Em um comunicado de imprensa do dia dia 13/12/2021, a União Europeia anunciou sanções contra a empresa russa Grupo Wagner, uma conhecida empresa militar privada (private military company, PMC ‘s) com fortes conexões com o governo Russo.
Levando ao congelamento de bens de oito indivíduos envolvidos nas ações da empresa, além de três empresas de energia relacionadas, a União Europeia publicou nota dizendo:
“As pessoas incluídas na lista da UE estão envolvidas em graves violações dos direitos humanos, nomeadamente tortura e execuções extrajudiciais, sumárias ou arbitrárias, ou em atividades desestabilizadoras em alguns dos países em que operam, como a Líbia, a Síria, a Ucrânia (Donbass) e a República Centro-Africana. (…) Por estes motivos, o grupo constitui uma ameaça para as populações dos países onde estão presentes, para toda a região e para a União Europeia.”
Conselho da União Europeia, 13/12/2021
O que é o Grupo Wagner: Empresa Militar Privada Russa
O Grupo Wagner, criado em 2013, é composto principalmente por ex-combatentes russos para ações militares. Possuindo participações nos conflitos do leste da Ucrânia, na Síria e com intenção de aumentar sua participação na África Subsaariana.
A empresa ganhou notoriedade após seu envolvimento na desestabilização Ucrânia, nas guerras civis da Líbia e Síria, e na sua participação em ataques hackers às eleições presidenciais dos Estados Unidos. Além disso, algo que influenciou a ação da UE foi as intenções de Mali, colônia francesa, de contratar o grupo para ajudar no combate regional contra os islâmicos.
Investigações dizem que o financiador da estrutura é o residente de St. Petersburg, Yevgeny Prigozhin, que possui relações próximas com o presidente russo Vladimir Putin. Ele, porém, nega qualquer envolvimento, assim como o governo russo.
Na lista de indivíduos sancionados há o ex-tenente-coronel integrante da Central de Inteligência Russa (GRU), acusado de participar como comandante nas ações contra a Ucrânia e um dos fundadores do Grupo Wagner, Dmitry Utkin.
O Ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, disse que a Rússia pode negar qualquer envolvimento, mas não está “enganando ninguém”. Também Josep Borrell, chefe das Políticas Externas da UE, declarou apoio e união à Ucrânia e sua soberania neste conflito.
O uso de PMCs (Private Military Companies) pelo mundo
A contratação privada de PMC’s pelos países em conflitos geopolíticos armados vem crescendo nos últimos anos.
Por se tratar de uma formação empresarial de gestão e formada por ex-militares, são utilizadas para a garantia de segurança, desde patrimonial até combates físicos. Por isso elas são muitas vezes vistas simplesmente como empresas de fornecimento de mercenários.
Sua utilização é favorável aos países, já que se trata de um grupo de mercenários que substituem a função dos soldados e militares nacionais. Assim, a pressão popular, como ocorreu na década de 70 com o movimento anti-guerra, não é de grande influência por não envolver o emocional da população e a perda de familiares.
Além disso, esses mercenários ou “contractors” são muitas vezes bem mais baratos para os países do que treinar e manter tropas regulares.
Dessa forma, países como Rússia e EUA estão fazendo uso destes grupos para estabelecer suas ações militares e conflitos sem grandes complicações políticas.
Mas, o que ocorre com o Grupo Wagner é um envolvimento russo em uma situação já fragilizada geopoliticamente. A Rússia encontra-se em uma posição delicada, já que a UE declarou apoio à Ucrânia e diz estar atenta às decisões russas, estando preparada globalmente para responder.
Portanto, a sanção europeia com relação ao Grupo Wagner é mais um movimento no jogo de xadrez global e político atual de pressão junto .