Está aumentando a disputa pública entre os Emirados Árabes Unidos (EAU) e a Arábia Saudita sobre as cotas de produção de petróleo.
Isso fez com que as negociações entre as maiores nações produtoras de petróleo do mundo fossem abandonadas e deixaram os mercados de energia perdidos, empurrando os preços do petróleo para um pico de seis anos em Julho de 2021.
As 23 nações da Opep +, que compreendem o cartel da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e produtores aliados como a Rússia, tiveram que adiar suas negociações indefinidamente.
Isso levantou temores sobre a estabilidade do grupo que está segurando a produção e assim suprimentos de petróleo no mundo desde março de 2020 para aumentar o seu preço e assim manter a lucratividade durante a crise econômica global relacionada ao coronavírus.
No início de julho de 2021, os Emirados Árabes Unidos rejeitaram uma proposta dos líderes da Opep +, Arábia Saudita e Rússia, de estender as restrições à produção por mais oito meses.
Os Emirados Árabes Unidos queriam ter mais liberdade para produzir mais petróleo. No entanto, a Arábia Saudita e a Rússia se opuseram a isso.
As negociações tomaram um rumo incomum quando os ministros de energia dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita, que são aliados próximos e unidos contra o Irã, revelaram suas diferenças a público.
Por que os Emirados Árabes Unidos não querem manter a lucrativa atual cota de produção de petróleo?
Segundo analistas, a capacidade de produção de Abu Dhabi (capital dos EAU) está em desacordo com sua cota da Opep. Os Emirados investiram muito nos últimos anos para aumentar sua produção. E agora a demanda está aumentando, eles querem aproveitar para aumentar a receita e dar retorno nestes investimentos.
Em quais outros setores está aumentando a rivalidade entre a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos?
- Disputa econômica na região
- Tropas no Iêmen
- Relações com o Catar
- Relações com Israel
- Competição no setor aéreo
- Relações com o Irã
Por vários anos, a parceria entre a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos moldou a geopolítica do mundo árabe.
O vínculo pessoal entre o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman e o príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Mohammed bin Zayed, foi fundamental para cimentar essa aliança.
Ambos os homens são vistos como governantes de fato de seu país e têm visões ambiciosas.
Por vários anos, houve uma cooperação profunda em questões estratégicas, principalmente nos que diz respeito ao Irã, o país Persa – e não árabe como os dois – e de maioria Xiita, e não Sunita, como os dois.
Eles até formaram uma coalizão militar árabe em 2015 para travar uma guerra contra o movimento rebelde Houthi alinhado ao Irã no Iêmen e impuseram um embargo diplomático, comercial e de viagens ao Catar em 2017.
Mas as rachaduras no relacionamento começaram a aparecer há dois anos, quando os Emirados Árabes Unidos retiraram a maior parte de suas tropas do Iêmen, deixando os sauditas descontentes.
Em janeiro de 2021, os Emiratis aceitaram relutantemente um acordo liderado pelos Sauditas para encerrar o embargo ao Catar, embora continuem temerosos de confiar em Doha. Da mesma forma, a Arábia Saudita não ficou entusiasmada com a decisão dos Emirados Árabes Unidos de normalizar as relações com Israel no ano passado.
As rachaduras começaram a se aprofundar em fevereiro deste ano, quando a Arábia Saudita lançou um ultimato às empresas multinacionais para realocarem suas sedes regionais para o reino saudita até 2024 ou perderão os contratos do governo. Isso foi percebido como um ataque implícito a Dubai (nos Emirados Árabes Unidos), o centro comercial da região.
Depois que os Emirados bloquearam o acordo proposto com a Opep +, os sauditas pareceram retaliar suspendendo os voos para os Emirados Árabes Unidos. Ele citou preocupações sobre variantes do coronavírus, mas a decisão veio um pouco antes de um feriado islâmico, quando muitas pessoas vão para Dubai para uma pausa.
A Arábia Saudita também anunciou que excluiria as importações de zonas francas ou vinculadas a Israel de um acordo tarifário preferencial com outros estados do Golfo, desferindo um golpe na economia dos Emirados Árabes Unidos, que gira em torno de um modelo de zona franca.
A rivalidade entre a Arábia Saudita e os Emirados é sobretudo uma competição econômica
A disputa na Opep + é sublinhada por uma rivalidade econômica crescente, com os dois países tentando diversificar suas economias, reduzindo sua dependência das exportações de hidrocarbonetos.
Com a Arábia Saudita adotando uma estratégia econômica mais agressiva sob Mohammed bin Salman, eles agora estão competindo em setores como turismo, serviços financeiros e tecnologia.
Inclusive, a Arábia Saudita quer que sua companhia aérea nacional “Saudia” comece a competir de igual para igual com a Emirates de Dubai, para tornar Jeddah um grande hub aéreo internacional no Oriente Médio, assim como Dubai, Doha, e Abu Dhabi.
Isso porque a Arábia Saudita sempre foi o gigante da região, mas esteve sempre voltada para a produção de petróleo enquanto os Emirados se modernizaram e se tornaram um grande centro comercial e de serviços logo ao lado. Agora ela está despertando e em algum nível isso é uma preocupação para os Emirados.
Segundo especialistas, em 15 a 20 anos, se a Arábia Saudita se transformar em uma economia dinâmica, isso será uma ameaça para o modelo econômico dos Emirados.
Ainda não está claro se a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos conseguirão chegar a um acordo sobre um novo acordo da Opep +, mas isso com certeza influenciara a habilidade do grupo de segurar as cotas de produção e por consequência aumentar o preço do barril de petróleo.
E o Irã nessa rivalidade entre a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos?
Como já reportado neste portal, está havendo ao mesmo tempo, uma tímida reaproximação entre a Arábia Saudita e o Irã.
As possíveis causas dessa mudança de estratégia geopolítica ainda não são claras, mas possivelmente têm a ver com a falta de claro suporte aos Sauditas pelos Estados Unidos na presidência Biden, e o novo oleoduto Iraniano de Goreh-Jask que passa ao largo do estreito de Hormuz e pode eventualmente inundar o mercado de petróleo, enfraquecendo assim os acordos da OPEC +.
Essa maior rivalidade com os Emirados pode ser consequência também dessa aproximação ao Irã pela Arábia Saudita.
Sejá qual for a nova dinâmica de rivalidades no Oriente Médio, o quanto mais elas se aterem ao econômico e não militar, melhor.
[…] pode ser o governo do Talibã. Porém, é importante botar essas avaliações em perspectiva. A Arábia Saudita, um dos países mais ricos, e “respeitados” do mundo, que faz parte do G20, e para o qual as […]