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O Futuro da Geração de Energia com Usinas de Energia Flutuantes – Floating Power Plants

À medida que o mundo enfrenta desafios crescentes na busca por fontes de energia sustentáveis e flexíveis, as Usinas de Energia Flutuantes (UEFs) surgem como protagonistas inovadoras nesse cenário. 

Dessa forma, é importante analisar o papel estratégico e geopolítico das UEFs, analisando seu impacto nas dinâmicas energéticas globais, além dos benefícios e riscos associados às plataformas, especialmente no contexto das usinas nucleares e de GNL (Gás Natural Liquefeito).

Fonte: Wikipedia

O que são as Usinas de Energia Flutuantes 

As Usinas de Energia Flutuantes surgem como soluções inovadoras para a geração de energia, situando-se sobre estruturas flutuantes em corpos d’água. Essas plataformas versáteis abrigam diversas tecnologias de geração, como solar, eólica e até mesmo usinas convencionais. 

Apesar de darmos destaque para as duas últimas, alguns dos tipos dessas instalações flutuantes são:

Dessa forma, o maior uso das Plataformas de Energia Flutuantes representa uma resposta inovadora às demandas energéticas, maximizando o aproveitamento de recursos aquáticos e superando desafios geográficos.

Qual o papel que as Usinas de Energia Flutuantes podem ter na transição energética?

As UEFs, com ênfase nas usinas de Gás Natural Liquefeito (GNL) e nucleares, desempenham um papel estratégico e geopolítico crucial em diversas dimensões:

Usinas Nucleares Flutuantes:

Usinas de GNL Flutuantes:

Portanto, em ambos os casos, as UEFs, ao oferecerem soluções flexíveis para necessidades energéticas, têm o potencial de moldar dinâmicas geopolíticas, influenciando relações entre países e contribuindo para a segurança e estabilidade energética em escala global. 

Países que fazem uso das Usinas de Energia Flutuantes

Diversos países já estão explorando o uso de usinas de energia flutuantes. Alguns exemplos incluem:

Como exemplo do compartilhamento de energia entre países, podemos mencionar a Karpowership, empresa turca, que planeja iniciar a produção de 450 MW de eletricidade na África do Sul em 2024. O Departamento Sul-Africano de Silvicultura, Pesca e Meio Ambiente deu permissão para uma usina de gás natural liquefeito (GNL) em Richards Bay. A África do Sul concedeu a empresa, acesso aos três portos de Ngqura, Durban e Baía de Saldanha por um período de 20 anos.

No entanto, acordos com a empresa portuária nacional ainda precisam ser concluídos, e a empresa busca assinar um acordo financeiro até o final de 2023. Além disso, há planos para duas usinas flutuantes adicionais na África do Sul com capacidade total de 1,2 GW. A Karpowership está em negociações com outros países africanos para fornecer eletricidade, visando abordar a crise energética na região.

A Karpowership, da Türkiye, tem a maior frota de usinas flutuantes do mundo e fornece 100% da eletricidade de Guiné-Bisau, por exemplo. A empresa turca opera em 14 países, principalmente na África.

No caso da Rússia, país pioneiro no uso de uma Usina Nuclear Flutuante – e a única operacional em 2023 – emerge como um avanço notável no cenário energético global, desempenhando um papel estratégico de importância geopolítica e segurança energética. 

Propriedade da Rosatom, a embarcação conhecida como Akademik Lomonosov, desempenha um papel fundamental na garantia de segurança energética em uma das regiões mais remotas e desafiadoras do mundo como a Árctico Russo.

Com uma extensão imponente de 144 metros e alimentada por dois reatores nucleares, a Akademik Lomonosov não apenas quebra fronteiras geográficas, mas também se posiciona como a usina nuclear mais ao norte do mundo. Esse feito não só responde às demandas energéticas cruciais da região, mas também fortalece a independência energética russa, marcando um avanço estratégico em termos de geopolítica.

Entretanto, a usina não está isenta de controvérsias, com grupos ambientais, como Greenpeace e a Fundação Bellona, levantando questões sobre potenciais impactos ambientais no caso de um desastre nuclear ou de vazamento de radiação caso a embarcação venha a afundar.

Apesar disso, a Akademik Lomonosov ainda é uma peça-chave no quebra-cabeça da geopolítica energética, reforçando a posição da Rússia como líder inovadora e estratégica no setor.

Benefícios e Riscos no uso das Usinas de Energia Flutuantes 

Usinas Nucleares Flutuantes:

Benefícios:

Riscos:

Usinas de GNL Flutuantes:

Benefícios:

Riscos:

Em ambas as situações, colocar essas usinas que flutuam em funcionamento de maneira eficaz significa avaliar cuidadosamente sobre benefícios e riscos. 

Também é imprescindível ter atenção aos problemas e resolvê-los de forma proativa, além de assegurar a aceitação da comunidade local. Isso é especialmente crucial quando se trata de usinas nucleares, dada a existência de movimentos contrários, como o conhecido “Not in My Backyard“.

Qual a importância geopolítica das Usinas de Energia Flutuantes?

No cenário global da transição energética, as Usinas de Energia Flutuantes emergem como peças estratégicas capazes de redefinir relações geopolíticas. 

Alguns países podem empregar a estratégia “carrot and stick”, utilizando as usinas flutuantes de energia como ferramenta diplomática. Oferecer o fornecimento de eletricidade proveniente dessas usinas pode servir como incentivo econômico, fortalecendo laços bilaterais e regionais, além de promover o desenvolvimento por meio de acordos comerciais e assistência na construção de infraestrutura – incentivo representado pela cenoura.

No entanto, oo mesmo tempo, a ameaça de interromper ou restringir o fornecimento de energia pode ser utilizada como uma vara diplomática, pressionando outros países a adotarem comportamentos desejados, como a conformidade com padrões ambientais ou a implementação de políticas específicas. Essa abordagem busca equilibrar incentivos positivos e medidas punitivas para moldar o comportamento dos atores internacionais no cenário geopolítico.

Ainda assim, estas inovações não apenas oferecem soluções flexíveis para as crescentes demandas energéticas, mas também desempenham um papel crucial na mitigação de tensões territoriais e no fortalecimento da autonomia energética de nações em desenvolvimento.

Ao posicionar essas usinas sobre corpos d’água, evita-se a dependência de infraestruturas terrestres, minimizando conflitos associados a rivalidades territoriais. Além disso, a mobilidade das UEFs, especialmente as nucleares, possibilita respostas rápidas a emergências, promovendo estabilidade em regiões afetadas por desastres naturais ou crises humanitárias. 

O compartilhamento de tecnologias e iniciativas internacionais no campo das UEFs não só impulsiona avanços energéticos, mas também se torna uma ferramenta de soft power, fortalecendo – ou criando tensões – os laços diplomáticos e ampliando a influência geopolítica de nações detentoras dessa tecnologia. 

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