As comemorações para celebrar os 100 anos do Partido Comunista da China (PCC) já começaram por todo o país. O aniversário oficial de 100 anos é na quinta-feira, dia 1 de julho de 2021.
As celebrações pelo centenário do maior partido do mundo incluem uma enorme apresentação de gala na segunda-feira, uma exibição de material histórico e uma cerimônia de premiação para membros do partido de maior destaque.
O Partido Comunista Chinês (PCC), que chegou ao poder na China há quase 72 anos, foi fundado em 1921.
Com quase 92 milhões de membros, o PCC é a organização política que governa quase todos os aspectos da vida dentro do país e tem a ambição de remodelar a ordem mundial do pós-guerra que até então tem sido capitaneado pelos Estados Unidos e seus valores democráticos-liberal.
Em janeiro de 2021, o presidente da China, Xi Jinping, que também é secretário-geral do Partido Comunista, disse aos quadros dos membros do PPC que independentemente da convulsão mundial, a China era “invencível.”
Xi Jinping ressaltou que: “A julgar pela forma como esta pandemia está sendo tratada por diferentes lideranças e sistemas [políticos] em todo o mundo, [podemos] ver claramente quem se saiu melhor,” em uma reunião na escola central do partido em 11 de janeiro de 2021, cinco dias depois de um multidão enfurecida invadir o Capitólio em Washington. Xi prosseguiu: “O tempo e a história estão do nosso lado, e é aí que reside nossa convicção e resiliência, e por que somos tão determinados e confiantes.”
Os partidários do Partido Comunista argumentam que foi apenas sob sua liderança que a China chegou onde está hoje. A festa – segundo os organizadores – ajudará a concretizar o rejuvenescimento da nação chinesa. É o que Xi chamou de “sonho Chinês.”
Obviamente, oficiais do PCC tentam ignorar acontecimentos não tão positivos, como as tragédias da Revolução Cultural e o “Great Leap Forward” (Grande Salto Adiante) onde milhões foram perseguidos ou morreram de fome.
Por que o aniversário de 100 anos do Partido Comunista Chinês (PCC) é importante?
Como já mencionado acima, o PCC é o partido único mais poderoso do mundo e responsável por governar a segunda maior economia do mundo. Além disso, provavelmente governará em um futuro próximo a maior economia do mundo com uma das maiores forças militares com exceção dos Estados Unidos.
Em outras palavras, o que acontece na China, afeta e afetará ainda mais a vida de quase qualquer ser humano no planeta.
Se houver uma revolução ou o colapso do PCC como ocorreu na União Soviética no final dos anos 80, e dado a integração econômica mundial entre a China (a fábrica do planeta) e o resto do mundo (os consumidores e exportadores de commodities), a consequências negativas para economia mundial e a globalização como um todo, serão imensuráveis.
Como o Partido Comunista Chinês (PCC) se mantem no poder a tanto tempo?
Ele o faz com híbrido de autoritarismo político-ideológico e uma considerável liberdade econômica.
Até o momento, essa combinação tem dado certo. Mas para se manter no poder, o PCC, segundo a revista The Economist, precisa mais especificamente manter uma combinação de crueldade, flexibilidade ideológica, e crescimento econômico.
A crueldade foi mais claramente demostrada durante a resposta armada que resultou no massacre de manifestantes pró-democracia em Tiananmen Square (Praça da Paz Celestial) em 1989. O resultado: A revolução não ocorreu e o PCC ainda está no poder.
A flexibilidade ideológica vem do fato de um partido autointitulado “Comunista” aceita e adota uma economia de mercado relativamente livre, e com um sistema de propriedade privada fundamentalmente universal.
O crescimento econômico garante que a população em geral continue satisfeita, e assim não desafie com protestos e revoltas a liderança e governança do Partido Comunista.
Enquanto estes 3 fatores estiverem presentes, é difícil imaginar uma mudança de governo e por consequência direção da China, sua economia, e seu sistema político.
Como o Ocidente vê a força crescente da China e do PCC especificamente?
A ideia de rivalidade entre a China e o Ocidente pode ser profundamente problemático pois neutraliza a possibilidade de cooperação em problemas mundiais como mudanças climáticas, terrorismo, corrupção internacional, etc…
Não necessariamente o sistema tecno-autocrático (baseado em vigilância eletrônica em massa) da China e o liberal-democrático do Ocidente precisam competir em todos os campos. Inclusive, a União Europeia já classificou a China como um rival sistêmico, mas um parceiro comercial e em problemas globais.
A China também não tem se mantido tímida e vem defendendo cada vez mais o seu sistema de governo como uma melhor alternativa do que as democracias liberais do Ocidente. Além disso, o seu programa mundial de infraestrutura Belt & Road (Nova rota da Seda), a militarização do Mar do Sul da China, e conflitos de fronteira com a Índia, tem demostrado que a China quer se tornar muito mais global.
Então não é surpresa que cada vez mais as administrações Americanas vêm a China como um rival sistêmico em todas as áreas e desde a época do presidente Obama com o seu “pivô ao Oriente” passando por Trump e Biden, têm aumentado a pressão econômica, militar e diplomática contra a China (e o PCC por tabela) quase que conclamando uma nova “Guerra Fria.”
Com economias muito mais entrelaçadas entre os EUA, União Europeia, e China, do que nos tempos da União Soviética, essa nova guerra fria não deve ser lutada, para o bem de todos.