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O Futuro da Geração de Energia com Usinas de Energia Flutuantes – Floating Power Plants

  • As Usinas de Energia Flutuantes surgem como alternativas inovadoras na busca por fontes de energia sustentáveis e flexíveis, podendo redefinir o cenário global de geração de energia.
  • O papel estratégico das UEFs, especialmente as nucleares e de GNL, se destaca na distribuição de energia em áreas remotas ou de pouca infraestrutura;
  • As Usinas de Energia Flutuantes podem desempenhar um papel crucial na mitigação de tensões territoriais, além de fortalecer a autonomia energética de nações.

À medida que o mundo enfrenta desafios crescentes na busca por fontes de energia sustentáveis e flexíveis, as Usinas de Energia Flutuantes (UEFs) surgem como protagonistas inovadoras nesse cenário. 

Dessa forma, é importante analisar o papel estratégico e geopolítico das UEFs, analisando seu impacto nas dinâmicas energéticas globais, além dos benefícios e riscos associados às plataformas, especialmente no contexto das usinas nucleares e de GNL (Gás Natural Liquefeito).

Fonte: Wikipedia

O que são as Usinas de Energia Flutuantes 

As Usinas de Energia Flutuantes surgem como soluções inovadoras para a geração de energia, situando-se sobre estruturas flutuantes em corpos d’água. Essas plataformas versáteis abrigam diversas tecnologias de geração, como solar, eólica e até mesmo usinas convencionais. 

Apesar de darmos destaque para as duas últimas, alguns dos tipos dessas instalações flutuantes são:

  • Usinas Solares Flutuantes: neste tipo de usinas, os painéis solares são montados em estruturas flutuantes, muitas vezes ancoradas em lagos, reservatórios ou outras extensões aquáticas. Essa usina otimiza a superfície da água e aprimora a eficiência dos painéis através do resfriamento proporcionado pela água.
  • Usinas Eólicas Flutuantes: essas usinas têm suas turbinas eólicas em plataformas flutuantes em ambientes marítimos. São ancoradas no fundo do mar ou projetadas para flutuar e podem tirar proveito dos ventos mais intensos e consistentes em águas mais profundas, ampliando as possibilidades de geração de energia eólica.
  • Usinas Nucleares Flutuantes: O conceito de usinas nucleares flutuantes envolve a montagem de reatores nucleares em plataformas navegáveis, visando fornecer eletricidade a áreas remotas ou com infraestrutura limitada. Essa abordagem móvel busca flexibilidade na distribuição de energia, embora desafios de segurança e impacto ambiental demandem atenção.
  • Usinas de GNL Flutuantes: As instalações flutuantes de Gás Natural Liquefeito (GNL) se destacam na produção e regaseificação de GNL. As Unidades Flutuantes de Armazenamento e Regaseificação (FSRUs) desempenham um papel crucial, oferecendo flexibilidade na recepção, armazenamento e processamento de GNL offshore, especialmente em locais desprovidos de infraestrutura terrestre fixa.

Dessa forma, o maior uso das Plataformas de Energia Flutuantes representa uma resposta inovadora às demandas energéticas, maximizando o aproveitamento de recursos aquáticos e superando desafios geográficos.

Qual o papel que as Usinas de Energia Flutuantes podem ter na transição energética?

As UEFs, com ênfase nas usinas de Gás Natural Liquefeito (GNL) e nucleares, desempenham um papel estratégico e geopolítico crucial em diversas dimensões:

Usinas Nucleares Flutuantes:

  • UEFs nucleares podem fornecer acesso a energia em áreas estratégicas, permitindo que os países atendam a necessidades energéticas cruciais em locais remotos ou em regiões onde a infraestrutura terrestre é insuficiente.
  • A mobilidade das usinas nucleares flutuantes oferece uma maior facilidade no comércio de energia entre os Estados e até mesmo poderia oferecer uma resposta rápida a emergências e crises humanitárias, proporcionando eletricidade em regiões afetadas por desastres naturais ou guerras, por exemplo.
  • O compartilhamento de tecnologias de UEFs nucleares pode ser uma ferramenta para ampliar a influência geopolítica, especialmente em regiões onde a segurança energética é uma preocupação.

Usinas de GNL Flutuantes:

  • UEFs de GNL flutuantes oferecem diversificação na matriz energética, reduzindo a dependência de fontes convencionais e contribuindo para a segurança energética dos países.
  • Localizadas estrategicamente, as usinas de GNL flutuantes facilitam o comércio internacional de GNL, permitindo que os países exportem ou importem gás natural de maneira mais eficiente.
  • A flexibilidade na movimentação das usinas de GNL permite uma resposta ágil a mudanças na demanda global de energia, permitindo ajustes rápidos conforme as condições do mercado.
  • Em regiões onde a infraestrutura de gás natural é limitada, as UEFs de GNL podem fornecer uma solução temporária ou de transição, respondendo às demandas específicas de energia.

Portanto, em ambos os casos, as UEFs, ao oferecerem soluções flexíveis para necessidades energéticas, têm o potencial de moldar dinâmicas geopolíticas, influenciando relações entre países e contribuindo para a segurança e estabilidade energética em escala global. 

Países que fazem uso das Usinas de Energia Flutuantes

Diversos países já estão explorando o uso de usinas de energia flutuantes. Alguns exemplos incluem:

  • Japão: Devido à sua vulnerabilidade a desastres naturais, como terremotos e tsunamis, o Japão investiu em tecnologias de energia flutuante, experimentando tanto com parques eólicos flutuantes quanto com projetos de energia solar flutuante.
  • Portugal: Este país estava explorando a energia eólica offshore, incluindo a instalação de turbinas eólicas flutuantes em águas profundas. Essa tecnologia permite a geração de eletricidade em locais onde a ancoragem de estruturas fixas seria inviável.
  • Coreia do Sul: Além de desenvolver usinas solares flutuantes, a Coreia do Sul estava investindo em energia eólica offshore para aproveitar seus recursos hídricos e gerar energia limpa.
  • Noruega: Este país, conhecido por sua expertise em energia hidrelétrica, estava considerando o uso de usinas de energia flutuantes para expandir suas capacidades de geração de eletricidade, especialmente em locais onde a construção de barragens tradicionais seria desafiadora.
  • China: A China tem sido um pioneiro no uso de usinas solares flutuantes, instalando fazendas solares em grandes lagos e reservatórios. Essa abordagem possibilita o aproveitamento de áreas aquáticas para a geração de eletricidade, sem comprometer terras destinadas à agricultura ou ao desenvolvimento urbano.
  • Rússia: A Rússia, por meio da empresa estatal de energia nuclear Rosatom, está impulsionando exportações de usinas nucleares flutuantes, assinando um acordo com o Grupo TSS para criar uma joint venture. Este acordo visa construir unidades de energia flutuantes para mercados estrangeiros, destacando a versatilidade dessas instalações para atender a diversas condições climáticas. A frota, denominada Energoflot, utilizará reatores RITM-200M e tem como mercados-alvo países do Oriente Médio, sudeste da Ásia e África, com operações previstas entre 2029 e 2036. O projeto reflete o compromisso russo em fornecer fontes estáveis e sustentáveis de energia, com ênfase na independência energética e desenvolvimento econômico global.

Como exemplo do compartilhamento de energia entre países, podemos mencionar a Karpowership, empresa turca, que planeja iniciar a produção de 450 MW de eletricidade na África do Sul em 2024. O Departamento Sul-Africano de Silvicultura, Pesca e Meio Ambiente deu permissão para uma usina de gás natural liquefeito (GNL) em Richards Bay. A África do Sul concedeu a empresa, acesso aos três portos de Ngqura, Durban e Baía de Saldanha por um período de 20 anos.

No entanto, acordos com a empresa portuária nacional ainda precisam ser concluídos, e a empresa busca assinar um acordo financeiro até o final de 2023. Além disso, há planos para duas usinas flutuantes adicionais na África do Sul com capacidade total de 1,2 GW. A Karpowership está em negociações com outros países africanos para fornecer eletricidade, visando abordar a crise energética na região.

A Karpowership, da Türkiye, tem a maior frota de usinas flutuantes do mundo e fornece 100% da eletricidade de Guiné-Bisau, por exemplo. A empresa turca opera em 14 países, principalmente na África.

No caso da Rússia, país pioneiro no uso de uma Usina Nuclear Flutuante – e a única operacional em 2023 – emerge como um avanço notável no cenário energético global, desempenhando um papel estratégico de importância geopolítica e segurança energética. 

Propriedade da Rosatom, a embarcação conhecida como Akademik Lomonosov, desempenha um papel fundamental na garantia de segurança energética em uma das regiões mais remotas e desafiadoras do mundo como a Árctico Russo.

Com uma extensão imponente de 144 metros e alimentada por dois reatores nucleares, a Akademik Lomonosov não apenas quebra fronteiras geográficas, mas também se posiciona como a usina nuclear mais ao norte do mundo. Esse feito não só responde às demandas energéticas cruciais da região, mas também fortalece a independência energética russa, marcando um avanço estratégico em termos de geopolítica.

Entretanto, a usina não está isenta de controvérsias, com grupos ambientais, como Greenpeace e a Fundação Bellona, levantando questões sobre potenciais impactos ambientais no caso de um desastre nuclear ou de vazamento de radiação caso a embarcação venha a afundar.

Apesar disso, a Akademik Lomonosov ainda é uma peça-chave no quebra-cabeça da geopolítica energética, reforçando a posição da Rússia como líder inovadora e estratégica no setor.

Benefícios e Riscos no uso das Usinas de Energia Flutuantes 

Usinas Nucleares Flutuantes:

Benefícios:

  • Possibilitam a distribuição de eletricidade em regiões remotas, impulsionando o desenvolvimento dessas localidades.
  • A capacidade de movimentação permite uma resposta ágil a situações de emergência ou variações na demanda, adaptando-se dinamicamente às necessidades energéticas.
  • Contribuem para a redução de emissões ao substituir fontes de energia baseadas em combustíveis fósseis em locais onde alternativas renováveis são limitadas.
  • Enfrentam desafios significativos relacionados à aceitação pública, com a resistência da comunidade devido a preocupações com segurança nuclear e receios associados à proximidade de instalações nucleares.

Riscos:

  • Exigem padrões rigorosos de segurança nuclear para evitar acidentes, vazamentos ou contaminação radioativa, intensificando as preocupações sobre a segurança.
  • O gerenciamento adequado de resíduos nucleares é crucial, apresentando desafios significativos devido à sua natureza radioativa e à necessidade de instalações apropriadas para o descarte.

Usinas de GNL Flutuantes:

Benefícios:

  • Proporcionam flexibilidade no fornecimento de GNL, permitindo a distribuição eficiente em regiões com infraestrutura limitada.
  • Agilizam o comércio internacional de gás natural, facilitando a regaseificação offshore em locais estratégicos.
  • Possibilitam uma rápida implementação de capacidade de geração, respondendo eficientemente às demandas crescentes de energia.

Riscos:

  • A manipulação de GNL requer protocolos de segurança rigorosos, uma vez que o gás é liquefeito a temperaturas extremamente baixas, apresentando riscos potenciais.
  • Podem gerar impactos ambientais locais, especialmente durante operações de regaseificação, como alterações na temperatura da água e potencial liberação de produtos químicos.
  • Apesar de ser uma transição mais limpa, a dependência contínua de gás natural ainda contribui para as emissões de gases de efeito estufa, o que pode não estar alinhado com metas de descarbonização mais ambiciosas.

Em ambas as situações, colocar essas usinas que flutuam em funcionamento de maneira eficaz significa avaliar cuidadosamente sobre benefícios e riscos. 

Também é imprescindível ter atenção aos problemas e resolvê-los de forma proativa, além de assegurar a aceitação da comunidade local. Isso é especialmente crucial quando se trata de usinas nucleares, dada a existência de movimentos contrários, como o conhecido “Not in My Backyard“.

Qual a importância geopolítica das Usinas de Energia Flutuantes?

No cenário global da transição energética, as Usinas de Energia Flutuantes emergem como peças estratégicas capazes de redefinir relações geopolíticas. 

Alguns países podem empregar a estratégia “carrot and stick”, utilizando as usinas flutuantes de energia como ferramenta diplomática. Oferecer o fornecimento de eletricidade proveniente dessas usinas pode servir como incentivo econômico, fortalecendo laços bilaterais e regionais, além de promover o desenvolvimento por meio de acordos comerciais e assistência na construção de infraestrutura – incentivo representado pela cenoura.

No entanto, oo mesmo tempo, a ameaça de interromper ou restringir o fornecimento de energia pode ser utilizada como uma vara diplomática, pressionando outros países a adotarem comportamentos desejados, como a conformidade com padrões ambientais ou a implementação de políticas específicas. Essa abordagem busca equilibrar incentivos positivos e medidas punitivas para moldar o comportamento dos atores internacionais no cenário geopolítico.

Ainda assim, estas inovações não apenas oferecem soluções flexíveis para as crescentes demandas energéticas, mas também desempenham um papel crucial na mitigação de tensões territoriais e no fortalecimento da autonomia energética de nações em desenvolvimento.

Ao posicionar essas usinas sobre corpos d’água, evita-se a dependência de infraestruturas terrestres, minimizando conflitos associados a rivalidades territoriais. Além disso, a mobilidade das UEFs, especialmente as nucleares, possibilita respostas rápidas a emergências, promovendo estabilidade em regiões afetadas por desastres naturais ou crises humanitárias. 

O compartilhamento de tecnologias e iniciativas internacionais no campo das UEFs não só impulsiona avanços energéticos, mas também se torna uma ferramenta de soft power, fortalecendo – ou criando tensões – os laços diplomáticos e ampliando a influência geopolítica de nações detentoras dessa tecnologia. 

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