Um dos novos projetos de crescimento da América do Sul, e da América Latina, é o Corredor Bi-Oceânico que ligará o Brasil com o Chile, passando pela Argentina e o Paraguai.
Idealizado desde 2019, o corredor permitirá uma maior facilidade nas exportações das produções latinoamericanas pelo Oceano Atlântico e Pacífico, assim como uma maior possibilidade de novos acordos comerciais com países que antes tinham maior dificuldade logística.
Com o principal objetivo de trazer maior crescimento econômico para a América do Sul, o Bioceanic Corridor é a nova promessa para o mercado de produção, comercialização e exportação de matérias primas e alimentos.
O que é o mega projeto Corredor Bi-Oceânico ou “Bioceanic Corridor””
O projeto foi iniciado em 2019, com um grupo de trabalho em conjunto dos ministros das Relações Exteriores do Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.
O plano é criar uma conexão a partir do Mato Grosso do Sul (BR), até a Região de Tarapacá (Chile); passando por Chaco Paraguaio (Paraguai), Província de Jujuy e de Salta (ARG) e a Região de Antofagasta (ARG).
A produção sul americana sempre esteve focada nos portos do Oceano Atlântico, mas o mercado está cada vez mais focado para o Oceano Pacífico, principalmente para a Ásia por causa do grande mercado consumidor da China. O corredor Bi-Oceânico tem como principal objetivo facilitar o transporte das produções de gado e soja para esses importadores.
Além disso, faz parte da iniciativa da Zona de Integração do Centro-Oeste da América do Sul (ZICOSUL) para aumentar a conectividade entre o centro do Brasil com o Chile, Paraguai e Argentina, facilitando o comércio e o desenvolvimento das áreas, e da América do Sul no geral.
Dessa forma, esperam alcançar uma maior diversificação da produção e aumentar o valor das cadeias produtivas, já que haverá uma ligação direta dos centros de produção com os dois pólos de exportação (no Atlântico e no Pacífico).
É a construção de uma nova ponte que permite ligar as rotas de transportes já existentes internamente em cada país junto com um acesso direto aos portos de outros países em oceanos aos quais não se tinha acesso direto anteriormente.
O projeto contará com investimento da iniciativa privada e do Banco Internacional das Américas, com um orçamento de quase US$2.370 bilhões.
Como o Corredor Bi-Oceânico pode abrir as portas do Brasil para a China e do Chile para a Europa
Com as rotas já existentes do Chile aos seus portos na costa Oeste e do Brasil na costa Leste do continente, permitirá que os países tenham maiores relações comerciais com outras potências, com um menor custo. O projeto do Bioceanic Corridor estima economizar US$1000 por container exportado, cerca de ⅓ dos custos atuais com logística.
Isso permitirá uma maior diversidade produtiva e comercial. Por exemplo, ao invés das produções brasileiras que têm como destino a China (principal importador de soja do BR) terem que navegar pela Passagem de Drake, no Sul da América do Sul (na corrente marítima antártica e com condições meteorológicas complicadas) ou usar o Canal do Panamá, poderão agora sair de portos no Pacífico e chegar de forma mais rápida e mais facilmente aos mercados Asiáticos.
A mesma lógica poderá ser aplicada para comércios entre o Chile e os países europeus, por exemplo, podendo acessar os portos no Atlântico de forma mais simplificada.
Além disso, é uma rota que permitirá um crescimento e diversidade comercial para a América do Sul como um todo.
A tendência futura de projetos de conectividade dentro das Américas
A América Latina já possui diversos projetos de maior conectividade internacional, como o BELLA Link – um sistema de cabos que ligará online a América do Sul e a Europa – ou os Corredores T-MEC e CANAMEX– ferrovias que ligarão o México com os Estados Unidos e o Canadá.
O Corredor Bi-Oceânico é uma nova forma de ligar internamente os países da América Latina, permitindo seu crescimento conjunto e incentivando novos projetos de integração.
Com a necessidade de maior desenvolvimento econômico da América Latina, já estão crescendo o número de projetos internos de conectividade, como a nova rede de cabos ópticos na América do Sul.
Porém, o Bioceanic Corridor possui polêmicas com relação à sua construção, principalmente no território indígena do Paraguai, onde está havendo conflitos com os povos Chaco e Ayoreo na região da floresta amazônica.
É importante que o crescimento econômico seja acompanhado de desenvolvimento social das nações, sem que as minorias sociais sejam excluídas da dinâmica comercial.
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