uma coisa básica e até necessária, evoluindo para o crescimento de investimento militar nesta região.

Por exemplo, os EUA criaram seu 6º ramo militar chamada Space Force, a Inglaterra nomeou um “Diretor do Espaço” para lidar com as questões dessa área, a França criou um Comando Espacial, a Rússia está testando suas estruturas militares de mísseis em seus próprios satélites.

Já a China, é o único país depois dos EUA a colocar um rover em Marte, além de muitas outras de suas conquistas espaciais como sua recente estação espacial.

A militarização do espaço no campo político internacional acontece desde a Guerra Fria e da corrida à Lua entre os Estados Unidos e a União Soviética.

Atualmente, as tensões se dão principalmente entre Rússia-China-EUA: a Rússia e a China desenvolvem tecnologias espaciais com um avanço excepcional nos últimos anos, que, por mais evoluída que as bases americanas sejam, houve uma certa surpresa quando essas potências do Oriente começaram a colaborar em questões espaciais, indo de encontro às ambições dos Estados Unidos.

Entre os principais sistemas espaciais com fins militares temos:

  1. Satélites de reconhecimento

Os satélites de reconhecimento, conhecidos também como satélites espiões, são uma das ferramentas espaciais utilizadas no campo militar. Ele é uma das bases para a inteligência militar, com uma observação da Terra para comunicações. Eles captam imagens e enviam às bases por meio de rádio criptografados. 

Eles podem ser utilizados para obtenção de informações bélicas de outros países. Os países que possuem um satélite de reconhecimento são: Estados Unidos (com a maior quantidade e uso mais antigo), China, Alemanha, França, Reino Unido, Índia, Irã, Israel, Japão, Egito e Coréia do Sul.

  1. Satélites para guiar munição/mísseis

Esses satélites são posicionados na órbita terrestre, podendo guiar mísseis tanto na Terra como no espaço. O objetivo de satélites guias de munição foi primeiramente pensado em 1930, ganhando mais valor nos tempos atuais pelo ataque à distância que permite.

Eles usam sistemas de navegação globais como o GPS Americano, o Galileo Europeu, o Glonass Russo, e o BeiDou Chinês para guiar a seus alvos mísseis de precisão.

Com a popularidade desse sistema, existem armas “antissatélite” (ASAT) que atacam outros objetos em órbita, podendo deixar os satélites de inimigos inoperantes.

  1. Satélites de comunicação secreta/criptografada

Quando falamos sobre inteligência militar, a criptografia é utilizada como forma de segurança e privacidade. As informações que são captadas são traduzidas em código, normalmente um código próprio da inteligência do Estado, e armazenadas de forma privada.

A China inovou as tecnologias com o novo satélite quântico, onde a comunicação entre as estações terrestres, utilizando o satélite Micius, é feita por partículas chamadas de qubits que possuem um correspondente de significado criado aleatoriamente. Dessa forma, com essa tecnologia inovadora, a comunicação militar se torna extremamente segura.

O quinto domínio: espaço cibernético

O domínio cibernético se dá pela junção dos impactos causados pela internet e o seu uso em ataques militares híbridos ou disfarçado. Este é um dos novos campos militares que se dão pelo avanço tecnológico, muito utilizado em ataques de guerras híbridas e áreas cinzentas.

[É o] domínio global no ambiente de informação constituído pelas redes interdependentes de infraestruturas de tecnologias da informação e de dados residentes, incluindo a Internet, as redes de telecomunicações, os sistemas informáticos e os processadores e controladores integrados

The Strategy Bridge

O crescimento desse tipo de estratégia militar é grande, mas a sua dificuldade se dá na insegurança de um treinamento militar tático, já que a internet e as tecnologias avançam em alta velocidade e sem estabilidade. As previsões de futuro para se preparar no ciberespaço são difíceis de serem feitas, algo que nos domínios físicos não se tem.

Então, o que podemos observar é que quando tratamos de ciberataques e seus conflitos, se possui muito mais ferramentas de ataque direto do que de defesa contra esses ataques.

Os combates militares possuem muitas nuances para serem consideradas no planejamento tático, e os domínios (sejam eles tradicionais ou novos) não são nada mais do que uma das formas de se planejar e ter uma base de preparação no combate. Sendo assim, só podemos esperar uma maior militarização do espaço pelas grandes potências.

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