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Como o Mar Báltico Virou o “Lago da OTAN” com a Entrada da Suécia e Finlândia na Aliança Militar

O Mar Báltico agora é palco de grandes mudanças, com implicações que reverberam para além de suas águas. A entrada da Suécia e da Finlândia na OTAN marca uma virada histórica, desafiando décadas de neutralidade e redefinindo o panorama geopolítico da região. 

Essas nações, outrora neutras, agora se posicionam como membros ativos da Aliança Atlântica, fortalecendo sua presença no norte da Europa e desafiando diretamente a influência russa nesta área. 

Esse movimento não só cria uma nova dinâmica de poder no Mar Báltico, mas também reverbera em todo o cenário geopolítico global, aumentando as tensões entre a OTAN e a Rússia e remodelando as estratégias de segurança na região.

O que a Suécia e a Finlândia trazem de poderio militar e geográfico para OTAN?

Ambos os países nórdicos apresentam uma variedade de contribuições estratégicas que podem ser altamente benéficas para a OTAN, especialmente diante da ameaça representada pela Rússia no Leste da Europa.

O Mar Báltico se tornando um “Lago da OTAN” e isolando Kaliningrado do resto da Rússia

O Mar Báltico, antes conhecido por sua calmaria, agora se tornou um verdadeiro campo de atividade militar. Navios de guerra, aviões e tropas militares agora ocupam suas águas e terras, destacando o crescente controle da região pela OTAN.

No meio dessas mudanças está Kaliningrado, uma área russa separada do resto do país e situada entre a Polônia e a Lituânia. Essa região já enfrentava desafios geográficos por não ter uma fronteira direta com a Rússia continental. Agora, como uma base militar vital para Moscou, Kaliningrado enfrenta a possibilidade de um isolamento ainda maior devido ao aumento das atividades da OTAN na área.

Com o reforço da presença da OTAN, o isolamento de Kaliningrado tende a se agravar, criando uma espécie de barreira militar que limita ainda mais suas rotas de acesso ao Mar Báltico e reduz sua influência regional. Além disso, com a adesão da Suécia à OTAN, a ilha sueca de Gotland se torna ainda mais importante.

Gotland, situada estrategicamente entre a Suécia e a Letônia, desempenha um papel crucial na monitoração e defesa das rotas marítimas e aéreas que cruzam o Mar Báltico. Sua localização central a torna um ponto vital na proteção contra possíveis ameaças russas. 

Devido a essa posição estratégica, Gotland pode servir como uma base avançada para operações de vigilância e resposta rápida, fortalecendo a segurança da região e desencorajando qualquer agressão russa na área.

Como está situada em uma posição central entre a Suécia e a Letônia, a ilha de Gotland é chamada de “porta-aviões inafundável” devido à sua localização estratégica no Mar Báltico. É como se a ilha fosse um ponto forte flutuante que pode ser usado para monitorar e responder rapidamente a qualquer atividade suspeita na região. Isso ajuda a reforçar a segurança e desencorajar possíveis agressões da Rússia, funcionando como uma espécie de base avançada para defesa.

Mas voltando ao início, porque mesmo a Rússia invadiu a Ucrânia? 

Assim como em qualquer história, é crucial avaliar as distintas narrativas apresentadas pela mídia ucraniana e ocidental e pela mídia russa. 

Cada uma delas oferece uma perspectiva única sobre os motivos por trás da invasão russa da Ucrânia, refletindo os interesses e as preocupações de cada país envolvido. 

  • Mídia Ucraniana e Ocidental:
    • De acordo com a mídia ucraniana, a invasão russa da Ucrânia tem suas raízes em uma história complexa de tensões entre os dois países, além das ambições geopolíticas do presidente russo, Vladimir Putin.
    • Há quase 100 anos atrás, a Grande Fome na Ucrânia na década de 1930, conhecida como Holodomor, foi uma tragédia que resultou em milhões de mortes devido à política de coletivização forçada implementada pelo governo soviético. Esse evento histórico é uma fonte de tensão entre a Rússia e a Ucrânia, pois muitos ucranianos acreditam que foi uma tentativa de genocídio pela União Soviética.
    • Já em 2004, a Revolução Laranja foi um movimento pró-democracia na Ucrânia, que resultou na eleição do presidente Viktor Yushchenko. Esse evento representou uma rejeição à influência russa na política ucraniana e uma busca por maior integração com o Ocidente, provocando mais tensões entre os dois países.
    • Em 2004, Viktor Yushchenko, então candidato à presidência da Ucrânia, foi envenenado com dioxina, causando danos permanentes em seu rosto. Embora não haja evidências diretas de envolvimento russo, muitos ucranianos acreditam que esse ato foi uma tentativa de assassinato por parte da Rússia para interferir nas eleições.
    • Ao longo de muitos anos, a Rússia já interrompeu o fornecimento de gás natural para a Ucrânia em várias ocasiões durante conflitos políticos, como em 2006 e 2009. Essas interrupções causaram problemas sérios de abastecimento de energia na Ucrânia, gerando críticas internacionais e aumentando a desconfiança entre os dois países.
    • Em 2013, os protestos de “Euromaidan” em novembro foram desencadeados pela recusa do presidente Yanukovych em assinar um acordo de associação com a União Europeia, optando por laços mais estreitos com a Rússia. Isso levou a uma ampla manifestação de descontentamento, com pedidos de renúncia do presidente e do governo, devido a questões como corrupção, influência russa, brutalidade policial e violações dos direitos humanos.
    • A anexação da Crimeia pela Rússia em 2014 e o conflito no leste da Ucrânia refletem uma violação da soberania ucraniana e uma tentativa da Rússia de manter sua influência na região. Esses eventos intensificaram as tensões entre os dois países e levaram a um aumento das hostilidades.

  • Mídia Russa:
    • A mídia russa muitas vezes retrata a Ucrânia como um país instável, com um governo corrupto e dominado por nacionalistas radicais. Além disso, enfatiza a proteção dos russos étnicos no leste da Ucrânia e retrata as ações do governo ucraniano como uma ameaça a essas comunidades.
    • de acordo com a mídia russa, a invasão na Ucrânia foi justificada como uma resposta às supostas ameaças representadas por Kiev e pela OTAN, bem como à necessidade de proteger os interesses russos na região.
    • Além disso, a Rússia expressou preocupações sobre a expansão contínua da OTAN em direção às suas fronteiras, bem como sobre a possibilidade de a Ucrânia se tornar um membro integral da aliança militar.
    • Putin também mencionou a necessidade de proteger os interesses russos nas regiões de Donetsk e Lugansk, que declararam independência em 2014, alegando ameaças à população de língua russa na região apesar do alerta de Zelensky.

Em suma, enquanto a mídia ocidental enfatiza as tensas dinâmicas históricas e as ambições de Putin, a mídia russa destaca as preocupações com a segurança da Rússia e a necessidade de proteger os interesses russos na região. 

A derrota estratégica Russa com a entrada da Finlândia e Suécia na OTAN

A derrota estratégica da Rússia foi agravada pela entrada da Finlândia e da Suécia na OTAN. Inicialmente preocupada com a possibilidade de a Ucrânia se juntar à aliança ocidental, a Rússia invadiu ao país vizinho. 

No entanto, essa estratégia teve um efeito oposto ao desejado. Em vez de dissuadir a adesão da Ucrânia à OTAN, a invasão russa acabou incentivando a Finlândia e a Suécia, duas nações historicamente neutras, a optarem pela integração na aliança. 

Essa mudança representou uma derrota estratégica para a Rússia, pois, em vez de manter a Ucrânia fora da OTAN, Putin inadvertidamente ampliou o número de países alinhados à aliança, aumentando ainda mais a extensão da fronteira entre a OTAN e a Rússia. 

Portanto, a tentativa russa de conter a expansão da OTAN para a Ucrânia resultou em um erro estratégico, sendo um tiro no pé e intensificando a pressão sobre as fronteiras russas e agora transformando o Mar Báltico no famoso Lago da OTAN.

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