A China lançou três astronautas em órbita para iniciar a ocupação da sua nova estação espacial.
Os três astronautas passarão três meses a bordo do módulo Tianhe, cerca de 380 km (236 milhas) acima da Terra.
Será a missão espacial tripulada mais longa da China até hoje e a primeira em quase cinco anos.
A tripulação atracou com sucesso na estação espacial pouco mais de sete horas após o lançamento.
A cápsula Shenzhou-12 decolou no topo de seu foguete Longa Marcha 2F no dia 17 de Junho de 2021.
A decolagem do centro de lançamento de satélites de Jiuquan no deserto de Gobi foi às 09:22, horário de Pequim (01:22 GMT).
O lançamento e a missão subsequente são outra demonstração da crescente confiança e capacidade da China no domínio espacial.
Nos últimos seis meses, o país retornou amostras de rochas e solo da superfície escura da Lua para a Terra e pousou um robô de seis rodas em Marte – empreendimentos altamente complexos e desafiadores.
Qual é a missão da primeira tripulação da estação espacial Chinesa?
O objetivo principal do comandante Nie Haisheng e sua equipe na missão Shenzhou-12 é colocar em serviço o módulo Tianhe de 22,5 toneladas.
Este módulo Tianhe é um cilindro de 16,6 m de comprimento e 4,2 m de largura e foi lançado em abril de 2021.
É o primeiro e principal componente do que eventualmente será um posto avançado de quase 70 toneladas orbitando a terra. Ele terá alojamentos, laboratórios de ciências e até mesmo um telescópio da classe Hubble para visualizar o cosmos.
Os vários elementos serão lançados sucessivamente ao longo dos próximos anos. A construção será acompanhada por entregas regulares de cargas, bem como expedições de tripulantes.
A comida, combustível e equipamento que o trio precisará durante sua estada a bordo do Tianhe foram entregues por um cargueiro robótico no mês passado.
Este cargueiro ainda está conectado, e os homens farão o desempacotamento de seus suprimentos sua primeira tarefa assim que se acomodarem. Estão incluídos na entrega dois trajes espaciais de que eles precisarão para realizar caminhadas espaciais no exterior de Tianhe.
Por que o estabelecimento da primeira estação espacial Chinesa é importante?
Nos últimos anos, a China não escondeu suas ambições espaciais.
Ela investiu fundos significativos em seus esforços espaciais e, em 2019, tornou-se o primeiro país a enviar um “rover” sem tripulação para o outro lado (o lado escuro) da lua.
Quanto à estação espacial, a China teve que fazer todo o desenvolvimento sozinha, em parte porque foi excluída do projeto da Estação Espacial Internacional.
Os Estados Unidos, que lideram o desenvolvimento e manutenção da ISS “International Space Station” (Estação Espacial Internacional) com a Rússia, Europa, Canadá e Japão, não cooperarão com a nação asiática em órbita.
Por sua vez, a China diz estar aberta ao envolvimento e participação estrangeira em sua estação. Em primeira instância, isso significa experimentos científicos hospedados pela estação.
Por exemplo, a tripulação da Shenzhou-12 conduzirá experiências sobre o câncer conduzidas da Noruega. E do lado de fora da estação, há um espectrógrafo telescópico desenvolvido pela Índia para estudar as emissões ultravioleta vindas do espaço profundo, de estrelas como as que explodiram há muito tempo.
Mas, a longo prazo, provavelmente também haverá visitas à estação por cidadãos/astronautas não chineses.
A Rússia, que já compartilhou tecnologia no passado com a China, mencionou a possibilidade de enviar seus cosmonautas. Inclusive, a Rússia também já tem ameaçado terminar a parceria com os EUA na ISS em 2025.
Por que há uma nova corrida espacial entre os Estados Unidos e a China?
O espaço está se tornando o quinto “domínio de guerra” (warefare domain). Os outros 4 domínios de atuação das forças armadas são:
- Terra
- Mar
- Céu
- Meio cibernético
O domínio do espaço está se tornando militarmente estratégico pela dependência que as forças armadas e sociedades modernas em geral têm de seus satélites. Os Estados Unidos, assim como muitos outros países avançados, dependem de seus satélites para observação/espionagem de outros países, para localização e navegação de mísseis, aviões, navios de guerra, entre outros grandes sistemas avançados de armas.
Em caso de conflito na terra, países podem destruir satélites inimigos para desorientar suas operações militares. Em 2007 a China lançou um míssil balístico e destruiu um de seus satélites com demonstração de suas capacidades no espaço; assim como para deixar um aviso para seus potenciais rivais.
Sendo assim, uma nova corrida espacial e uma militarização do espaço é esperada nos próximos anos pois quem conquistar esse domínio, terá facilidade e segurança para manter os outros.
Os Estados Unidos, a pesar de ainda usarem a NASA (Agência Espacial Americana) como principal motor de suas ambições espaciais, também contam com a iniciativa privada de empresas como a “Space X” de Elon Musk (fundador da Tesla), para avançar seus esforços e manter o domínio no espaço conquistado desde que pousaram na lua em 1969.
Além de manter a Estação Espacial com astronautas e suprimentos, as principais metas americanas no espaço são as viagens não tripuladas com “rovers” à lua e à marte, e a missão Artemis para colar o homem novamente na lua até 2025.